Formação e debates marcam o primeiro encontro EPE do ano

8. abril 2016 | Escrito por | Categoria: Eventos, Matérias

O primeiro Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (EPE) de 2016, realizado nos dias 29 e 30 de março em Florianópolis, foi um momento de formação, de debates e de conhecer as novas equipes na Reitoria e nos câmpus, na avaliação dos pró-reitores das três áreas. No evento, foram abordados os principais desafios do ensino, da pesquisa e da extensão até 2019 e estratégias para conseguir superá-los.

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Esse foi o primeiro EPE realizado após as eleições de novembro de 2015 para os cargos de reitor e de diretor-geral de 19 câmpus. Por isso, como explica o pró-reitor de Ensino, Luiz Otávio Cabral, ele foi um momento de formação. “Trabalhamos com uma programação mais voltada para o debate e formação. O objetivo foi conhecer, aproximar e capacitar as equipes”, diz. Além do pró-reitor e dos dois diretores da Pró-Reitoria de Ensino (Proen), 17 diretores ou chefes de departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão dos câmpus assumiram seus cargos em 2016.

A pró-reitoria de Extensão e Relações Externas, Maria Cláudia de Almeida Castro, destaca também que o EPE serviu para que a equipe da Reitoria conhecesse as demandas dos câmpus. “Ouvimos muito e fizemos um grande diálogo. Foi muito produtivo”, comemora. A Pró-Reitoria de Extensão e Relações Externas (Proex) promoveu uma avaliação online da área do evento voltado especificamente para a área extensão, que teve retorno de 14 dos 18 participantes envolvidos. “O evento foi bem avaliado”, comenta a a pró-reitora.

Apresentação de nova concepção é destaque na Pesquisa

A Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Proppi) apresentou dois desafios principais, como conta o pró-reitor Clodoaldo Machado: aumentar a quantidade de pesquisadores – estudantes e servidores – do IFSC e mudar o perfil da pesquisa feita no IFSC. “Queremos redirecionar as atividades de pesquisa para o cumprimento das finalidades institucionais que constam na lei de criação dos Institutos Federais [Lei 11.892/2008]”, diz Clodoaldo.

A legislação estabelece as finalidades, características e objetivos dos IFs em seus artigos 6º e 7º. Para a área de pesquisa, destacam-se diretrizes como “realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade” e“promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente”. Por isso, deve haver maior investimento do IFSC em pesquisa aplicada e na articulação da pesquisa com a extensão tecnológica – um edital de fomento a projetos que nessas áreas será lançado ainda neste ano.

A Proppi também vai investir para que haja mais pesquisadores dentro da instituição, ampliando a quantidade de projetos a ser apoiados por editais – mesmo que isso signifique reduzir os valores pagos por projeto, diante dos cortes orçamentários promovidos pelo governo federal. Atualmente, segundo dados do Plano Semestral de Atividades Docentes (Psad-Web), os professores do IFSC dedicam, em média, apenas 1,42h semanal para a pesquisa. Para ampliar os recursos disponíveis para a pesquisa, foi lançada a “Agência de Projetos”, que é, na verdade, um conjunto de ações que visam a aumentar a captação de recursos por parte dos pesquisadores do IFSC em fontes externas de fomento, como editais e empresas.

Ensino vai ter novo setor e ações para tentar melhorar ingresso e permanência e êxito

O Plano Estratégico de Permanência e Êxito (Pepee-IFSC), criado para atender a uma demanda da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec), foi tema do encontro setorial da área de ensino no EPE. As estratégias de intervenção serão elaboradas por comissões constituídas na Reitoria (já criada) e nos 22 câmpus (que ainda serão implantadas). “Vamos trabalhar com um diagnóstico quantitativo e qualitativo da permanência e êxito”, explica o pró-reitor Luiz Otávio Cabral. A intenção é reduzir índices de evasão dos cursos do IFSC.

Definir e regulamentar políticas de ingresso no IFSC são outro desafio para os próximos anos. Para isso, deve ser retomado um grupo de trabalho que trabalhava no tema. Uma das ações deve ser melhorar a maneira como a instituição comunica-se com os potenciais estudantes. “Precisamos melhorar as portas de acesso ao ingresso”, afirma Cabral.

Um apoio que a área de ensino em oito câmpus terá para lidar com questões como essas será um Departamento de Assuntos Estudantis, cuja proposta de atribuições foi apresentada no EPE. “Esse setor deve atuar mais com atividades ligadas ao acompanhamento dos alunos. Com isso, as diretorias de Ensino, Pesquisa e Extensão poderão atuar de maneira mais estratégica”, avalia o pró-reitor. Esse departamento deve ser criado nos oito câmpus que hoje possuem Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão (nos demais, o Depe ainda é departamento): Araranguá, Chapecó, Florianópolis, Florianópolis-Continente, Geraldo Werninghaus, Jaraguá do Sul, Joinville e São José.

A proposta de atribuições foi validada no EPE e no Colégio de Dirigentes. No entanto, deve ser apreciada ainda pelo Conselho Superior (Consup), pois, caso aprovada, vai demandar alteração nos regimentos dos câmpus.

“Curricularizar” é o objetivo da extensão

Inserir a extensão nos currículos dos cursos de graduação do IFSC – ou seja, “curricularizá-la”– é um dos desafios e objetivo da área para os próximos anos. A pró-reitora Maria Cláudia Castro explica que isso pode ocorrer pela inclusão da extensão dentro do planejamento de cada unidade curricular (disciplina), ou com a criação de uma unidade curricular chamada Atividades de Extensão, ou, ainda, por um modelo híbrido desses dois. A meta é que a extensão represente pelo menos 10% da carga horária dos cursos.

A área de extensão pretende ganhar esse espaço não de maneira impositiva, mas sensibilizando estudantes e servidores sobre sua importância. Uma das ferramentas para isso será um curso para extensionistas cujo projeto pedagógico foi apresentado no EPE. “Esse curso vai ajudar o extensionista a entender o que é extensão e como ele deve atuar”, diz a pró-reitora.

O curso e um conjunto de outras ações vão também fazer o que a Maria Cláudia chama de “qualificação” da extensão, a menos conhecida das três áreas que compõem o tripé de atuação dos institutos federais, na visão dela. Uma das ações é tornar o conceito de extensão mais claro para a comunidade interna. “Observamos que na gestão anterior houve uma quantificação muito grande da extensão. Queremos agora qualificá-la”, afirma.

Os servidores da área devem trabalhar, ainda, no apoio à produção de projetos de extensão. “Muitas vezes a pessoa tem uma boa ideia, o projeto não é bem feito e acaba sendo rejeitado pelo avaliador”, conta a pró-reitora. Com esse apoio, a expectativa é de que mais pessoas sejam contempladas nos editais. “Vamos conseguir evitar que sejam contemplados apenas aquelas que já têm facilidade de escrever projetos”, declara.

Outros pontos

Caminho Aberto. A terceira edição da revista de extensão do IFSC, a Caminho Aberto, foi apresentada no EPE, assim como ideias para futuras edições. Entre elas, a de incluir sempre entrevista com um extensionista. Há intenção de aumentar a divulgação da revista e a participação de extensionistas do IFSC  na publicação (que aceita artigos de qualquer instituição do País).

Cepe, Cerfead e RDP. Como havia muitos diretores e chefes de departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão novos, foram apresentados a eles o Regulamento Didático-Pedagógico do IFSC (RDP) e como estão organizados os processos dentro do Colegiado de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). Foi feita também apresentação do Centro de Referência em Formação e Educação a Distância (Cerfead).

Cere. Em alguns câmpus, ainda existe o setor Coordenadoria de Extensão e Relações Externas (Cere), que congrega atividades de extensão com relações externas (comunicação e eventos). A Proex deve fazer um trabalho de sensibilização no Codir para que seja feita separação das duas áreas nos câmpus. “A figura do Cere [coordenador de Extensão e Relações Externas] dificulta o trabalho, pois são muitas atribuições”, avalia a pró-reitora Maria Cláudia Castro.

Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. O IFSC deve criar esse comitê, cuja proposta de regulamentação foi apresentada no EPE. Atualmente, em casos que envolvem pesquisa com seres humanos, a instituição precisa recorrer a comitês de outras instituições, o que causa demora nas respostas. O comitê deve ser formado por meio de processo eleitoral e depois ter seu regimento interno aprovado nos órgãos colegiados do IFSC.

Cortes orçamentários. Além da área de pesquisa, a de extensão também deve estudar a adoção de novos valores para as bolsas, por causa dos cortes orçamentários.

Egressos. Ficou definido que a área de extensão será a responsável pelo acompanhamento de egressos.

Formação de formadores e educação a distância. O IFSC deve se estruturar para oferecer cursos com recursos próprios, por causa das dificuldades orçamentárias que afetam programas do governo federal.

Grupos de Pesquisa. No EPE foi reforçada a ideia de que os pesquisadores devem unir-se em grupos, cuja criação e manutenção devem ser incentivadas pelo IFSC. “A nossa visão é de que a pesquisa deve ser entendida como ato coletivo”, diz o pró-reitor Clodoaldo Machado.

ODS. A área de extensão vai trabalhar para alinhar os projetos da instituição com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Parcerias. A área de extensão vai elaborar nota técnica com procedimentos para pedidos de parcerias, que passarão a ser responsabilidade do Gabinete da Reitoria.

Proeja e programas sociais. Foram levantada a necessidade de ampliar a oferta de cursos Proeja e de programas sociais, como o Mulheres Sim, por meio de editais. Hoje o IFSC ainda está longe de oferecer os 10% de vagas totais de ingresso para cursos Proeja, exigidos pelo Decreto 5840/2006 – esse percentual ficou em 2,32% em 2015, segundo dados do Anuário Estatístico.

Psad-Web. O Plano Semestral de Atividade Docente (Psad-Web) deve ser usado como base para diagnóstico para pensar a evolução de carga horária docente desde sua criação, em 2012.

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