Dois professores do IFSC foram contemplados com recursos do programa Professores para o Futuro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em todo o Brasil, 32 docentes tiveram propostas selecionadas e puderam participar de um intercâmbio de até cinco meses em instituições da Finlândia, país com um modelo de pesquisa aplicada que tem como base a interação com o setor produtivo e com experiências de educação profissional já consolidadas. De volta ao Brasil, o professor do Câmpus Florianópolis, Fernando Pacheco, e a professora do Câmpus Araranguá, Suzy Pascoali, continuam trabalhando em seus projetos e aplicando os conhecimentos obtidos no exterior.

O professor do Câmpus Florianópolis ficou quatro meses e meio na HAMK Universidade de Ciências Aplicadas, em Hämeenlinna, distante 100 km de Helsinque, onde participou de uma capacitação pedagógica. A proposta do projeto “Um game para eletrônica: desenvolvimento e avaliação” é desenvolver e avaliar um game para motivar jovens a explorar a área de Eletrônica. O desenvolvimento do projeto em si está sendo realizado neste semestre no câmpus e deve ser apresentado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia deste ano.

“A experiência foi excelente e espero que continue em outras edições. Foi importante para conhecer o sistema finlandês de ensino e compartilhar experiências na área de educação profissional. Foi também uma oportunidade rica para conhecer colegas desse ente abstrato para quem está na sala de aula, que é a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, e desenvolver trabalhos em conjunto”, destaca Pacheco. Durante sua permanência na Finlândia, o professor escreveu o blog http://aprendizartifice.blogspot.com.br.

A viagem rendeu ainda um memorando de entendimento entre o IFSC e o HAMK, que possibilitará o intercâmbio de alunos por meio do programa Propicie. Durante a estada na Europa, Fernando também conheceu um professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS), contato que rendeu um piloto de projeto colaborativo envolvendo alunos das duas instituições, nas disciplinas de programação do curso técnico em Eletrônica (IFSC) e Informática (IFMS).

Já a professora Suzy Pascoali, do Câmpus Araranguá, passou cinco meses estudando economia solidária e educação na Tampere University of Applied Sciences. “Conheci algumas cooperativas na Finlândia, entrevistei associações de criadores de renas e entidades que ajudam a estruturar empresas, como o que o Sebrae faz no Brasil. Estou aproveitando essas experiências para aplicar no projeto que eu tenho com os índios Mbyá guarani de valorização da cultura local”, explica.

Suzy conta que na Finlândia há grandes cooperativas criadas no início do século XX e que hoje se estruturam como multinacionais. “ O que eu observei é que na Finlândia as pessoas são bastante reservadas e que as dificuldades em relação ao sistema de economia solidária se dão muito mais com relação a distância geográfica entre as pessoas. No Brasil é diferente, muitas pessoas não aderem a esse sistema por conta de uma forte desconfiança no trabalho em grupo”, relata.

Além da pesquisa sobre economia solidária, a professora teve aulas na Tampere University of Applied Sciences e estudou o sistema de educação finlandês. “Lá há uma cultura de incentivar que os alunos sejam mais independentes. Há vários trabalhos interdisciplinares em que o professor incentiva que os alunos busquem o conhecimento de forma autônoma. Nesse sentido, a responsabilidade de aprender está muito mais no aluno”, destaca a professora.

Suzy já está aplicando parte do método que aprendeu na Finlândia nas aulas do câmpus Araranguá. “O curso me deu muito mais segurança para testar novos métodos e tenho percebido que as aulas deste semestre tem acontecido de forma muito mais fluida. Na Finlândia, eles trabalham Paulo Freire, no sentido de a partir do conhecimento prévio do aluno fazer com que ele aprenda novos conteúdos. Acredito também que para aprimorar a educação tecnológica no Brasil, nós teríamos que investir mais na interação do ensino superior com a indústria. Na Finlândia isso é feito de forma sistemática e dá muito certo”, conclui.

Programa em andamento

Enquanto os professores Fernando e Suzy dão continuidade aos seus projetos no Brasil, a docente do Câmpus Lages, Joelma Kremer, está na Finlândia na segunda edição do programa Professores para o Futuro. Joelma foi uma dos 35 professores selecionados dessa vez com o projeto “Diagnóstico da Elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos pelas Médias e Grandes Empresas de Lages”, que tem o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos.