O Câmpus Urupema realizou, na última segunda-feira (20), o I Seminário Intermunicipal de Turismo e Hospitalidade. Em parceria com a prefeitura da cidade, o evento era voltado aos proprietários de hotéis e pousadas do município, e ocorreu das 9h às 18h, na Casa do Agricultor, em Urupema.

Preparação

“Não se pode imaginar um município turístico sem a hospitalidade adequada. Tenho certeza que quem está aqui hoje está preocupado em atender bem o turista. Agradeço ao IFSC pela iniciativa”. As palavras são da vice-prefeita de Urupema, Arlita de Souza Pagani, logo na abertura do seminário. Já deixava claro o tom do encontro: capacitar para atender melhor os visitantes.

Logo após a abertura, os participantes fizeram uma atividade na qual tinham que desenhar uma lembrança de algum lugar visitado por eles no passado. A tarefa fez parte da palestra “A Hospitalidade em Foco: algumas reflexões no entrecruzamento de conceitos e realidade”, ministrada pela professora da Universidade de Caxias do Sul Siloé Pereira. A maioria dos relatos focou nas relações interpessoais, sempre ligadas a uma história (boa ou ruim) entre o participante e alguma pessoa encontrada na viagem. O objetivo da tarefa foi alcançado, que era mostrar como as relações humanas são tão, ou mais, importantes que questões estruturais ou paisagens naturais.

“O local é importante, mas as pessoas tendem a lembrar primeiro de aspectos humanos-relacionais. Para a Serra, que está preocupada com esse bom atendimento, esses aspectos são fundamentais. É preciso considerar o humano como valor essencial do turismo. O poder público se preocupa com valores pragmáticos, estruturas, acessos, paisagens, mas é o humano que precisa se constituir no eixo central das políticas do turismo”, reforça Siloé.

Experiências

Ainda no período da manhã foi apresentada a palestra “Experiência turística da Associação Acolhida na Colônia em Santa Catarina”, proferida pela turismóloga Marinês da Conceição Walkowski, uma das responsáveis pelo projeto na Serra Catarinense. Acolhida na Colônia é uma associação da qual fazem parte 170 famílias em Santa Catarina. Está há 14 anos no Estado e é referência nacional e internacional em turismo do campo. “Acolhida na Colônia tem o objetivo de orientar produtores rurais que queiram transformar suas propriedade em pousadas rurais, focando suas atividades no turismo de vivência, de contato entre o turista e a vida do campo”, explica Marinês.

Marinês orientou que a propriedade deve ter produção alternativa e agroecológica, utilizar produtos locais (agricultura familiar), preço justo e transparente, respeito ao caderno de normas da instituição (Acolhida na Colônia), manutenção da cultura local e do patrimônio natural, e que os serviços planejados e executados pelos agricultores. Os participantes também acompanharam o relato de um case de sucesso da Acolhida da Colônia em uma propriedade rural de Urubici, chamada Sítio Arroio da Serra.

Período da tarde

À tarde, foi ofertada a oficina “ Estruturação de padrões mínimos para os meio de hospedagem local”, coordenada pelo professor do Câmpus Florianópolis-Continente do IFSC Wilton Cordeiro. Ela teve como objetivo estruturar coletivamente, junto com os meios de hospedagem, um padrão mínimo com base nos critérios estabelecidos pelo Ministério do Turismo. Porém, com a preocupação de não descaracterizar a representação da identidade regional, que tem na rusticidade e na vida no campos seus principais atrativos. “O poder público de Urupema está preocupado com a imagem turística município, bem como com a profissionalização do setor de serviços e produtos turísticos. Essa parceria com o IFSC proporcionou reflexões e discussões importantes sobre esse fenômeno”, destaca a professora do Câmpus Urupema Evelise Zerger, coordenadora do evento.

Opinião corroborada pelo prefeito municipal, Amarildo Gaio. “Não há mais espaço para amadores. Ou nós nos profissionalizamos e começamos a fazer as coisas do jeito certo, ou sempre teremos dificuldades neste setor (turismo)”, reforça. Para aqueles participaram do seminário, o ato de proporcionar o conhecimento científico de forma acessível, como feito no evento, ajuda na hora melhorar o mercado local. “Foi muito bom, pois foram traçadas metas e definidos critérios. Pra nós, o trabalho em conjunto em torno do turismo tende a fazer com a cidade cresça nesse setor de forma igual. Nós já fazíamos de acordo com a nossa realidade, aí vem alguém com novas ideias e isso é muito bom”, comenta Éudio Anuda, proprietário de uma pousada na cidade.

“Além disso, dentro de um projeto mais amplo, o IFSC Urupema pretende apoiar iniciativas em prol ao desenvolvimento do turismo na região, e principalmente, acesso à educação por meio de cursos e projetos de pesquisa e extensão”, finaliza Evelise.