“Foco na permanência e êxito significa assumir a função social do IFSC”

17. outubro 2018 | Escrito por | Categoria: Eventos, Gestão, Matérias

Pensar políticas, estratégias e ações que promovam a permanência e o êxito dos estudantes pressupõe pensar, também, a democratização do acesso e a qualidade da educação para todos. Esta foi uma das ideias centrais trazidas pela pedagoga Nilva Schroeder, pedagoga do Câmpus São José atualmente em colaboração técnica no Instituto Federal de Brasília (IFB), em sua fala aos participantes do primeiro Encontro de Permanência e Êxito do IFSC. “Colocar o foco na permanência e êxito significa assumir a função social da instituição, que é consolidar o direito à educação e promover a aprendizagem de todos os estudantes. Esse é um enfoque positivo, propositivo, de reconhecimento e fortalecimento das boas práticas”, salienta.

encontro_permanencia_exito_nilvaNilva ressaltou que, embora o Plano de Permanência e Êxito tenha sido elaborado em função de uma demanda do Tribunal de Contas da União (veja abaixo), a resposta da instituição deve ser dada para toda a sociedade, por meio do envolvimento de todos os servidores. “Cada servidor precisa se envolver e se enxergar nesse grande trabalho. Deve poder dizer ‘eu participei desse trabalho'”, provocou. Ela também enfatizou que não é suficiente atuar sobre o problema do abandono, da evasão e da retenção já instalados. “Precisamos conhecer as causas da evasão e da retenção, mas vamos atuar de forma preventiva. Na prática, significa dizer que cada professor e cada técnico-administrativo irá realizar seu trabalho diário, entendendo suas responsabilidades e contribuindo para a permanência e o êxito dos estudantes.”

Nesse processo, o sentimento de pertencimento é fundamental. Mesmo que políticas de assistência estudantil deem apoio material que favoreça a permanência do aluno, como auxílio financeiro ou alimentação, muitas vezes isso não é suficiente para que ele se sinta acolhido e pertencente à comunidade escolar. “O sentimento de pertencimento é uma das condições fundamentais para promover a permanência e o êxito. Implica o reconhecimento da realidade dos jovens e adultos trabalhadores, aprimorar os processos de ensino e aprendizagem, compreendendo a multiplicidade de fatores que favorecem a aprendizagem”, observou Nilva. “É preciso perguntar, sempre, o que faz o estudante permanecer no curso com êxito. Ambientes acolhedores, servidores atentos e dispostos a ouvir e compreender as queixas dos estudantes, por exemplo, podem ser determinantes para uma decisão de permanecer e superar dificuldades”, enfatizou.

Plano de Permanência e Êxito

Nilva Schroeder percebeu entre os participantes do encontro uma grande sensibilidade em relação às questões relacionadas à evasão e à retenção. “O grande desafio no processo de construção do Plano de Permanência e Êxito é mobilizar os servidores e os estudantes, para que as ações respondam às expectativas e necessidades das pessoas. Então, é preciso utilizar estratégias que promovam o diálogo, para identificar essas necessidades e expectativas”, disse.

Antes da participação da pedagoga Nilva no encontro, o pró-reitor de Ensino do IFSC, Luiz Otávio Cabral, apresentou os principais pontos do Plano Estratégico de Permanência e Êxito (PPE-IFSC), documento aprovado por meio da Resolução nº 23 do Conselho Superior (Consup), em 21 de agosto de 2018. Elaborado ao longo de dois anos a partir de demanda da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), que por sua vez atendeu determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o Plano traz um estudo detalhado sobre os aspectos relacionados a permanência/êxito e evasão/retenção no IFSC, além de um diagnóstico que identifica as principais causas que levam os estudantes a não concluir os cursos que iniciaram.

De acordo com dados apurados pela Setec considerados no Plano, a taxa de evasão no IFSC entre 2009 e 2017 foi de 44%. Segundo a mesma fonte, os cursos com maior índice de desistência são os Proeja, licenciaturas, técnicos concomitantes e técnicos subsequentes. Além de fatores socioeconômicos, aspectos como valorização da formação no mercado profissional, habilidade de estudo, questões familiares e adaptação à vida acadêmica são identificados como dificultadores. “O problema da evasão e da retenção é multifatorial. A realidade socioeconômica do aluno é determinante, mas resolver somente esse fator não dá conta do problema”, observou Cabral.

O Plano traz também uma série de medidas a serem implementadas para trabalhar a permanência e o êxito dos estudantes, a maior parte delas alinhadas aos objetivos e iniciativas estratégicas do Plano de Desenvolvimento Institucional 2015-2019. A partir do lançamento do Plano de Permanência e Êxito, terá início o trabalho das comissões locais e da Comissão de Acompanhamento de Permanência e Êxito (Cape), esta com representações das pró-reitorias, do Gabinete, de cinco câmpus (um de cada região) e dos estudantes.

Para consultar a íntegra do PPE-IFSC (Resolução Consup 23/2018), acesse a o SIGRH.

Por Ana Paula Lückman | Jornalista do IFSC

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