Programa Conectando Saberes incentiva alunos a identificar problemas e pensar em soluções

6. dezembro 2013 | Escrito por | Categoria: Câmpus Jaraguá do Sul-Centro, Matérias

Desde as primeiras fases do curso técnico integrado em Química do Câmpus Jaraguá do Sul, os alunos desenvolvem pesquisa científica – comum geralmente apenas na graduação. Investigam, por exemplo, como a casca de arroz pode substituir o carvão para tratar efluentes, como está a adulteração de gasolina nos postos da cidade, como é o consumo de bebidas energéticas por adolescentes e até qual é o esteriótipo do Químico entre os próprios estudantes.

jaragua-conectando1As pesquisas são bem variadas porque o objetivo é que os alunos possam investigar um tema relacionada a Química mas que articule outras disciplinas. É o programa Conectando Saberes, instituído no curso há três anos. O professor Clodoaldo Machado explica que o principal objetivo é a formação de cidadãos que saibam enfrentar problemas. “Na vida profissional, estes alunos receberão demandas e terão que resolver, sem roteiros para seguir. Precisarão ter capacidade de traçar caminhos e apresentar soluções”, afirma.

E é isso que fazem durante o curso. Em equipe, eles escrevem os projetos durante um semestre e desenvolvem a pesquisa em outro. “A grande diferença para as aulas convencionais é que o foco não é apenas o resultado, mas como desenvolvemos o que vamos apresentar”, afirma o estudante Eduardo Schalinski. “E ainda nos habituamos a ter metodologia e saber apresentar os trabalhos. Afinal, vamos enfrentar isso na vida acadêmica”, completa o aluno Luiz Lansky.

Eles e os colegas Lucas Fachini, Victor Hugo de Oliveira e Lucas Basso investigaram como azevém (uma espécie de gramínea) pode identificar a contaminação por chumbo. Para isso, desenvolveram o próprio roteiro: construíram uma estufa, plantaram as espécies e fizeram regas com acetato de chumbo dissolvido em água. E tiveram que apresentar os resultados em uma banca, com três professores, em um auditório lotado.

Diversidade

Vale destacar ainda a criatividade de alguns grupos na escolha do tema, como a pesquisa sobre o esteriótipo do Químico na indústria cinematográfica. Alunos, também da 4ª fase do Integrado em Química, perguntaram a colegas do curso sobre como veem o Químico. Depois passaram o filme Igor – uma animação dos EUA – e repetiram o questionário ao final do semestre. “Nas primeiras respostas os alunos associavam o Químico a uma pessoa inteligente, que fica em laboratórios, tem características de cientistas loucos e até alguma deficiência física”, relata o aluno Hugo Horácio Duarte.

“Depois de alguns meses de aulas, já ampliaram a área de atuação e perceberam que o profissional não trabalha só em laboratório e também responderam mais que mulheres fazem parte do mercado”, afirma Larissa da Mota Heerdt. “Conseguimos mostrar qual a visão dos estudantes sobre a nossa futura profissão”, completa Jéssica Reichert. Além dos três, a pesquisa foi conduzida também por Ana Caroline Ferrari e Eduardo Krueger.

Banca

jaragua-conectando2Para os estudantes, o programa Conectando Saberes é uma forma de se preparar para a vida acadêmica e profissional. Primeiro, eles precisam fazer uma pergunta que não tem resposta, depois detalhar como vão responder e então apresentar os resultados. Mas nem sempre a resposta é definitiva. Isso eles também aprendem. Foi o que aconteceu com as alunas que investigaram como a casca de arroz pode ser usada para absorver o azul de metileno – que era amplamente utilizado na indústria têxtil. “Optamos por ir ao laboratório e criar nosso próprio roteiro para investigar esse problema. É muito diferente de uma aula, onde já temos tudo praticamente pronto. Nesta pesquisa, vimos a metodologia, os erros que ocorreriam e como será o dia a dia profissional”, afirma Larissa Caldeira.

E ao final da pesquisa, consideraram que a casca pode ser usada, mas deixaram claro que novas pesquisas devem ser feitas para determinar qual a quantidade e o que fazer com a sobra, que também é tóxica.

Para o professor convidado da banca, Jean Mary Facchini, de Biologia, esta consideração de que a pesquisa deve continuar mostra a maturidade dos estudantes. “É disso que a cidade, que o mundo precisa, de pessoas que saibam identificar problemas e que pensem em soluções.”

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