Alunos e professores de cursos Proeja trocam experiências

18. maio 2012 | Escrito por | Categoria: Câmpus Florianópolis-Continente, Matérias

A escolaridade insuficiente sempre foi o maior empecilho para que Marli Rodrigues da Silva (à esq.), 48 anos, realizasse seu sonho de tornar-se cozinheira profissional. “Eu julgava saber cozinhar, mas sabia que existe uma diferença muito grande entre saber cozinhar e ser uma cozinheira profissional. E em todas as oportunidades que eu buscava, a falta de estudo me barrava”, conta ela. Sua vida deu uma verdadeira guinada no dia em que ela viu em um noticiário de TV local que o IF-SC estava com vagas abertas para cursos que aceitavam inscritos com o Ensino Fundamental incompleto. “Para mim, aquilo foi um sonho. Era o início da realização do meu sonho”, descreve.

O curso em questão era o Proeja FIC Cozinha do Campus Florianópolis-Continente, ofertado em parceria com a Prefeitura de Florianópolis. Marli foi uma das participantes da I Mostra Pedagógica Proeja 2012, que reuniu cerca de 80 alunos e professores que atuam em cursos Proeja no IF-SC, bem como das instituições parceiras. “Com a mostra nós buscamos sistematizar os trabalhos de todas as turmas, para promover uma troca de experiências entre os alunos e professores que atuam nessa modalidade”, define a coordenadora do Proeja do Campus Florianópolis-Continente, professora Berenice Giehl Zanetti. Ela destaca a importância social desse tipo de programa, que dá oportunidade para que pessoas que estão fora da idade escolar regular concluam seus estudos e recebam capacitação profissional. “É uma grande oportunidade de crescimento para nossos alunos. O retorno que nós, professores, recebemos também é muito grande”, ressalta.

O campus Florianópolis-Continente tem hoje cinco turmas de Proeja em andamento – quatro técnicos e um FIC -, ofertados em parceria com o Campus Florianópolis, com o governo do Estado e com a Prefeitura de Florianópolis. Para a coordenadora-geral do Proeja no IF-SC, professora Elenita Eliete de Lima Ramos, a Mostra Pedagógica foi um passo para a consolidação do programa na instituição. “O Campus Florianópolis-Continente é pioneiro nesse tipo de oferta e serve como exemplo a ser seguido por outros campi”, afirma. Hoje, 11 campi oferecem cursos Proeja no Instituto Federal de Santa Catarina.

Os testemunhos dos alunos refletem a importância social do programa. “Minha vida mudou completamente desde que voltei a estudar”, afirma Marli, que precisou sair do emprego de doméstica para poder estudar e hoje trabalha como auxiliar de cozinha em um restaurante no Centro de Florianópolis. “Eu precisei sacrificar meu emprego na época, mas hoje estou numa boa colocação, e só consegui isso porque estava estudando”, conta. “Quando eu disse para meu chefe que era aluna do IF-SC, ele me contratou na hora”, lembra. Ela destaca também o valor da convivência com os professores e colegas de turma: “São todos muito importantes para mim, pessoas maravilhosas. Eu convivo mais com eles do que com a minha família, que mora longe. Meus colegas são minha outra família”, elogia.

A convivência e o compartilhamento de experiências no ambiente do curso também é ressaltada por Maria Delordes Kuhn (à dir.), 57 anos. Casada, mãe de quatro filhos e avó de cinco netos, ela parou os estudos na sexta série do Ensino Fundamental, em 1970, quando engravidou. “Voltar a estudar a essa altura da vida muda muita coisa e melhora a autoestima”, afirma. A experiência com o curso Proeja FIC Cozinha despertou o desejo de continuar estudando: depois da formatura, ela pretende fazer um curso técnico também na área da gastronomia.

Quem resolve retomar os estudos no Ensino Médio faz relatos semelhantes. “Depois que voltei a estudar, muita coisa mudou na minha vida, e para melhor”, afirma Cláudia Maria Pacheco (abaixo, à dir.), 38 anos, que parou de estudar quando concluiu o Ensino Fundamental, em 1990. Divorciada, mãe de quatro filhos, ela procurou o IF-SC há cerca de um ano para se inscrever no curso Proeja Técnico em Panificação e Confeitaria, por incentivo do patrão. “Antes eu só trabalhava, era uma pessoa muito tímida. Hoje com a convivência com os colegas e professores eu me sinto muito mais preparada”, compara. Depois de 22 anos longe da escola, ela não tem dúvidas: quando tiver o certificado de técnica nas mãos, vai fazer um curso tecnológico na mesma área. “Agora eu não paro mais”, orgulha-se.

Apesar da idade e dos tempos diferentes, a história de Cláudia tem muito a ver com a de Danilo Gabriel de Carvalho, 18 anos, também aluno do Proeja Técnico em Panificação e Confeitaria do Campus Florianópolis-Continente. Ele reconhece que não se interessava pela escola regular – tanto que desistiu dos estudos após concluir a 8a série do Ensino Fundamental. Estimulado pelo pai, que é engenheiro eletricista e técnico em Eletrotécnica formado pelo IF-SC, Danilo resolveu retomar os estudos no Proeja. “Escolhi o curso de panificação porque quando morei sozinho comecei a me interessar por cozinha. E fazer um curso técnico abre muitas portas. O meu pai é engenheiro, mas o trabalho dele hoje se deve à formação como técnico”, conta.

As turmas participantes da Mostra Pedagógica apresentaram trabalhos elaborados a partir do conteúdo trabalhado nas aulas. Os alunos do Proeja Técnico Serviço de Bar e Restaurante, por exemplo, mostraram uma mesa de jantar onde as louças e demais utensílios estavam identificados em inglês. O grupo do curso Proeja Técnico Panificação e Confeitaria organizou um painel com os resultados de uma pesquisa sobre os produtos típicos de padarias de confeitarias das cinco regiões do Brasil, feito nas aulas de Geografia.

A mostra funcionou também como uma espécie de prévia para a participação do Proeja do IF-SC no II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, que acontece de 28 de maio a 1 de junho, no Centrosul, em Florianópolis. O debate “Experiências integradoras em Proeja”, que vai ampliar a troca de experiências entre cursos Proeja dos campi Florianópolis-Continente e Chapecó, está marcado para as 14h do dia 31 de maio, na sala 22 da ala sul da Passarela Nego Quirido.

Tags:

2 comentários até o momento. em "Alunos e professores de cursos Proeja trocam experiências"

  1. Letícia Ribeiro disse:

    Tia Marli lindona na foto…

    Mulher guerreira, talentosa que eu admiro muito.
    Esta oportunidade com todo certeza foi um presente de Deus
    para aperfeiçoar o Dom que ela já tem.
    Sei que ela irá longe, muitas conquistas a esperam…
    Bjooo grande!! Parabéns pela linda entrevista.

    Letícia Ribeiro

  2. Jucelio Kulmann de Medeiros disse:

    Dá-lhe Bere!
    É ótimo ver colegas comprometidos com a instituição e que fazem a diferença!
    O sucesso dessa modalidade no Campus Continente passa pela Profa. Berenice, e felizmente acaba na sala de aula, com nossos bravos alunos.