Campus Itajaí terá laboratório nacional de pesquisas sobre biotoxinas marinhas

11. maio 2012 | Escrito por | Categoria: Câmpus Itajaí, Governo Federal, Matérias

O Campus Itajaí vai receber um laboratório da Rede Nacional de Laboratórios do Ministério da Pesca e Aquicultura (Renaqua), lançada oficialmente na quarta (08/05), em Brasília. No evento, foi formalizada também a implantação do Programa Nacional de Controle Higiênico-sanitário de Moluscos Bivalves (PNCMB), que visa a  garantir qualidade à produção nacional destes moluscos, tornando mais seguro às pessoas consumirem espécies como ostras, mariscos e vieiras. Em todo o País, quatro laboratórios vão atuar na primeira fase do projeto, sendo dois deles em Santa Catarina.

O laboratório do Campus Itajaí vai ter como foco a análise da presença de biotoxinas marinhas em moluscos bivalves (ostras e mariscos, por exemplo). Os exames laboratoriais irão beneficiar os produtores de duas formas. Por um lado, medidas preventivas poderão ser tomadas antes que algum plantel de cultivo seja prejudicado por micro-organismos patogênicos e biotoxinas marinhas. Por outro, o mercado interno de pescado poderá ser aquecido pelo maior consumo e a certificação da qualidade poderá abrir a porta de mercados internacionais. O consumo e a produção de pescados no Brasil terão incentivos para crescer nos próximos anos.

A reitora Maria Clara Kaschny Schneider participou da solenidade em Brasília e conta que o laboratório do Campus Itajaí vai receber cerca de R$ 3,3 milhões em recursos do governo federal para ser implantado. “Fomos escolhidos porque temos importantes pesquisadores da área. Essas pesquisas vão ajudar a agregar valor aos produtos. Para Santa Catarina, por ser um grande produtor de pescados, é um trabalho muito importante”, avalia. O laboratório vai ser instalado no mesmo terreno onde ficará a sede definitiva do campus, no bairro Ressacada.

O secretário de Monitoramento e Controle do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Américo Tunes, mostrou no evento como vão operar o programa e a rede. No caso da Renaqua, as atividades obedecerão às normas de qualidade ISO 17.025, aceitas internacionalmente. O laboratório central (Aquacen – Saúde Animal) ficará na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O laboratório da Universidade Estadual do Maranhão irá diagnosticar enfermidades de crustáceos. Já o segundo laboratório catarinense, situado em Joinville, será administrado pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola do Estado (Cidasc), do governo estadual, e vai cuidar do diagnóstico de enfermidades de animais aquáticos. Outros laboratórios públicos ou privados irão reforçar depois a rede, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Norte, neste caso considerando o potencial aquícola da região Amazônica.

O Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ênio Antônio Marques Pereira, presente à solenidade, destacou que as iniciativas do governo federal irão dar “ um suporte mais científico para os investimentos na aquicultura”. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, destacou o potencial nacional para a produção aquícola. “O País tem 2.8 vezes mais água doce renovável do que a China, que produz 20 milhões de toneladas na piscicultura de água doce, enquanto ainda produzimos apenas 300 mil toneladas, então dá para ver claramente o nosso potencial.”, disse. E lembrou que ainda o Brasil conta com uma costa extensa e 2,5 milhões de hectares de águas estuarinas para produzir.

O professor Mathias Schramm, do Campus Itajaí, acompanhou o evento em Brasília e coordena a implantação do projeto. Abaixo, ele explica mais detalhes do projeto.

Recursos
O laboratório vai ter um investimento de 3,3 milhões ao longo de três anos e meio, até dezembro de 2015. Esses recursos serão destinados à compra de equipamentos sofisticados como sistema de cromatografia líquida acoplado a espectrômetro de massas, usado para identificação e quantificação das ficotoxinas presentes na carne dos moluscos.

Implantação
A partir de agora, haverá um período para adequações de infraestrutura, compra de equipamentos e materiais, e um prazo para implementar o sistema de gestão e certificação da qualidade do laboratório, que deve ser de um ano e meio. Há uma página do laboratório na internet sendo montada (www.algasnocivas.pro.br), além de um perfil no Facebook.

No exterior
Outros países já fazem o monitoramento de algas nocivas e ficotoxinas há muitos anos, como Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia e vários dos integrantes da União Europeia. “Talvez o país que tenha o sistema mais próximo do ideal seja a Espanha, na região da Galícia, maior produtora de mexilhões do mundo”, conta Mathias. Lá existe o Instituto Tecnológico para o Controle do Meio Marinho da Galícia (Intecmar), instituição responsável por fazer o monitoramento do ambiente e dos produtos cultivados naquela região. Além de algas e toxinas, ela monitora microrganismos, substancias contaminantes como pesticidas e metais pesados, além de parâmetros físicos, químicos e biológicos ambientais.

Tipos de análises
Serão feias análises de diferentes síndromes pelo consumo de moluscos, como toxina amnésica de frutos do mar (ASP), toxina paralisante de frutos do mar (PSP), toxina diarreica de frutos do mar (DSP), toxina neurotóxica de frutos do mar (NSP), além da análise de azaspirácidos (AZP). O objetivo principal é a segurança alimentar do consumidor de moluscos. Os produtores também serão beneficiados, pois o sistema de monitoramento dá certa garantia de que os moluscos estão livres de contaminação por biotoxinas.

Equipe
“Somos atualmente 3 professores com boa experiência neste tema, além de uma técnica de laboratório. Outros dois pesquisadores compõem o grupo, através de projeto”, explica Mathias.

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