Câmpus Florianópolis garante acesso e inclusão a aluna com aquisição de cadeira de rodas motorizada
13. novembro 2013 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, MatériasDentro da sua política de inclusão, o Câmpus Florianópolis conta, há pouco mais de um mês, com uma cadeira de rodas motorizada para atender a alunos cadeirantes durante suas aulas no câmpus. A ideia surgiu depois do ingresso da aluna Sophia de Lima Batista, de 16 anos. “O espaço é muito grande, para andar com a cadeira manual cansa muito. E algumas rampas não estão adaptadas à nova legislação, a inclinação não é correta”, explica a estudante, que cursa agora a segunda fase de do curso integrado de Saneamento.
Logo que ela entrou no IFSC, foi realizada uma reunião entre a equipe do Núcleo de Atendimentos às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) e os pais, para ver como podiam ajudá-la a se integrar nas atividades. “São questões diferentes, a acessibilidade e a inclusão. Pensamos numa solução que não só permitisse que a Sophia tivesse acesso à escola, mas também que ela pudesse participar de todas as atividades com o máximo de independência”, conta o pai dela, o engenheiro Vilson Batista.
Por isso, o modelo comprado pelo Câmpus possui não apenas o deslocamento motorizado, mas permite que a estudante fique em pé, por exemplo, para acompanhar uma experiência realizada em uma bancada de laboratório. “Antes, eu tinha que ficar apenas escutando, não conseguia enxergar de fato o que estavam fazendo”, lembra Sophia. A pesquisa da especificação técnica foi toda feita por Vilson, com apoio do Napne.
“As escolas anteriores nunca se recusaram a receber a Sophia, até porque é ilegal, mas aqui no Câmpus foi a primeira vez em que a coisa foi além da legislação. Conversamos e vimos que algumas obras estavam fora dos padrões e, como demoraria para poder fazer as obras, surgiu a ideia da cadeira, bancada pela direção. Nenhuma outra escola se ofereceu antes para cobrir esse tipo de custo”, lembra Vilson.
Para Sophia, a principal vantagem é a independência. “A maior parte dos meus colegas sempre me ajudou, mas claro que é complicado ficar pedindo ajuda a toda hora. Quando bate o sinal, é aquele atropelo, sai todo mundo correndo, e antes eu precisava esperar ”, conta a estudante, lembrando que uma vez, aos 13 anos, foi esquecida em um ginásio da antiga escola. “Estava lendo durante a aula de educação física, e não conseguiria sair sozinha, e o ginásio era um pouco afastado das outras salas. As meninas saíram, eu não vi, e fique meio desesperada, até que passou alguém e me ajudou”. Ela cita uma de suas melhores amigas, Wyne, mas diz que mesmo com alguém próximo, a sensação é de estar atrapalhando. “Às vezes ela podia querer fazer outras coisas, mas ficava esperando para me ajudar”, explica.
O modelo escolhido foi o Freedom, da marca de mesmo nome, com stand-up (permite a pessoa ficar em pé) e custou cerca de R$ 11 mil. “Consideramos um investimento. A inclusão é algo do qual não podemos mais fugir e o Câmpus Florianópolis está preocupado em oferecer as mesmas oportunidades a todos que estão aqui”, disse o diretor-geral do câmpus, Maurício Gariba Júnior.
Para Sophia, a naturalidade com que a presença dela é tratada no Câmpus acaba se refletindo no tratamento recebido entre os próprios colegas. “Estava acostumada a ter que responder sobre como eu fiquei na cadeira de rodas, se era de nascimento, acidente (Sophia teve um tumor na coluna, aos seis anos), mas a primeira pergunta que me fizeram aqui foi: tu és vegetariana?”, exemplifica, sorrindo. “Acho que o mais importante é as escolas estarem preparadas e buscarem novas maneiras de ajudar quem tem necessidades especiais. As pessoas enxergam as deficiências de modo muito limitado. Por exemplo, olham para ti e acham que a deficiência física significa também algo de incapacidade mental, elas confundem as coisas. O que todos devem entender é que ninguém é igual a ninguém”.