Aquecimento global interfere na ocorrência de algas nocivas
8. outubro 2013 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Itajaí, Eventos, MatériasO aquecimento na temperatura da Terra e as consequências desse processo sobre os oceanos tende a provocar um aumento na ocorrência de algas nocivas nas regiões subtropicais e tropicais do planeta, mas o grau de toxicidade dessas algas tende a diminuir. Essa é uma das conclusões dos estudos apresentados na manhã desta terça-feira pela bióloga marinha Edna Graneli na Reunião Latino-americana sobre Algas Nocivas, organizada pelo IFSC por meio do Laboratório de Pesquisas em Algas Nocivas e Ficotoxinas do Câmpus Itajaí.
Graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Graneli radicou-se na Suécia, na década de 1970, onde se doutorou pela Universidade de Lund. Hoje atua como diretora científica do Departamento de Ecologia Marinha da Universidade de Linnaeus, situada na cidade de Kalmar, à beira do mar Báltico, sendo reconhecida como uma das maiores especialistas na área das algas nocivas e ficotoxinas.
A perspectiva apontada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) é que o efeito estufa, decorrente do aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera, provoque um aumento de até quatro graus na temperatura do planeta até o ano de 2100. Com isso, explica Graneli, a temperatura dos oceanos também tende a sofrer alterações, o que tem impacto nas características das algas nocivas. Enquanto os estudos já apontaram que nas áreas tropicais e subtropicais a ocorrência desses micro-organismos tende a aumentar, mas com menor toxicidade, nos climas temperados tanto a ocorrência quanto a toxicidade aumentam em temperaturas mais altas.
Além disso, a água do mar também se torna mais ácida, o que provoca, por exemplo, aumento na ocorrência de cianobactérias (tipo de alga nociva) e de algas verdes. Por outro lado, outros tipos de algas tendem a diminuir – no mar Báltico já se observam consequências dessa redução sobre as populações de bacalhau, em função da menor quantidade de alimento disponível para os alevinos (“filhotes” de peixe). “A água do mar Báltico está passando por um processo de ‘amarronzamento’ em função do aumento da acidez e da concentração de metais, e isso tem provocado a diminuição das algas”, detalha a especialista.
Evento
A palestra de Edna Granelli abriu os trabalhos do segundo dia da Reunião Latino-Americana sobre Algas Nocivas, que reúne mais de 60 pesquisadores de dez países em Florianópolis desde a última segunda-feira (7). Além de pôsteres e apresentações orais de trabalhos resultantes de pesquisas recentes sobre o tema, a programação inclui mesas redondas sobre gestão e monitoramento dessas algas e demandas regionais de capacitação e pesquisas. A perspectiva de se incrementar as pesquisas colaborativas entre as instituições dos diversos países é um dos norteadores das discussões.
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