Aos 73 anos, aluno do Câmpus Canoinhas é um entusiasta da produção agroecológica e da alimentação saudável

14. maio 2014 | Escrito por | Categoria: Câmpus Canoinhas, Matérias

visita_sitio_antonioVitalidade de sobra e uma vontade imensa de continuar aprendendo e compartilhando conhecimentos. Assim é o aluno do curso técnico em Agroecologia do Câmpus Canoinhas, Antônio Oleskovicz, de 73 anos de idade, que voltou a estudar para aprender mais sobre a produção agroecológica de alimentos, atividade que desenvolve desde que se aposentou como bancário há 26 anos.

Referência para professores e colegas, Antônio tem um sítio na comunidade de Parado, interior de Canoinhas, a cerca de 10 quilômetros do câmpus do IFSC. Além da plantação de hortaliças, uva e maçã, mantém uma reserva de mata nativa no local.

A busca por uma alimentação e estilo de vida mais saudáveis fazem parte do dia a dia do produtor rural. Vegetariano há quase 30 anos, lembra do último dia em que comeu carne: dois de outubro de 1985.

Antônio já foi proprietário de um restaurante vegetariano e de uma loja de produtos naturais. Também já trabalhou com terapias alternativas, como a iridologia (diagnóstico de doenças pela íris do olho), reflexologias e biomagnetismo, todos aprendidos em cursos realizados em diversas partes do Brasil. Também já ministrou cursos de culinária vegetariana e teve um programa sobre alimentação saudável em uma emissora de rádio local.

Há alguns anos, abandonou essas atividades, como forma de ter uma vida mais tranquila e poder se dedicar à produção em seu sítio. Além das 200 árvores frutíferas, quer plantar ainda este ano 200 pés de morango. “Sempre gosto de inovar, ter experiências novas”, afirma.

O aluno ficou sabendo sobre o IFSC por meio de um amigo, que já havia feito o curso. Resolveu se inscrever para atualizar conhecimentos e aprender mais sobre técnicas agroecológicas, como forma de aumentar a produtividade de suas culturas.

A produção é totalmente orgânica. Para a adubação, por exemplo, Antônio faz a compostagem de resíduos vegetais do próprio sítio. Também utiliza argila, cinzas, sacos de TNT, “micro-organismos” e outras alternativas aos produtos químicos.

antonio_salaEle acredita que a produção sem insumos químicos é uma alternativa para os pequenos produtores rurais, porém, destaca ainda alguns desafios a serem superados. Um deles é o alto preço da certificação dos produtos. “Eu consigo vender meus produtos porque todo mundo me conhece. Acho que uma saída seria a criação de uma certificação municipal, mais acessível”, afirma. Outro entrave é a conservação dos produtos, pois câmaras frias e outros equipamentos têm preço muito alto para os pequenos produtores. Segundo ele, a solução seria criar associações para adquirirem equipamentos em grupo.

Antônio lembra que os produtos orgânicos têm um valor agregado maior. “O sabor é outro, e a qualidade também. Mas ainda é um produto caro para a maioria da população”, afirma. Quando visitou a Holanda, descobriu que lá cerca de 38% dos alimentos são orgânicos, enquanto no Brasil esse percentual é de cerca de 1,8%.

Para ele, cursos como o técnico em Agroecologia do IFSC também deveriam ser mais valorizados. “A comunidade deveria se inteirar mais sobre o IFSC, é um privilégio estar aqui”, afirma. Após concluir o curso, Antônio quer aprender ainda mais. “O fato é que a gente não pode parar. Todo mundo quer viver bastante mas não quer ficar velho. Então, tem que ter qualidade de vida. Tem que ocupar a mente, se não, o ‘alemão’ (mal de Alzeimer) pega a gente”, brinca.

Antônio já proporcionou diversas visitas de seus colegas ao seu sítio. Segundo a professora Elisiane Benedetti, ele acrescenta conhecimento prático às aulas. “O Antônio é um divulgador da agroecologia e tem muita preocupação com a alimentação saudável. É um exemplo para todos nós”, completa.

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