Formandos do Pronatec cantam em alemão na solenidade de certificação
24. novembro 2014 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus São José, Governo Federal, MatériasOs formandos do curso de Alemão, ofertado pelo Câmpus São José do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) pelo Pronatec em Rancho Queimado e Anitápolis, mostraram de forma prática o aprendizado ocorrido durante o semestre: cantaram em alemão a música “Stile Nacht” (Noite Feliz), durante a solenidade de entrega dos certificados de conclusão da primeira etapa do curso. O evento ocorreu na noite de 21 de novembro na Pousada Pinheiral, no interior de Rancho Queimado, onde após a entrega dos certificados houve um jantar comemorativo.
O coordenador-adjunto do Pronatec no Câmpus São José, José Paulo Monteiro, o supervisor das turmas, Rafael Moro, e os Secretários de Educação dos municípios de Rancho Queimado e Anitápolis, respectivamente Jamile Beretta e Waldemar Stüepp, participaram do evento, que teve também formandos de uma turma de Operador de Computador, totalizando 50 alunos. José Paulo Monteiro explica que, entre as famílias residentes nestes municípios, há sempre membros que ainda falam o idioma alemão. Contudo, há muitos dialetos diferentes neste idioma, dependendo de qual a região da Alemanha se originam os imigrantes. Foi daí que surgiu a demanda pelos cursos, para tentar padronizar a linguagem a partir da aprendizagem em curso formal.
As aulas foram ministradas por professora formada pela UFSC e que reside na região, o que facilita o reconhecimento das particularidades na forma de uso do idioma alemão nas localidades. Entre os formandos, havia pessoas de diversas faixas etárias, e o principal objetivo do curso é facilitar o atendimento aos turistas que visitam os municípios. Para o próximo ano, está prevista a turma A2 do curso, assim como suas sequências.
Qualificação no interior
Os cursos do Pronatec acontecem em Rancho Queimado desde 2013, quando 23 moradores realizaram o curso de Operador de Computador. A Secretária de Educação Jamile Beretta disse que “é muito bom e vantajoso” para o município poder contar com os cursos do Pronatec, pois precisa apenas disponibilizar o espaço físico (salas) para as aulas. Ela destacou a abertura do IFSC para dar oportunidades ao público das comunidades mais interioranas, e que espera a continuidade da parceria por muitos anos. Segundo ela, no próximo ano o curso de alemão deverá ter continuidade, assim como devem ser oferecidas formações nas áreas de Turismo e Hotelaria, Gastronomia e Mestre de Obras.
O Secretário de Educação de Anitápolis disse que o município pretendia oferecer o curso de Alemão, mas havia dificuldades em contratar um professor, e “a vinda do Pronatec facilitou a concretização do projeto”. Segundo ele, já há lista de espera de alunos para um novo curso de alemão básico, além da perspectiva de continuação dos estudos dos formandos em nível subsequente. Para o secretário, o curso possibilitou aos que já sabiam falar, a aprender escrever, e também facilitar a comunicação nas famílias em que algum membro já praticava o idioma e outros não.
Em seu discurso durante a solenidade, Stüepp salientou que aprender o idioma é importante para os moradores, já que a cidade recebe muitos turistas europeus nas pousadas rurais do projeto “Acolhida colônia”. O município tem como atrativos as belezas naturais, cachoeiras e muita tranquilidade, sendo considerado um dos mais preservados do estado, com inúmeras nascentes de água.
O curso de alemão deverá ser oferecido nos próximos semestres também em Angelina e São Bonifácio, a partir da solicitação destes municípios, todos reconhecidos por terem entre os moradores muitos descendentes dos colonizadores alemães.
Alunos destacam aprendizado
Um dos formandos do curso de Alemão em Anitápolis Anildo Schmitz disse que, após participar das aulas, sente maior facilidade na leitura do que na conversação, pois precisa deixar de lado os “vícios” adquiridos na fala do “Hunsrück”, um dos muitos dialetos do alemão praticados por descendentes dos imigrantes. Schmitz conta que na infância falava o dialeto aprendido com a avó, parcialmente esquecido ao longo da vida, pois quando passou a frequentar a escola regular, os colegas consideravam “feio” falar outra língua e “riam da gente”. Assim, considerou que a maior dificuldade no curso foi associar o aprendizado do alemão formal com o dialeto ainda internalizado. Segundo ele, a filha Giulieth, de 20 anos, que estudou na mesma turma, teve maior facilidade, pois não tinha a experiência anterior.
Para a professora aposentada Leonita Broering, de Rancho Queimado, aprender o alemão formal foi importante para observar que algumas palavras usadas no dialeto não existem naquela língua. Ela gostou muito de aprender a ler e escrever em alemão e disse estar conseguindo entender e interpretar textos em revistas alemãs. Ela pretende continuar o curso na etapa dois, e destacou também a convivência comunitária durante as aulas, bem como a competência da professora Edeltraud Schulz da Rosa. A professora imaginava que os alunos teriam maior dificuldade e se surpreendeu com o desempenho da turma, fazendo com que aumentasse o grau de exigência para além do nível inicial. A professora considerou a experiência uma realização pessoal, além de constatar “a grandeza que é o Pronatec”.
O agricultor Vilmar Hoffmann, 59 anos, concluiu o curso de Operador de Computador orgulhoso do feito. Ele percorria 22 quilômetros de sua casa até o local das aulas três vezes por semana, confidenciou que “começou do zero” e que ainda tem muito a aprender, embora já tivesse um computador em casa há muito tempo. Hoffmann afirmou que agora tem que tirar um tempo para se dedicar a isso, geralmente a noite, para cumprimentar os amigos pelas redes sociais da internet, além de poder fazer muitas atividades sem sair de casa, como comprar e pagar contas. O formando destacou ainda que gostaria também de ter feito as aulas de alemão, e espera ter essa oportunidade em outra ocasião.