Organizar a grande massa de documentos que registram o dia a dia da instituição, sistematizar e preservar fontes documentais e oferecer à comunidade interna e externa um espaço de socialização do patrimônio material e imaterial do IFSC são alguns dos objetivos propostos no projeto do Centro de Memória, Documentação e Cultura da Educação Tecnológica de Santa Catarina. O projeto foi apresentado pela comissão responsável ao Colégio de Dirigentes na última segunda-feira (4 de março) e segue agora para a avaliação do Conselho Superior.

De acordo com a pedagoga Sandra Lopes Guimarães, que atua na Pró-Reitoria de Ensino e integra a comissão que elaborou o projeto, a discussão em torno da criação do Centro de Memória teve início em 2007, época em que se observou que o então chamado museu do Cefet-SC era um espaço não credenciado e pouco organizado. Um grupo de servidores foi então designado por portaria para elaborar a proposta de estruturação de um espaço de memória dentro dos critérios técnicos definidos pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Com o intenso ritmo de atividades organizadas em torno do centenário da instituição, contudo, o projeto permaneceu parado durante algum tempo, até ser apresentado à reitora Maria Clara Kaschny Schneider no último mês de fevereiro.

Uma vez aprovado pelos colegiados da instituição, o Centro de Memória será criado oficialmente por meio de portaria. “Uma primeira necessidade será a nomeação de uma pessoa responsável por implementar o projeto, bem como a formação de uma equipe de trabalho com representantes de todos os câmpus”, afirma Sandra. Segundo ela, a criação de uma política de documentação, além do resgate e catalogação de documentos importantes que estão espalhados, são medidas essenciais para que se guarde a memória da instituição. A equipe de implantação também deverá buscar a certificação junto à FCC e ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), além de definir o espaço que vai abrigar o Centro de Memória. A estrutura prevista inclui espaço de coordenação, biblioteca, arquivo geral, espaço de memória (museu, com salas de exposições permanentes e temporárias), laboratório de imagem e oralidade e espaço das artes.

O projeto do Centro de Memória prevê a constituição de um banco de depoimentos orais, a formação de acervo documental e bibliográfico e a disponibilização do acervo – composto por documentos orais e textuais, além de itens iconográficos e museológicos – ao público em geral. Outro objetivo previsto é a promoção da cooperação e o intercâmbio com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, de acordo com o Protocolo de Integração Cultural do Mercosul.

A professora de História Denise Araújo Meira, do Câmpus Florianópolis, constata que não há na instituição uma política de preservação da memória. Um exemplo são os registros da ligação do artista plástico e folclorista Franklin Cascaes com a antiga Escola Industrial de Florianópolis: além de ter estudado no antigo Liceu Industrial na década de 1930, Cascaes foi professor de desenho entre 1941 e 1970, mas pouco dessa memória permanece atualmente na instituição.

Vários itens da obra de Cascaes que remontam à sua atuação docente, como anotações, diários de classe e cadernos, estão sob a guarda do Museu Oswaldo Rodrigues Cabral, da Universidade Federal de Santa Catarina (na imagem ao lado, caderno do professor datado de 1945 que integra o acervo da UFSC). “Não houve interesse em manter a obra de Franklin Cascaes na instituição onde ele lecionou por tantos anos”, lamenta Denise, que também participou da comissão que elaborou o projeto do Centro de Memória. “Não temos uma política de preservação da nossa memória. Há apenas experiências esparsas, baseadas no interesse e boa vontade de alguns grupos”, acrescenta. Outros registros importantes de mais de 100 anos de história estão localizados na Casa da Memória de Florianópolis, na Biblioteca Pública  e no Arquivo Público do Estado de Santa Catarina.

Seminário

O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) foi uma das instituições convidadas para participar da 11a Semana Nacional de Museus, organizado anualmente pelo Ibram para comemorar o Dia Internacional de Museus, celebrado em 18 de maio. Este ano, o tema de reflexão será “Museus (memória + criatividade) = mudança social”. De acordo com Sandra Guimarães, a participação do IFSC no evento será uma oportunidade para iniciar discussões e reflexões relacionadas com a criação do Centro de Memória. A atividade planejada para a data é o seminário “Memórias & memórias”, que será realizado nos dias 15 e 16 de maio, no auditório da Reitoria, com participação aberta ao público externo.