Reitores questionam dado do Censo da Educação Superior do MEC
5. novembro 2013 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Gestão, Matérias, ReitoriaUma distorção nos números do Censo da Educação Superior 2012, apresentado pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 30 de outubro, causou preocupação entre os integrantes do Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Santa Catarina, que se reuniram na tarde desta segunda-feira (4) no gabinete da Reitoria do IFSC. Pelos dados do MEC, Santa Catarina seria um dos seis estados brasileiros que possui mais alunos matriculados em instituições públicas do que em instituições privadas – com o equivalente a 0,77 matrículas na rede privada para cada matrícula na rede pública. De acordo com o diretor de Desenvolvimento de Ensino do IFSC, Paulo Roberto Wollinger, esse resultado é equivocado porque a estatística considerou as instituições do sistema Acafe como públicas. Como os dados do Censo servem para subsidiar o planejamento e avaliação de políticas públicas, inclusive na destinação de orçamento, o resultado obtido para Santa Catarina pode prejudicar os investimentos nos institutos e universidades federais do estado.
“Essa distorção é um problema, pois apresenta um dado oficial que, no entanto, não representa a realidade do país e do estado. Dá a entender que nós temos uma oferta grande de vagas públicas, o que não é verdade”, afirmou a reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider. “Além disso, esse resultado pode ter consequência nos investimentos destinados a Santa Catarina”, complementou. O reitor do Instituto Federal Catarinense (IFC), Francisco José Montório Sobral, definiu a situação como extremamente preocupante. “E foi um dado distorcido apresentado pelo próprio ministro”, observou. Os dirigentes resolveram encaminhar um ofício conjunto das instituições ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com cópia para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa. A intenção é solicitar que os dados diferenciem as instituições públicas gratuitas das instituições comunitárias – caso de grande parte das faculdades e universidades do sistema Acafe.
Pelo Censo da Educação Superior 2012, seis estados brasileiros têm mais alunos matriculados em instituições públicas do que em privadas: Paraíba (0,66 matrículas na rede privada para cada matrícula na rede pública), Santa Catarina (0,77), Tocantins (0,79), Roraima (0,82) e Acre (0,92). No sul do país, o Paraná aparece com índice 1,93 e o Rio Grande do Sul com 3,40, o que indica que esses estados têm mais matrículas na rede privada no que na rede pública. Para os dirigentes do Fórum de Reitores, a situação de Santa Catarina deve ser semelhante à dos outros estados da região.
Sisu
A adesão das instituições ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi outro assunto discutido pelo Fórum de Reitores. No atual processo de ingresso, o IFSC terá 70% das vagas dos cursos superiores destinadas ao sistema e a perspectiva, de acordo com a reitora Maria Clara, é atingir 100% nos ingressos seguintes. A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) vai adotar o sistema pela primeira vez, com 25% das vagas destinadas a essa forma de ingresso. “Nós vamos avaliar a experiência com essa primeira etapa e a tendência é ampliar”, disse o reitor da instituição, Antonio Heronaldo de Sousa, que participou do encontro acompanhado do pró-reitor de Ensino da Udesc, Luciano Emilio Hack.
O reitor do IFC, Francisco Sobral, disse ser defensor do fim das resistências ao Sisu. “O processo do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] está cada vez mais eficiente e seguro. Eu estou convencido de levar a ideia de 100% das vagas para o sistema no ano que vem”, afirmou, enfatizando que a grande maioria das universidades federais não tem mais vestibular. Atualmente, o IFC destina 50% das vagas nos cursos superiores ao ingresso pelo Sisu. Eliminar os processos de vestibular, para os reitores, traria economia de recursos e eliminaria o grande trabalho que envolve a elaboração e aplicação de provas desse tipo.
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ainda há resistência quanto à eliminação do vestibular e adesão ao Sisu, principalmente em Florianópolis, de acordo com o chefe de gabinente da Reitoria, Carlos Antonio Oliveira Vieira, que representou na reunião a reitora Roselane Neckel. “Nos novos câmpus há aceitação quanto à adesão ao sistema, mas em Florianópolis o vestibular é muito tradicional e ainda há resistência a essa ideia”, salientou.
Novos cursos
A proposta de as instituições planejarem em conjunto a oferta de novos cursos em Santa Catarina foi outro tema discutido na reunião de segunda-feira. Para os dirigentes, isso evitaria o “sombreamento” – termo usado por eles para identificar a oferta dos mesmos cursos por duas ou mais instituições diferentes na mesma região. “Esse é o tema mais desafiador deste fórum. Nós precisaríamos ter um mapa que mostrasse as propostas de ofertas futuras, para evitar duplicidade de oferta”, opinou o reitor da Udesc, Antonio Heronaldo de Sousa. “Assim, pode-se redirecionar projetos e unir esforços.”
O pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do IFSC, Andrei Zwetsch Cavalheiro, propôs que o planejamento conjunto seja feito em duas frentes: por meio dos pró-reitores das instituições e em reuniões nos municípios ou regiões de atuação. Os reitores consideraram a proposta promissora e resolveram agendar para março de 2014 um primeiro encontro ampliado para tratar do assunto e encaminhar a elaboração do mapa.
A reunião foi a quarta realizada pelo Fórum de Reitores, constituído em abril deste ano com o objetivo de aprimorar a articulação entre as universidades e institutos federais que atuam em Santa Catarina. Estão representados na entidade os institutos federais Catarinense (IFC) e de Santa Catarina (IFSC), além das universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), do Estado de Santa Catarina (Udesc) e Federal da Fronteira Sul.
Saiba mais sobre o Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Santa Catarina no site da entidade.