A discussão sobre a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificado (Sisu) como processo seletivo de ingresso foi o tema principal da segunda reunião do Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Santa Catarina, realizada na quinta (23), na Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, esteve no encontro e respondeu a questionamentos dos reitores sobre o Enem e o Sisu. Participaram representantes do IFSC, da UFSC, do Instituto Federal Catarinense (IFC), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Para Luiz Cláudio, as instituições que definirem adotar o Enem como processo seletivo devem também integrar-se ao Sisu. Isso porque o sistema de seleção permite mais opções de cursos aos candidatos do que somente o exame sozinho (hoje são cerca de 130 mil vagas em 3,7 mil instituições integrantes do Sisu), facilitando a mobilidade dentro dos estados e entre eles. “Se for pra usar só o Enem, prefiro que façam vestibular. Não vai funcionar nem para a instituição, nem para o jovem.”

O diretor de Assuntos Estudantis do IFSC, André Soares Alves, apresentou na reunião dados sobre o uso do Sisu no Instituto Federal, que mostram uma dificuldade de preenchimento das vagas pelo sistema nos primeiros anos (2009 e 2010) e a melhora desse índice nos últimos anos. O presidente do Inep acredita que, quanto mais instituições aderirem ao sistema, mais fácil será de preencher as vagas. “Quanto mais vagas, maior é a chance de o candidato escolher uma instituição que está no Sisu.”

Os reitores reforçaram a necessidade de que haja melhor divulgação do Sisu para a população equestionaram o presidente do Inep sobre a segurança do Enem. Luiz Cláudio lembrou que a segurança do exame envolve órgãos como o Exército e a Polícia Federal. “Se ocorre vazamento, é um crime e é isso que deve ser questionado, não o sistema”, defende. De acordo com o presidente do Inep, o Enem ocorre em 140 mil locais de 1.630 municípios e é resultado do trabalho de aproximadamente 600 mil pessoas.

Luiz Cláudio comentou ainda a questão das correções de redações do Enem que continham erros de ortografia e receberam nota máxima, ou as que traziam conteúdos como receita de preparo de macarrão instantâneo e o hino do clube de futebol Palmeiras, de São Paulo, e não foram “zeradas”. Para ele, a correção feita seguiu o que previa o edital do exame e só houve questionamentos a seis redações de um total aproximado de 4 milhões. No entanto, devem ocorrer mudanças nos critérios de avaliação no próximo edital.

Moção, convites e assistência estudantil

Na reunião, foi aprovada uma moção dos reitores catarinenses que será enviada à bancada do Estado no Congresso Nacional pedindo apoio à MP 592/2012, que prevê a destinação integral dos royalties de futuras concessões de petróleo para aplicação na área da educação.

Os reitores decidiram, ainda, convidar para a próxima reunião – que será em junho, na Reitoria da Udesc, em Florianópolis – os dirigentes do Centro Universitário de São José e da Faculdade Municipal de Palhoça, instituições ligadas às prefeituras dos dois municípios da Grande Florianópolis e que oferecem ensino superior público e gratuito.

Na reunião de junho, uma das pautas já definidas para discussão será a assistência estudantil. Em breve, deve ser lançado também um portal reunindo informações sobre as cinco instituições.

Avaliação

A reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider, considera que a participação do presidente do Inep na reunião foi importante para que as instituições tirassem dúvidas sobre o Enem, o Sisu e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Maria Clara crê que, após a segunda reunião, o Fórum de Reitores sai mais fortalecido “A presença do Luiz Cláudio aqui mostra isso. Estamos iniciando um trabalho em rede e isso vai fortalecer as instituições de ensino superior de Santa Catarina.”

O presidente do Inep considera positivas iniciativas como as dos reitores catarinenses e ressalta que para o Enem e o Sisu funcionarem bem, é necessário apoio das instituições. “Santa Catarina possui instituições de ensino superior de qualidade e ter esse diálogo mostra maturidade delas para trabalhar em rede.”

A reitora da UFSC e anfitriã da reunião, Roselane Neckel, também destaca o fortalecimento do fórum depois do segundo encontro. “Tivemos debates importantes e foi uma ótima troca de experiências”, diz. A universidade, conta Roselane, discute a adoção de novas formas de ingresso em seus cursos e, por isso, a presença do presidente do Inep ajudou a esclarecer algumas dúvidas.