Abertura da Semana da Consciência Negra debate evidências do racismo
20. novembro 2012 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, Eventos, MatériasRefletir sobre as condições de vida do negro e o seu papel na sociedade. Esses são as principais propostas da II Semana da Consciência Negra do Campus Florianópolis, que começou nesta segunda-feira, dia 19. O evento conta com palestras, exposições apresentações artísticas e exibições de vídeos e vai até sexta-feira, dia 23, no campus. Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
Na abertura do evento, a reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider, lembrou que são momentos como a Semana da Consciência Negra que permitem que o debate sobre ações institucionais de combate à discriminação. “Temos o compromisso de resgate da identidade racial, por isso temos que conhecer o tema e agir para permitir uma ação efetiva da instituição”, destaca.
Para o diretor-geral do Campus Florianópolis, Maurício Gariba Júnior, as atividades realizadas durante a Semana representam a mudança que está em andamento na sociedade. “Tivemos uma sociedade escravocrata durante séculos e, aos poucos, precisamos caminhar em direção ao que nossa Constituição determina, que é uma sociedade livre, justa e solidária”, afirma.
Após a abertura do evento foi realizada uma apresentação cultural com o ator João Batista, da Fundação Franklin Cascaes, que interpretou poesias de Cruz e Sousa, poeta negro catarinense reconhecido como um dos precursores do simbolismo no Brasil.
Palestra sobre desigualdades
Uma das principais atividades do primeiro dia da Semana da Consciência Negra do Campus Florianópolis foi a palestra “Desigualdades em Saúde Bucal no Brasil”. Ministrada pelo dentista Rogério Góes, que atua no Campus Florianópolis há 23 anos, a palestra trouxe evidências científicas de que o racismo ainda é praticado no País.
Uma das áreas em que pode ser percebido o preconceito racial é a da saúde bucal. “Quando pensamos numa pessoa negra, a maioria de nós a caracteriza, também, com a falta de algum dente. Isso ocorre inclusive em programas de grande audiência na mídia”, diz o dentista.
Segundo Góes, diversos estudos científicos mostram evidências da influência da cor da pele na qualidade do serviço recebido pela população. “Um estudo realizado no Brasil com cerca de 300 dentistas mostrou que, numa situação em que um problema dentário idêntico deve ser tratado num paciente de pele branca e noutro de pele negra, mais dentistas recomendaram a extração do dente do paciente negro”, relata.
Outras situações na área da saúde também evidenciam o problema da discriminação. “Mulheres negras, por exemplo, recebem uma dosagem menor de anestésico quando entram em trabalho de parto do que mulheres brancas”, exemplifica Góes.
Essas evidências da discriminação racial justificam, segundo o dentista, a realização dos programas de ações afirmativas em instituições como o IFSC. “Por meio das ações afirmativas é possível combater, de certo modo, os efeitos da discriminação. Ainda que se ataque o problema na sua origem, ajuda-se a minimizar os efeitos negativos”, afirma.
A II Semana da Consciência Negra do Campus Florianópolis vai até a próxima sexta-feira, dia 23. Clique aqui e confira a programação completa.