Há dez anos, o Brasil reconheceu a língua brasileira de sinais (libras) como meio legal de comunicação e expressão. Em abril de 2012, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei nº 10.436. Essa decisão gerou diversas mudanças no País, entre elas, a criação da primeira escola bilíngue (Libras/Português) da América Latina que é o Campus Palhoça-Bilíngue do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC).

O diretor-geral do Campus Palhoça-Bilíngue, Vilmar Silva, explica que, antes da lei, apesar do Brasil ser considerado um país “plurilingual”, na prática apenas a Língua Portuguesa era reconhecida. “A lei foi uma conquista, pois reconheceu oficialmente a Libras e tornou mais fácil o aprendizado dos surdos nas escolas”, destaca.

Segundo o professor, antes da lei, Santa Catarina não contava com nenhum intérprete Libras/Português. Atualmente, existem cerca de 400 profissionais trabalhando na rede estadual de ensino. Outra mudança foi o número de surdos nas universidades. Em 2002, eram cerca de 300 estudantes surdos em todo o País fazendo um curso superior. Hoje são mais de 6 mil – de acordo com Vilmar.

Nesse contexto, foi criado o Campus Palhoça-Bilíngue que funciona desde 2010 em sede provisória na Faculdade Municipal de Palhoça. As obras do campus estão em andamento e ficarão prontas no segundo semestre de 2012.

O Campus Palhoça Bilíngue é a primeira unidade de ensino totalmente voltada para a oferta de educação profissional bilíngue – Libras/Português – na América Latina. “O campus tem dois focos: ofertar ensino para o público surdo e capacitar as pessoas para trabalhar com o público surdo”, explica Vilmar.

Para comemorar os 10 anos da Lei da Libras, o campus promoveu atividades para alunos e servidores nesta quinta-feira (25). Para os alunos será promovido um café nos turnos vespertino e noturno num momento de confraternização e reflexão. Já os servidores participarão de palestras.

Atualmente, o Campus Palhoça-Bilíngue atende cerca de 130 alunos – entre surdos e ouvintes – que fazem cursos de qualificação e o curso técnico de de Materiais Didáticos Bilíngue – Libras/Português, inédito no País. A primeira turma do curso começou a estudar no ano passado. Com duração de um ano, o curso visa a formar profissionais capacitados em produzir materiais didáticos destinados a pessoas usuárias da Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Estes recursos podem apoiar o processo de ensino-aprendizagem em vários níveis escolares, especialmente na educação infantil, onde a aquisição da língua de sinais é primordial”, explica Vilmar.

A estimativa é que a unidade bilíngue atenda a cerca de 1,2 mil alunos presenciais e a distância.