A primeira oferta do curso de especialização em educação de surdos, oferecido pelo Campus Palhoça-Bilíngue (Libras/Português) do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), surpreendeu pela procura. Para cada uma das 32 vagas, 10 candidatos se inscreveram. O curso tem por objetivo propiciar conhecimentos teóricos e práticos que abordem aspectos políticos, culturais e pedagógicos relevantes à educação de surdos

O diretor-geral do campus, Vilmar Silva, ficou impressionado ao ver que professores que atuam em sala de aula com alunos surdos de várias regiões de Santa Catarina se inscreveram. “O curso acabou movimentando todo os estado de Santa Catarina – tanto professores surdos quanto professores ouvintes – e isto é muito interessante porque mostra a importância deste curso”, afirma.

Esse é o primeiro curso de especialização oferecido pelo Campus Palhoça-Bilíngue, a primeira escola desse tipo da América Latina. “A ideia foi criar um curso que pudesse discutir as questões pedagógicas, políticas e culturais vinculadas a educação de surdos, principalmente aquelas relacionadas ao ato de ensinar e aprender”, explica. O curso terá duração de três semestres em unidades curriculares, sendo 240 horas presenciais e 120 horas a distância.

Para se candidatar ao curso, era preciso ter concluído a graduação em cursos de Pedagogia, Serviço Social, Psicologia, Educação Especial, Fonoaudiologia, Fisioterapia ou Licenciatura. A primeira turma conta com 32 alunos, sendo dois surdos.

Esse composição foi aleatória, uma vez que podiam se inscrever tanto alunos surdos quanto ouvintes e a seleção foi por sorteio público. Mas para a próxima turma, o campus está propondo um outro modelo de ingresso. “A intenção é que a classificação seja feita via a construção de questionário de ingresso que priorize o nosso público- alvo”, conta Vilmar.

Sandra Lucia Amorim, de 48 anos, foi uma das sorteadas para cursar a primeira especialização do Campus Palhoça-Bilíngue. Formada em Pedagogia (UDESC) e em Letras/Libras (UFSC), Sandra é atualmente a presidente da Associação de Surdos da Grande Florianópolis (ASGF) e ainda atua como professora de libras.

A professora decidiu se inscrever na especialização na última hora após ser informada do curso por uma de suas alunas.”Gostei do tema ‘Educação de Surdos: Aspectos Políticos, Culturais e Pedagógicos’, pois combina do meus trabalhos”, explica.

Sandra é uma das alunas surdas dessa primeira turma. E as expectativas para o curso são grandes. “Espero ampliar meus conhecimentos e contribuir com as comunidades surdas para melhorar a transformação da sociedade”, conta.

As aulas da especialização estavam previstas para começar em agosto. Mas em função da greve no IFSC, o calendário será modificado no campus. A data de início será definida apenas quando a paralisação for encerrada – ainda sem previsão.