Professores, técnicos-administrativos e alunos debateram, no último sábado, as perspectivas de crescimento do Câmpus Florianópolis para as próximas décadas, que serão normatizadas por um Plano Diretor específico para o câmpus. Elaborado por uma comissão permanente formada por servidores docentes e técnico-administrativos com formação em Engenharia e Arquitetura, o projeto foi apresentado formalmente na audiência pública da qual participaram 96 pessoas, na manhã do último sábado (15). “É importante destacar que o projeto não está fechado e o objetivo desta audiência é dar início a um processo de construção coletiva que contemple contribuições de toda a comunidade interna”, destacou Anelise Christine Macari, integrante da comissão, que apresentou os principais pontos da proposta elaborada pela comissão.

Assim como ocorre nos municípios, o Plano Diretor do Câmpus Florianópolis será um instrumento estratégico para orientar o uso e ocupação do solo na área do câmpus, que ocupa um total de 49.480m² na avenida Mauro Ramos, centro de Florianópolis. O documento vai definir as diretrizes que nortearão o crescimento da estrutura física do câmpus, garantindo que o espaço físico permita o cumprimento das funções principais da instituição de desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão. Entre os aspectos a contemplar nesse planejamento estão, por exemplo, a garantia da mobilidade, acessibilidade e segurança, o desenvolvimento de projetos de sustentabilidade e a racionalização do uso da infraestrutura instalada, evitando sua sobrecarga e ociosidade.

A base para a elaboração da minuta apresentada no último sábado foi a consulta feita em 2012 a todos os departamentos acadêmicos, a respeito das necessidades futuras de espaço físico em função do crescimento no número de cursos e alunos. O resultado indicou que a área construída do câmpus precisaria acrescentar cerca de 22 mil m² aos atuais 25 mil m² em funcionamento, até o ano de 2032 – ou seja, seria necessário praticamente dobrar a área construída.

“Já se discutiu que uma solução para essa grande demanda de crescimento seria a transferência do câmpus para outro local, mas também se entende que a localização atual é estratégica para atender estudantes dos municípios do entorno da capital”, comentou Anelise durante a apresentação. “Em função disso, nosso entendimento é que é preciso desenvolver o câmpus no atual terreno, até porque a relação do IFSC com o centro é bastante antiga”, acrescentou. O IFSC instalou-se no atual terreno da avenida Mauro Ramos em 1962, quando ainda era Escola Industrial de Florianópolis – época em que a única ligação ilha-continente era a ponte Hercílio Luz, a avenida Mauro Ramos não era pavimentada e a cidade tinha menos de 100 mil habitantes.

O zoneamento proposto no projeto prevê a divisão do câmpus em quatro setores: Área de Ensino (AE), Área Administrativa (AA), Área Comunitária (AC) e Área Verde (AV). Uma das diretrizes é restringir a circulação comum entre as funções de ensino, administrativa e comunitária, organizando melhor os setores em espaços destinados a cada uma dessas características. A ideia é que as atividades administrativas sejam instaladas nos locais mais próximos à avenida Mauro Ramos, enquanto as áreas de ensino e de convivência fiquem resguardados dos ruídos da avenida, mais no interior do terreno. A priorização de áreas de convívio e lazer sobre áreas de circulação de veículos é outro objetivo, além da modificação, já em estudo, do sistema de circulação de veículos no câmpus. As mudanças, ressaltou Anelise, devem ser implantadas de forma gradual.

Após a apresentação das linhas gerais do Plano Diretor, os participantes da audiência dividiram-se em cinco grupos temáticos: zoneamento; mobilidade e acessibilidade; meio ambiente e sustentabilidade; previsão de crescimento; e infra-estrutura. Ao final, no retorno à plenária, cada grupo apresentou o resultado de suas discussões. Um dos encaminhamentos de maior relevo foi a indicação da necessidade de uma nova audiência pública para aprofundar o debate sobre uma eventual transferência do Câmpus Florianópolis para outro local, apresentada pelo grupo que discutiu sobre zoneamento. O diretor do câmpus, Maurício Gariba Júnior, ressaltou que o processo participativo iniciado no sábado não tem precedentes. “É um momento muito importante de debate, há muito o que fazer e a comissão está aberta à participação e contribuição de todos”, afirmou.

Plano Diretor municipal

Pelas diretrizes estabelecidas no zoneamento do atual Plano Diretor de Florianópolis (Lei Municipal 001/97), a capacidade de crescimento da estrutura física do Câmpus Florianópolis está praticamente estrangulada. A alternativa para assegurar novas alterações que contemplem as necessidades de crescimento da instituição é a definição de um zoneamento adequado no novo plano diretor municipal, que está em elaboração e cujo projeto de lei deve ser encaminhado à Câmara de Vereadores em setembro deste ano. “O Núcleo Gestor do Plano Diretor está definindo o calendário de reuniões e audiências públicas para os próximos meses, e o IFSC, enquanto instituição pública  interessada no processo, pode participar dos debates e apresentar propostas que atendam a seus interesses”, salienta o superintendente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Dalmo Vieira Filho.

De acordo com o superintendente, embora a constituição do Núcleo Gestor já esteja definida, o processo de elaboração do novo plano diretor permite a participação de quaisquer interessados. Embora haja um representante do Distrito-sede no Núcleo Gestor, Dalmo Vieira Filho salienta que o IFSC pode participar individualmente das audiências e oficinas abertas à comunidade. “É extremamente positivo que o IFSC apresente sugestões, até porque se trata de uma instituição com corpo técnico capacitado para isso”, afirma. Um grupo de representantes do Câmpus Florianópolis já se reuniu com o superintendente do Ipuf e apresentou sugestões para que o zoneamento a ser definido pelo município seja adequado às demandas futuras, detalhando inclusive propostas para taxa de ocupação, gabarito e índice de aproveitamento.

O superintendente do Ipuf salienta que o novo plano diretor municipal precisa considerar a especificidade do Câmpus Florianópolis, senão ele deixaria de ser coerente. “É possível permitir mais edificações naquela área, de modo que as necessidades da instituição sejam atendidas”, afirma Dalmo, que destaca o valor da contribuição social do IFSC à comunidade da Grande Florianópolis.