Palestra aborda sistema de cotas na II Semana de Consciência Negra

23. novembro 2012 | Escrito por | Categoria: Câmpus Florianópolis, Eventos, Matérias

A educação é um importante meio para tentar combater a desigualdade e a discriminação racial no Brasil, na opinião de Wilson Martins Lalau, que ministrou palestra sobre o novo sistema de cotas sociais e raciais na II Semana de Consciência Negra do Campus Florianópolis do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).

Diretor de Políticas Sindicais do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia de Florianópolis e Região (Sinergia) e membro , ex-coordenador da Comissão Estadual contra a Discriminação Racial da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-membro da Executiva da Comissão Nacional contra Discriminação Racial da CUT, Wilson falou sobre a história dos negros e do racismo no Brasil para um público formado principalmente por alunos de cursos técnicos integrados do Campus Florianópolis.

No Brasil Colônia, a escravidão era herdada de pai para filho – os filhos dos escravos de origem africana também eram escravos – e isso ficou no imaginário da população brasileira, de acordo com Wilson. “Há uma condição de subalternidade instituída para os negros”, diz. O diretor do Sinergia conta que mesmo após declarada extinta a escravidão no Brasil, não houve qualquer apoio do governo para inclusão social dos libertos.

Um dos exemplos, diz Wilson, é a própria Lei Áurea, que tinha apenas dois artigos – um declarando extinta a escravidão e outro revogando as disposições em contrário – sem conceder mais benefícios aos ex-escravos, ao contrário do que ocorreu em outros países.

As políticas de ações afirmativas são uma maneira de promover a igualdade racial, afirma Wilson Lalau. Ele lembra que as ações afirmativas não são apenas cotas e que não se pode “tratar segmentos diferentes de maneira igual”. “São necessárias políticas para inserir pessoas em contextos nos quais não estão”, comenta.

Para o diretor do Sinergia, não é verdade que as cotas podem fazer a qualidade do ensino cair e somente cotas sociais não resolveriam o problema da desigualdade racial.  “Não se avalia capacidade intelectual de uma pessoa pelo cor da pele dela, e as políticas sociais do Brasil não incluíram o negro”, critica. No entanto, ele lamenta o fato de as cotas raciais terem sido impostas por lei e não adotadas por meio de conscientização da sociedade.

A palestra de Wilson Lalau fez parte da programação da II Semana de Consciência Negra do Campus Florianópolis, realizada de 19 a 23 de novembro.

 

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