Palestra destaca papel dos negros na construção da sociedade brasileira

21. novembro 2012 | Escrito por | Categoria: Câmpus Florianópolis, Eventos, Matérias

“Quem aqui neste auditório gostaria de sentir, por apenas um dia, tudo aquilo que a sociedade reserva a quem tem pele negra”? A pergunta foi feita pelo professor Paulino Cardoso a um auditório com cerca de 80 pessoas na última terça-feira, dia 20, durante a palestra “A importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira”, que fez parte das atividades da II Semana da Consciência Negra do Campus Florianópolis. A resposta do público – na grande maioria estudantes eurodescendentes – foi o silêncio.

Durante a palestra, que ocorreu no auditório do campus, Cardoso destacou o papel que os negros tiveram na construção do País e como, em diversos momentos, foram desrespeitados pela sociedade. “Em 1872, 70% da população brasileira era de origem africana. Mesmo em Florianópolis e em Santa Catarina, que são considerados ‘pedacinhos da Europa’ no Brasil, foram os negros sustentaram, durante boa parte da história, a vida que as elites locais tinham”, afirma.

Segundo o professor, um dos fatos mais importantes na história do Brasil para os negros foi a promulgação da Constituição de 1988. “A Constituição refundou o Brasil, definindo todos como cidadãos com direitos iguais. Para o nosso País, em que muitas vezes tentou-se manter as estruturas da época dos escravos após o fim da escravidão, foi um marco muito importante”, destaca.

Porém, para Cardoso, a Constituição ainda precisa ser cumprida e uma das formas para minimizar os preconceitos raciais ainda experimentados pelos negros é a implementação de medidas como sistema de cotas. “As cotas, sejam elas raciais ou sociais, vão permitir que onde hoje existem somente brancos e pessoas com alta renda sejam discutidas questões ligadas à pobreza, à cor e à diversidade. O sistema de cotas os problemas sozinho, mas é o estímulo para a discussão que hoje sequer existe em diversos locais”, defende.

Ações afirmativas

Além de Cardoso, também a professora Karine Pereira, do Campus São José do IFSC, conversou com o público presente na II Semana da Consciência Negra do Campus Florianópolis na última terça-feira, dia 20. A docente do IFSC explicou o que são as ações afirmativas e mostrou que elas vão além do sistema de cotas para ingressar nas instituições de ensino. “As cotas são apenas um exemplo de ações afirmativas. Passe escolar para estudantes, gratuidades para idosos e outros benefícios fazem parte de ações afirmativas praticadas pela sociedade”, lembra.

Segundo Karine, o principal objetivo das ações afirmativas é a concretização da igualdade prevista em lei. “É importante que haja esse tipo de preocupação por parte das pessoas e dos governos. No que diz respeito à cor da pele, o preconceito no Brasil é mais velado, mas ainda assim os números comprovam as diferenças no tratamento e no acesso a direitos em relação a quem é branco”, diz a professora.

Zumbi dos Palmares

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, a primeira atividade do dia foi a apresentação cultural “Meu filho Zumbi”. A atriz Solange Adão realizou uma leitura dramática da história de Zumbi dos Palmares e lembrou a todos a importância do líder negro, que morreu no dia 20 de novembro de 1695.

 

 

 

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