A exibição do documentário “Janeiro 27” lotou o auditório do Câmpus Gaspar na tarde do dia 3 de setembro, durante o Sepei 2014. O documentário é um relato sobre a tragédia que vitimou 242 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, em 27 de janeiro de 2013, a partir do ponto de vista de sobreviventes, pais e pessoas envolvidas diretamente com a tragédia. Mais do que contar uma história, a obra cinematográfica tem caráter de alerta, para que acontecimentos como esse não se repitam.

Após a exibição do documentário, alunos e servidores continuaram no auditório, para conversar com o diretor Luiz Alberto Cassol e com o presidente da Associação das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira. Segundo Ferreira, o objetivo da Associação é não deixar que o fato seja esquecido ou que se repita com outras famílias. Após a tragédia, houve mudanças nas leis sobre segurança em estabelecimentos comerciais no Rio Grande do Sul. Projeto semelhante está no Senado, esperando para ser votado. Para Ferreira, “nós devemos criar a cultura de cobrar que tudo esteja correto”, se referindo a casas de shows e qualquer outro local de lazer. Ele explica que, além de um dever do Estado, é papel de cada pessoa tomar conhecimento das condições dos locais que frequenta e cobrar providências quando encontrar algo errado.

Cassol destacou o papel social do cinema, de conscientizar e chamar a atenção para problemas sociais. Ele conta que aceitou o convite da AVTSM para fazer o filme por já ter morado em Santa Maria e ter uma ligação forte com a cidade. Ele optou por não mostrar as cenas fortes, repetidas à exaustão na mídia logo após o ocorrido. “Quando ficaram sabendo que íamos fazer o filme, muitas pessoas nos enviaram vídeos e fotos com cenas fortes sobre a tragédia, mas não queríamos isso. O tempo todo procuramos ser éticos com os pais”, conta. O documentário também teve depoimentos de envolvidos em tragédias semelhantes, a boate The Station, em Rhode Island, Estados Unidos, em incêndio ocorrido em 2003, e na boate Cromañón, em Buenos Aires, Argentina, em 2004.

A obra não tem caráter comercial. O objetivo da AVTSM é exibi-lo em escolas, cineclubes, entidades e mostras não competitivas de cinema. Os câmpus São José, Florianópolis e Joinville também já mostraram o documentário aos alunos. Os demais podem exibi-lo e realizar debates com os alunos sobre o tema.

A professora do Câmpus Florianópolis, Gisely Cesconetto, foi a responsável pelo contato com Cassol e a AVTSM para exibição do documentário no IFSC. Ela destaca o poder transformador e de reflexão sobre a realidade que o cinema proporciona.