SNCT teve exposição de quadros pintados com os pés

20. outubro 2014 | Escrito por | Categoria: Câmpus Florianópolis-Continente, Eventos, Matérias

Uma exposição de quadros marcou o último dia da Semana de Eventos Integrados (SEI) e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Câmpus Florianópolis-Continente. Não eram, no entanto, obras de arte comuns, por causa do modo como foram elaboradas: a artista plástica Rita Boz, de Palhoça, usa apenas os pés para pintar. Além de expor seus quadros, ela conversou com alunos e servidores do IFSC sobre sua história de vida no auditório da Reitoria, em uma atividade promovida pelo Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) do câmpus na sexta, dia 17.

SONY DSCRita nasceu com má formação dos braços causada pelo uso de talidomida, um medicamento lançado nos anos 1950 e receitado na época para combater enjoos, inclusive para mulheres grávidas, como sua mãe. Depois, descobriu-se que a substância causava focomelia, uma síndrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto, tornando-os semelhantes aos de uma foca, como descreve em seu site a Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida (ABPST).

A artista plástica falou sobre como, desde criança, adaptou-se a sua condição, usando os pés e a boca para atividades simples como trocar de roupa e alimentar-se. “Minha mãe conta que, quando eu era bebê, já usava os pés para segurar a mamadeira”, disse. Rita nasceu no Rio Grande do Sul e mora em Santa Catarina há 23 anos. Tem uma filha, uma neta e foi telefonista no antigo Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) durante sete anos, período em que começou a fazer seus primeiros “rabiscos”, como ela mesmo define, entre uma ligação e outra que atendia.

SONY DSCEncorajada por colegas do trabalho, começou a pintar usando os pés. “Eu percebia que, trabalhando como telefonista, não poderia mostrar para os outros o que uma pessoa na minha condição é capaz. Eu sempre achei que a arte desperta curiosidade e atrai. E acho que a gente vem para esse mundo para servir de exemplo para pessoas que têm tudo e não valorizam”, comentou. Em 2002, conheceu a Associação dos Pintores com as Bocas e os Pés (APBP), fundada em 1956 na Europa. Por meio da associação, Rita já expôs suas obras em várias partes do Brasil e na Argentina.

O tema dos quadros de Rita são livres. “Conforme o dia, vem a inspiração. A pintura foi minha abertura. Eu abri uma janela para mostrar o que queria mostrar”, explicou. O trabalho de Rita pode ser conferido no YouTube.

 

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