Ex-aluno do Câmpus Florianópolis é premiado por pesquisa no Canadá
11. junho 2014 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, MatériasO ex-aluno do Câmpus Florianópolis João Felipe Santos recebeu, no fim de maio, o Prêmio de Excelência Reitor 2013-2014 do Institut National de la Recherche Scientifique (INRS). A honraria foi indicada a João e a um outro colega dele do Centro de Energia e Materiais de Telecomunicações da INRS, Eric Proietti, por suas qualidades excepcionais tanto no âmbito acadêmico quanto no âmbito pessoal. A premiação foi entregue pessoalmente pelo reitor da universidade, Daniel Coderre, dia 24 de maio na cidade de Quebec.
Natural de Palhoça, João Felipe fez o curso técnico em Eletrônica no então Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Santa Catarina e se formou em 2002. Ele também se formou em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os projetos dele envolvem melhorias de implantes auditivos cocleares, aparelhos auditivos e uma pesquisa de biomarcadores para autismo.
“Enquanto morava em Florianópolis, trabalhei para uma empresajoaofelipe P brasileira que desenvolve aparelhos auditivos. Um dos problemas que tínhamos era avaliar a qualidade do processamento feito pelo aparelho durante o desenvolvimento, já que normalmente você tem que fazer testes subjetivos com várias pessoas. Esses testes tomam bastante tempo e durante o desenvolvimento é normal você querer testar várias configurações diferentes do aparelho e ajustá-lo conforme o resultado dos testes, então concluí que seria necessário algo mais rápido”. Pesquisando sobre métodos de medição objetiva da qualidade da fala, João Felipe encontrou a pesquisa do seu atual orientador, Dr. Tiago H. Falk, professor do INRS em Montreal. “Entrei em contato com ele na época para me informar melhor sobre essa pesquisa e descobri que ele tinha vagas para alunos no laboratório dele. Achei que era uma boa oportunidade, então me candidatei e deu certo! Me mudei com minha esposa para Montreal em maio de 2012”.
A linha de pesquisa principal do mestrado do catarinense foi relacionada a uma métrica de inteligibilidade da fala para usuários de implantes cocleares. Como um usuário de implante coclear tem uma percepção da fala muito diferente de alguém com audição típica, foi necessário adaptar o modelo auditivo tradicional e incorporar aspectos baseados no funcionamento do implante. “Em parceria com uma outra universidade daqui do Canadá (University of Western Ontario), também adaptamos o modelo para usuários de aparelhos auditivos. Minha proposta de pesquisa para o doutorado é usar essas medidas para adaptar o funcionamento de implantes cocleares e aparelhos auditivos em tempo real, de modo que o aparelho se ajuste a diferentes ambientes (níveis de ruído de fundo, reverberação, etc) automaticamente”, explica João Felipe.
A pesquisa de biomarcadores para autismo foi um projeto paralelo feito em parceria com pesquisadores da University of Toronto. Através do processamento de vocalizações de bebês de 18 meses, os pesquisadores conseguiram desenvolver uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico precoce do autismo. Segundo João Felipe, atualmente, o diagnóstico só é feito quando a criança atinge 36 meses, mas diversas pesquisas mostram uma grande melhoria em aquisição de linguagem e outros aspectos caso o treinamento comece antes dessa idade, então esse tipo de ferramenta pode ser muito útil para auxiliar especialistas no diagnóstico.
Para o ex-estudante do IFSC, a adaptação ao Canadá não foi tão difícil assim. “A principal diferença no modo de vida é o frio absurdo e tudo o que você tem que fazer pra se proteger dele. Quanto a questões acadêmicas, Montreal tem um ambiente muito saudável pela quantidade de universidades e centros de pesquisa, o que favorece bastante a colaboração. Tanto durante o mestrado quanto agora no doutorado, pude fazer cursos em várias dessas universidades, ter contato com outros pesquisadores, o que enriquece muito a experiência”, avalia.