Sustentabilidade é preocupação do curso técnico em Edificações do Câmpus Canoinhas
10. julho 2014 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Canoinhas, MatériasA sustentabilidade é uma preocupação constante no curso técnico em Edificações do Câmpus Canoinhas do IFSC. Durante todo o curso, os alunos são estimulados a pensar e a praticar a construção civil de forma mais econômica e ecologicamente correta.
Já no primeiro módulo, eles participam dos Projetos Integradores (PIs), nos quais precisam aplicar os conhecimentos das várias disciplinas para encontrar a solução mais adequada e econômica para a utilização de materiais ou técnicas construtivas.
Dia 7 de julho, última segunda-feira, os alunos do primeiro módulo apresentaram seus projetos. Os sete grupos demonstraram soluções diferentes para a reutilização de resíduos da construção civil: vidro, papel kraft, latas de tinta e pregos, isopor, gesso, concreto e argamassa e restos de argila e cerâmica.
Segundo os próprios alunos pesquisaram, atualmente, no Brasil, são gerados cerca de 500 quilos de resíduos da construção civil a cada ano por habitante. A grande maioria não é reutilizada ou reciclada, sendo depositada em aterros ou lugares inadequados. Esses resíduos representam um grande problema ambiental, pois muitos não se decompõem rapidamente na natureza, como o vidro, e outros têm potencial poluente, como tintas e solventes.
Em um dos projetos, os alunos constataram que o vidro é um material 100% reciclável, porém, quando quebra ou é substituído, na maioria das vezes é simplesmente descartado. Eles coletaram restos de vidro de uma construção e o utilizaram, moído, como substituto da areia na argamassa. Após vários testes, descobriram que o vidro, substituindo parte da areia, apresenta um efeito decorativo interessante.
Para a aluna Josiane Barbosa, 25 anos, participar do projeto já no início do curso foi um desafio, pois nunca havia trabalhado na área. Achou importante a preocupação do curso com a sustentabilidade. A colega Cintia Daniele Baukat, 17 anos, relata que houve bastante ansiedade, em saber se o projeto daria certo. “Tivemos que fazer bastante pesquisa, procurar conhecimentos mais avançados”, afirma.
O aluno Fagner Rodrigo Jankovski, 23 anos, é um dos integrantes do grupo que reutilizou o papel kraft, usado para embalagem de cimento. Ele conta que o grupo decidiu não reciclar o papel simplesmente, mas reutilizá-lo na própria obra, na confecção de paredes dry-wall. “A gente utiliza os conhecimentos de todas as disciplinas, tudo o que aprendeu na teoria. Eu fiquei bem contente com o resultado”, afirma.
Outro grupo conseguiu pensar no isopor como substituto dos tijolos na construção de uma pia. Eles utilizaram pregos, azulejos e cimento, todos reaproveitados, para construir o móvel, que será instalado na casa de um dos colegas. O grupo responsável por reutilizar o concreto e a argamassa utilizou copinhos de iogurte para fazer os “vazados” de um molde para o concregrama, revestimento para calçadas no qual é possível também plantar grama.
O último grupo a se apresentar substituiu a brita por cacos de cerâmica de demolição para a utilização em concreto leve. Assim, provaram ser possível baixar o custo da obra, utilizando um material gratuito e diminuindo o custo do transporte de resíduos.
A professora coordenadora do projeto, Luciana Cristina da Costa, explica que o objetivo é integrar os conhecimentos das diferentes disciplinas e introduzir os alunos no uso dos laboratórios e materiais. “Eles se dedicaram bastante, foram atrás das soluções. Agora eles já sabem elaborar um projeto, pesquisar e utilizar o laboratório”, completa.
Projeto completo é desafio no final do curso
Os alunos formados no curso técnico em Edificações do IFSC podem obter registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e assumir a responsabilidade técnica por projetos de residências ou estabelecimentos comerciais de até 80 metros quadrados. Também podem ser responsáveis pela fiscalização de construções, além de outras funções na área.
Para consolidar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas, no último módulo do curso, eles participam de um Projeto Integrador, no qual são responsáveis pelos projetos arquitetônico, elétrico, hidráulico e estrutural de uma construção de até 80 metros quadrados. Eles recebem um “cliente” e precisam fazer um projeto de acordo com as “exigências” deles.
Leandro Ribeiro de Castro, 18 anos, fez o projeto de uma clínica com diversos consultórios. Ele se reuniu com a cliente fictícia, uma servidora do IFSC, e atendeu a todas as solicitações, como a utilização de materiais sustentáveis e o aproveitamento da iluminação natural. Para isso, pesquisou todas as leis e normas que regulamentam a construção de consultórios. Também fez a análise do terreno e o solo da região, o orçamento e por final a maquete.
Apesar da experiência, e de já poder ingressar no mercado de trabalho, Leandro não quer parar de estudar. Agora, vai prestar vestibular para Arquitetura, curso superior que escolheu durante as aulas no curso técnico. “Aprendi muito fazendo esse projeto. Acho que vou entrar na faculdade com outra visão”, afirma.
A professora Ana Paula Puppo Correia explica que esse é o trabalho final do curso, uma forma de o aluno praticar tudo o que aprendeu nas diversas disciplinas. “Queremos também mostrar a eles outras maneiras de trabalhar a construção civil, como a utilização de energias alternativas, aproveitamento da água da chuva, entre outras formas de tornar a construção sustentável”, completa.