Juciane Domingues Barbosa tem 15 anos. Seus irmãos, Carlos Eduardo e Cristiane, têm 11 e 7, respectivamente. Em comum, mais do que o sangue: o amor pela música. Os três fazem parte da Orquestra Experimental do IFSC (Oexp) e estarão juntos pela primeira vez em um palco para a gravação do DVD ao vivo da Orquestra e do Coral do IFSC nesta quinta, dia 30, no Teatro do Centro Multiuso de São José, às 20h.
O pai dos três, Carlos Alberto Barbosa, conta que o interesse dos três pela música apareceu na igreja que eles frequentam. “A mais velha faz Saneamento aqui e fez a teoria musical na igreja. Quando veio fazer a inscrição para o curso técnico no Câmpus, descobriu que tinha aulas de música”, conta. Apesar de ter sido criado num meio musical – o pai foi músico da Polícia Militar -, Carlos Alberto disse que nunca teve interesse sobre o assunto e se surpreendeu com o intenso interesse dos três.

A mãe disse que dentro de casa, como eles sempre foram estudiosos, a principal diferença está no fim da algazarra. “Eles sempre tiveram nota boa, então não posso dizer que foi só influência da música. Mas agora eles ficam mais em casa, não tem tanta bagunça”, explica. O pai ressalta, no entanto, que tudo é feito por vontade deles. “O que nos deixa mais felizes é ver que eles trocam a brincadeira pela música porque é o que eles gostam, não são forçados a nada”. A pequena Cristiane confirma: quando questionada se preferia brincar de boneca ou tocar violino – instrumento escolhido por ela e pela irmã mais velha – ela não hesita em responder que prefere ensaiar.

Já Carlos Eduardo escolheu o violoncelo. “Eu queria aprender o saxofone, mas era muito caro para comprar. Numa apresentação da igreja, vi o ‘celo’ e me interessei”, conta. Para ele, a parte mais difícil tem sido a afinação.

O maestro Irineu Melo elogia o grupo. “Todos os três tocam muito bem. E o Carlos Eduardo, especialmente, que não teve a teoria musical como a irmã, surpreendeu ainda mais, pois em quatro meses está tocando coisas que muitas pessoas terminam o nosso curso de qualificação em música sem conseguir tocar, e o curso tem dois anos”, conta o professor. “E a gente consegue ver a diferença que faz a família apoiar, é um esforço muito grande para eles estarem aqui, para comprarem os instrumentos. Os pais acompanham todos os ensaios, seja qual for o horário, e valorizam muito o que os filhos fazem”, elogia Irineu. Apesar de tanto talento, todos são extremamente tímidos e não contaram a quase nenhum amigo sobre a nova atividade. “Não comento muito”, explica Carlos Eduardo quando questionado se os vizinhos não estranham a ausência dele nas brincadeiras na rua.

Apesar de todos já terem participado de apresentações da Orquestra, este será o primeiro concerto em um palco, com toda a pompa que a ocasião merece. Juciane diz estar tranquila, que trata a futura gravação do DVD como um grande ensaio. Já Carlos Eduardo e Cristiane mostram-se mais ansiosos. “Dá frio na barriga”, conta a pequena violinista.

Para Carlos Alberto, ver os filhos frequentando o IFSC é mais do que um orgulho. Morador do Maciço do Morro da Cruz desde pequeno, ele conta que, na juventude, tentou fazer um curso na então Escola Técnica. “Tentei e não alcancei o índice, e acabei abandonando a ideia. Ver nossos filhos estudando aqui é a realização de um sonho de infância”, afirma, emocionado.

Sobre o concerto e a gravação do DVD

Alunos do IFSC e público em geral devem retirar seus convites gratuitamente na direção-geral do Câmpus Florianópolis (Av. Mauro Ramos, 950, Centro) ou no Gabinete da Reitoria (Rua 14 de Julho, 150, Coqueiros). JAlém do convite, é necessário levar também 1kg de alimento não perecível. Os alimentos arrecadados serão doados para a Casa Lar Nossa Senhora do Carmo, localizada no bairro Coqueiros em Florianópolis, que atende crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos. Servidores tinham até o dia 23 para enviar um email de confirmação e também devem levar um quilo de alimento não perecível.