Câmpus realizam atividades referentes ao Setembro Amarelo

29. setembro 2017 | Escrito por | Categoria: Câmpus Joinville, Câmpus Lages, Eventos, Matérias

Sabe aquela tristeza profunda, uma espécie de “dor na alma” e uma vontade imensa de fazer com que isto acabe logo? A proposta da campanha Setembro Amarelo é que se fale abertamente, sem medo e preconceito, sobre o suicídio, prevenção e sinais de identificação. O tema foi abordado nos câmpus Joinville e Lages, com eventos e atividades para debater depressão e suicídio.

Em Joinville, foi realizada em 21 de setembro uma rodada de conversas com equipe do curso de Psicologia da Universidade da Região de Joinville (Univille) e voluntárias do Centro de Valorização da Vida (CVV). A iniciativa partiu dos próprios alunos e ganhou a adesão dos servidores, que se uniram em ações de divulgação do Setembro Amarelo.

A preocupação tem motivo. Segundo informações apresentadas pela psicóloga Maria Gabriela Ramos Ferreira e seus alunos do curso de Psicologia, o suicídio é a segunda maior causa de mortes de jovens de 15 e 29 anos no mundo. No Brasil, dados do Mapa da Violência mostram que a taxa de suicídios nesta faixa etária subiu quase 10% entre 2002 e 2014. Em números absolutos, foram 2.898 suicídios de jovens em 2014. Ainda de acordo com dados oficiais, no total, o Brasil registra 32 suicídios por dia. “Há, pelo menos, um suicídio por semana em Joinville”, informaram.

Como a depressão aparece como o principal motivo para o suicídio, a equipe deu atenção especial ao tema. Por definição, a depressão é um transtorno de humor grave frequente, que pode ocorrer um todas as faixas etárias. É um conjunto de sintomas físicos, emocionais e cognitivos que favorecem para que o quadro permaneça e se agrave ao longo do tempo. “Depressão é uma doença do cérebro, que tem tratamento e cura. É preciso se autoperceber e buscar tratamento, que é feito por meio da associação entre medicação e psicoterapia”, explicou a psicóloga.

Entre os sintomas, destaque para a tristeza profunda, falta de prazer, irritabilidade, agitação ou prostração, ansiedade, distúrbios do sono, excesso ou falta de apetite, pensamento de culpa e sentimento de inferioridade. Conforme as estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 11,5 milhões de brasileiros têm depressão.

Para Maria Gabriela, a campanha Setembro Amarelo vem justamente para fazer uma abordagem interdisciplinar e quebrar o tabu que envolve o suicídio e suas causas. “A socialização é muito importante. Precisamos prestar mais atenção no outro. Fortalecer nossas conexões sociais reais, fora do facebook”, destacou. A discussão no ambiente escolar tem outra vantagem: “a escola precisa instrumentalizar os jovens para que possam lidar melhor com o estresse e a pressão.”

A questão do suicídio teve sequência na palestra da tarde, com as voluntárias do CVV de Joinville, Lilian Fuganti e Eliane Sanfelice, que falaram sobre seu trabalho e orientaram como ajudar familiares e colegas que estão passando por problemas. “Não pode ter medo de perguntar nem evitar o assunto. Escute com atenção e deixe a pessoa falar”, resumiu Eliane. “Falar é a melhor solução”, complementou Lilian.

Este é o lema do CVV, que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat, voip e cartas. “No CVV, a gente ouve com atenção, com afeto, sem julgar, sem discriminar. Não damos atenção ao problema, mas ao que a pessoa está sentindo”, explicaram.

Para as voluntárias, este deveria ser um procedimento normal na vida. “A gente precisa olhar o próximo, valorizar o outro”, enfatizam. Segundo Eliane e Lilian, quando a gente se doa de forma verdadeira e incondicional consegue dar o apoio emocional que o outro precisa para desabafar suas dores, enxergar os problemas com mais clareza e buscar ajuda.

Para os estudantes Maria Eduarda Nascimento, Luana Borgonovo de Oliveira, Pedro Alfonso dos Santos Contreras e Daniel Francisco Anheli, do curso técnico integrado em Mecânica, as palestras foram muito importantes. “As pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que alguém próximo está com ideias suicidas, que precisa de ajuda”, explicaram. “No semestre passado, enfrentamos algumas situações de muita pressão e vimos que muitos colegas precisavam de apoio.”

Além das palestras, a comunidade escolar inteira se mobilizou na distribuição de mensagens positivas, fitas amarelas e cartazes de orientação e em ações para tornar o ambiente mais agradável e facilitar a conversação.

Lages

foto tanqueNo Câmpus Lages, houve atividade de confraternização, debate, palestra e exibição de filme em sala de aula como atividades do Setembro Amarelo.

A confraternização ocorreu em 24 de setembro (domingo), no Parque Jonas Ramos, no centro da cidade, com um piquenique do qual participaram alunos e servidores do câmpus e professores de Moçambique que estão fazendo capacitação no IFSC por meio de cooperação técnica.

A professora de língua inglesa Ana Maria Rober trabalhou com as turmas de Análise Químicas 2 e Informática I o filme “As vantagens de ser invisível” (EUA, 2012) e, junto a professora Luciane Bittencourt, um episódio da série da Netflix “13 Reasons Why”. Foi feita uma introdução sobre a temática
do Setembro Amarelo e a contextualização das obras. Depois os alunos assistiram ao filme e discutiram a respeito da história narrada e das questões abordadas como, por exemplo, a depressão e o suicídio. Nesse momento, os alunos tiveram a oportunidade de demonstrar a sua leitura das obras e o grupo pode discutir os dilemas e questionamentos experimentados por adolescentes (alguns retratados no filme), que podem levar ao suicídio.

“Considero o cinema ou as obras fílmicas recursos valiosos para explorar questões relevantes com as turmas, bem como para trabalhar aspectos linguísticos (no caso da língua estrangeira). O cinema, a literatura e outras artes, mostram outras realidades possíveis e também retratam situações da vida real, possibilitando a reflexão acerca de temas relevantes”, diz Ana.

Aula prof FabianeA professora Fabiane Tripoli Venção também realizou um debate sobre o tema, com o objetivo de conversar a respeito, já que o assunto é considerado tabu. Foram mostrados dados e exibido um clipe da série da Netflix 13 Reasons Why, que trata de temas como bull ying na escola, falta de diálogo na família, traição, estupro, e claro, o suicídio. Logo após, foram formados grupos e cada um abordou uma questão. Falou-se sobre o que existe por trás do suicídio, qual o papel da família nesse assunto, se o bullying pode levar uma pessoa a querer tirar a sua vida, entre outros assuntos.

“Acredito que uma atividade como essa faz com que todos reflitam, aqueles que nunca pensaram no assunto e aqueles que por alguma razão se sentem deprimidos. O principal problema abordado foi a depressão e o que leva a isso. E foi importante porque elencamos várias razões para sermos felizes e plenos com nossa vida. Particularmente, gostei muito porque os alunos foram muito participativos”, conta Fabiane

Para o aluno Igor Caon de Matia, do curso de Biotecnologia módulo 2, a experiência foi válida. “Isso fez com que refletíssemos sobre o assunto que é de extrema importância e que qualquer um pode passar. Ajudas como essa, podem motivar uma pessoa a vencer cada passo e seguir adiante, pois temos apenas uma vida e sendo mais positivo teremos mais motivações.”

conversaSeguindo com as atividades da programação do Setembro Amarelo, na terça-feira (26), foi realizada uma roda de conversa no auditório do Câmpus Lages do IFSC, com a aluna Giseli Martins, o convidado Eder Branco e a psicóloga e gerente de saúde mental da Prefeitura de Lages, Janaína
Schlickmann de Souza. As experiências e informações foram trocadas com alunos e servidores do câmpus. Já na quarta-feira (27), aconteceu no auditório do câmpus a palestra “Precisamos falar sobre suicídio”, com o psicólogo Tadeu Sputz, também com a presença de alunos e servidores.

Sul do Estado

Em Criciúma, alunos dos cursos técnicos integrados do Câmpus assistiram a uma palestra com a psiquiatra Morgana Sonza Abitante. A atividade foi organizada pela Coordenadoria de Assuntos Estudantis e pela psicóloga organizacional do Câmpus, Clarice Venâncio. “Antes, havia o mito de que falar sobre suicídio, principalmente na mídia, poderia estimular as pessoas. As pesquisas têm mostrado que quanto mais a gente fala, mais as pessoas se sentem acolhidas e podem procurar o sistema de saúde para tratamento. Reduzir o estigma reduz o preconceito”, disse Matheus Bocardi, psicólogo do IFSC.

No Câmpus Araranguá, o mês inteiro foi dedicado a debates, apresentações culturais e exibições de filmes. Estudantes dos cursos técnicos integrados apresentaram trabalhos sobre o suicídio na literatura e no cinema. Houve espaço para rodas de conversa, palestra com o Centro de Valorização da Vida de Criciúma, atividades físicas e até mesmo show de talentos. Tudo com o objetivo de promover saúde e bem estar.

“Consideramos importante falar sobre suicídio, que ainda é um tabu, e dar espaço para outras formas de lidar com o problema. A ideia é acolher o sofrimento e promover saúde. Algumas atividades foram voltadas à promoção de saúde porque, cuidando da qualidade de vida, a escola estará prevenindo questões de suicídio”, explica a psicóloga Julyelle Conceição. A programação do Setembro Amarelo no Câmpus Araranguá foi organizada pelo GT de Temas Transversais.

Reportagem Joinville – Liane Dani | Jornalista IFSC
Reportagem Lages – Débora Vargas | Estagiária de Jornalismo IFSC
Reportagem Sul – Daniel Cassol | Jornalista IFSC

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