“Hoje, estamos celebrando um momento de grande alegria. O tempo que passamos juntas foi curto, mas o suficiente para mudar conceitos preestabelecidos e consolidar amizades. Dividimos não só uma sala, mas sorrisos, lágrimas e expectativas futuras”. Foi assim que Ana Patrícia de Andrade conduziu, como oradora do grupo, o discurso de despedida da primeira turma do programa de extensão Mulheres Sim no Câmpus Joinville, em solenidade de formatura realizada na última sexta-feira (21). Ela e mais dezessete mulheres concluíram o curso de Educação e Gênero – Artesanato, ofertado na modalidade de formação inicial e continuada (FIC).

Para chegar ao tão esperado dia da formatura, as alunas tiveram aulas semanais, totalizando uma carga horária de 80 horas, visando à formação integrada entre teoria e prática, com o objetivo de não só capacitar para o trabalho, mas de desenvolver a cidadania e o empoderamento da mulher.

“Por tudo isso, valeu a experiência de termos compartilhado momentos que ficarão marcados em nossa trajetória. Somos mulheres, sim. Mulheres Sim!”, finalizou Ana Patrícia, aplaudida por todos.

Novas portas

Quando Aline Domingos Casagrande, de 30 anos, fez a inscrição para o curso, achava que ia só aprender artesanato e acabou se surpreendendo com as aulas. “Minha expectativa era só por aulas de técnicas manuais, mas, no decorrer do curso, aprendi muito mais do que esperava. Tivemos até aula de informática e sobre saúde. Espero que o curso continue, porque passou muito rápido”, avaliou.

Mãe de duas crianças, Aline teve que abandonar a faculdade pela metade há oito anos, quando engravidou a primeira vez. Agora que ela sentiu novamente o “cheirinho de sala de aula”, como diz, não quer mais parar, nem sair do IFSC. No último domingo (23), ela fez a prova do exame de classificação para o curso técnico subsequente em Enfermagem. “O Mulheres Sim abriu novas portas e me fez querer voltar aos estudos. Sinto falta de uma formação, de dizer o que eu sou.”

Aprender sempre mais

Para Bernadete Lingoski, de 56 anos, o artesanato é um companheiro de longa data. Ela é artesã por profissão e presidente da Associação de Artesãos Pedra que Surge, em Itapoá, de onde vinha religiosamente as duas vezes por semana para participar das aulas. Ela pegava o ônibus às 10h30 para chegar no Câmpus Joinville do IFSC às 13h40 e assistia ao curso com a mesma empolgação das iniciantes. Em sua jornada, a artesã contou com a companhia do filho Humberto Ariel, aluno do 3º módulo do curso técnico integrado de Mecânica.

“Todo novo aprendizado é válido, seja de qual patamar for. O importante é a integração do grupo e a troca de experiências, porque todos têm uma bagagem boa que merece ser compartilhada”, analisou a artesã, especialista na produção de lembranças com materiais praianos, como troncos, conchas e escamas de peixe, para valorizar a cultura local.

Experiente, Bernadete acredita que as mulheres precisam agarrar oportunidades como esta para aprender a se valorizar mais. “Olhem para si mesmas e vejam o que falta na vida de vocês. Esta é uma oportunidade que só tende a trazer benefícios, como ser humano, mulher e profissional, levantando a autoestima, promovendo a socialização e proporcionando renda.”