As atividades do IFSC Palhoça Bilíngue para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2014 envolveram cerca de 900 estudantes do IFSC e de nove escolas das redes estadual e municipal da região, além de representantes da comunidade surda. Os estudantes de 8º e 9º ano tiveram a oportunidade de participar de uma oficina, nas duas tardes do evento, dentre as várias opções ministradas por professores e convidados externos.

Os diferentes temas abordados tiveram estreita relação com os cursos oferecidos pelo Câmpus, como Teoria e Técnica de Edição de Vídeo, Desenho de Observação, Marcas da Cultura Surda, Ensino de Português como Segunda Língua, Descobrindo as Células, entre outras. Além da oficina, os participantes aproveitaram para conhecer a Instituição e visitar a mostra dos trabalhos desenvolvidos pelos estudantes do próprio Instituto.

No dia 14 de outubro, a palestra de abertura foi ministrada pelo professor Douglas Kaminski, que abordou a importância das redes sociais para a Educação Bilíngue. “No caso da educação bilíngue, uma rede social temática irá reunir pesquisadores, grupos de trabalho e associações, sob a perspectiva da diferença, preocupando-se com recursos tecnológicos para suportar o bilinguismo (Libras-Português) e com uma estrutura que tenha uma definição de papéis bem definida conforme as diretrizes de acessibilidade na web. A ideia é reforçar a conexão entre as pessoas envolvidas, ampliar a interação da Comunidade Surda e promover o surgimento de novas tecnologias colaborativas para a evolução da Língua Brasileira de Sinais”, esclareceu Douglas.

Já no dia 15 de outubro, para marcar o encerramento das atividades, foi realizada a mesa redonda Tecnologias, Letramento e Desenvolvimento Social do Surdo. Os professores Simone Gonçalves Lima da Silva, Daniela Satomi Saito e Bruno Panerai Velloso apresentaram resultados de suas pesquisas de doutorado, discutindo as interfaces e projeções futuras de seus estudos.

A primeira pesquisadora abordou a compreensão narrativa da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da compreensão leitora da Língua Portuguesa em dois grupos de surdos distintos: um com formação em escola bilíngue e outro em escola não bilíngue. A professora Daniela apresentou os resultados parciais de um estudo que tem como objetivo apoiar, por meio das tecnologias, a ampliação do repertório da Libras em domínios de conhecimento específico, bem como a valorização do seu uso nos espaços acadêmicos e em espaços digitais de construção de conhecimento.

Já o professor Bruno apresentou um sistema capaz de aferir a atenção de um determinado aluno durante sua experiência com um objeto de ensino e aprendizagem, armazenando e analisando dados oriundos de um equipamento de eletroencefalografia, no sentido de avaliar os seus diferentes níveis de atenção durante o processo de aprendizagem. “A mesa redonda nos trouxe reflexões e conhecimentos importantes acerca do processo de educação dos surdos, contribuindo para o seu desenvolvimento social”, declarou a coordenadora de Pesquisa, professora Carmem Cristina Beck, que mediou as discussões entre os participantes.