Um projeto de extensão desenvolvido por professoras e alunos do curso técnico de Enfermagem do Campus Florianópolis do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) foi premiado no I Simpósio Catarinense de Promoção da Saúde organizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no início deste mês. Durante dois anos, a equipe realizou ações de educação em saúde em uma comunidade de remanescentes quilombolas no município de Paulo Lopes. O objetivo foi acompanhar as pessoas que apresentaram valores elevados ou com diagnóstico prévio de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus.

O pôster premiado foi feito pelas professoras Gerusa Ribeiro, Rosane do Prado, Juliana Nóbrega e Rafaela Valcarengu. Mas o trabalho envolveu também estudantes do IFSC. “Conseguimos inserir nossos alunos com os seus projetos integradores e fortalecer a pesquisa no grupo”, destaca Gerusa.

De acordo com a professora, a equipe trabalhou desde 2010 com ações educativas que visavam atender às necessidades previamente diagnosticadas pelo grupo de professores, consolidando ações mais específicas como prevenção da doença hipertensiva e do diabetes mellitus identificados naquela comunidade. O planejamento das ações e as orientações educativas e preventivas foram realizadas por meio de palestras ,teatros, oficinas e entrevistas, integrando as famílias e a equipe. “ A promoção em saúde permeia as ações de prevenção em saúde,o que muitas vezes não é compreendido para os envolvidos pois estamos em uma sociedade muito centrada na biomedicina e necessitamos melhorar as ações em prevenção”, conta Gerusa.

A conclusão do grupo foi que a informação em saúde gera mudanças que permitem as pessoas se prevenirem e evitarem problemas a longo prazo. Para Gerusa, o trabalho foi uma experiência marcante. “O grupo era coeso, participativo e motivado para as ações e o crescimento pessoal tanto dos alunos quando dos professores é imensurável”, afirma.

Sobre o projeto de extensão

O trabalho realizado junto a comunidade de quilombolas consiste no primeiro polo de extensão do IFSC, que congregou projetos articulados entre si, de áreas diferentes, em benefício da população. Para alcançar este objetivo, sete campi do IF-SC trabalharam em conjunto. Além da equipe do Campus Florianópolis, fizeram parte da iniciativa servidores da Reitoria e dos campi Araranguá, Florianópolis-Continente, Garopaba, Jaraguá do Sul, Joinville e Palhoça-Bilíngue. Clique aqui para ler mais sobre o projeto.

Sobre a comunidade

Localizada a 50 quilômetros de Florianópolis, a comunidade de remanescentes quilombolas de Santa Cruz – também conhecida como “a Toca” – tem 128 habitantes, que moram em 24 casas dispostas ao longo de uma estrada de terra de cerca de um quilômetro. Os moradores fazem parte de três núcleos familiares que se autorreconheceram como quilombolas.

As comunidades quilombolas são grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas e com ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida, conforme Decreto nº 4887/03. Essas comunidades possuem direito de propriedade de suas terras consagrado desde a Constituição Federal de 1988.