Performance no Câmpus Criciúma discute a violência simbólica imposta pela sociedade
27. novembro 2014 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Criciúma, MatériasAmar(ração) é uma performance artística que critica os padrões estabelecidos pela sociedade e as diferentes formas de violência simbólica sofridas cotidianamente. A encenação foi montada por 15 alunos dos cursos técnicos integrados do Câmpus Criciúma para a Mostra de Ensino, Ciência e Cultura, realizada no mês de outubro, e deu tão certo que o grupo resolveu criar um coletivo, intitulado de Zumbi, e fazer novas apresentações. A performance foi encenada nesta terça-feira (25) e haverá uma reapresentação no dia 8 às 11h e às 16h45 no auditório do câmpus.
A performance discute os padrões impostos pela sociedade através do conflito entre dois grupos, os de preto e os de branco. “Os vestidos de preto que saem felizes da plateia representam a população iludida, enquanto os que estão no palco que fazem movimentos repetitivos e agem como robôs representam o sistema que tenta enquadrar todos em um padrão. Nós de branco representamos aqueles que não se inserem nesse sistema, mas não conseguem se libertar dele e por isso usamos camisas de força”, explica Arthur Matos, aluno do curso técnico integrado em Edificações.
Não há falas na performance e um dos aspectos que mais chamam a atenção do público é a expressão corporal dos alunos.“A performance artística ainda é uma linguagem nova no Brasil, que só começou a se disseminar a partir dos anos 90. A performance precisa ser curta e impactante. Nessa linguagem, não há roteiro e o corpo é a principal ferramenta de expressão”, explica o professor de Artes Breno Stern, que é um dos orientadores do trabalho.
Para se prepararem para a performance, os alunos têm feito uma série de dinâmicas em grupo, para aumentar o entrosamento e a confiança entre eles, e assistido a muitos vídeos de grupos de dança e de teatro. “A performance tem sido uma forma de nós mesmos nos libertarmos, de expor o que a gente sente e de sair um pouco desse meio social que nos força a fazer determinadas coisas para sermos inseridos em um padrão”, explica o aluno do curso técnico integrado em Mecatrônica, Matheus Duarte.
A participação no coletivo vai além da performance no palco e muitos deles se dizem mais motivados, inclusive, para estudar. “Eu estou gostando muito de participar do coletivo. Eu estava muito desanimado e até pensando em desistir do IFSC e começar a trabalhar, mas participar da performance e do grupo fez com que eu mudasse de ideia, hoje eu me sinto muito mais motivado”, explica Rafael Ghilarde Silva, aluno do curso técnico integrado em Edificações.
Assim como os alunos, os pais e professores também tem percebido a mudança de comportamento. “Eu estou vendo a performance pela segunda vez e voltei porque gostei bastante. Eu sou mãe de uma aluna que participa do coletivo e tenho visto que ela chega em casa muito mais feliz e motivada”, afirma Alcimara dos Santos Souza, mãe da aluna Ana Caroline Florentino, do curso técnico integrado em Mecatrônica.
A professora Milena Brandão, que é uma das orientadoras do trabalho, também avalia que o comportamento dos estudantes têm melhorado. “Nós percebemos que alunos que eram muito tímidos estão muito mais extrovertidos e outros que tinham uma postura mais agressiva estão muito mais calmos”.
A proposta do coletivo Zumbi é dar continuidade aos trabalhos e montar outras performances artísticas. “Depois da nossa primeira apresentação, outros alunos quiseram entrar no grupo e nós realziamos algumas seletivas para escolher novos integrantes. O grupo está bastante entrosado e queremos nos mobilizar para que ano que vem a gente consiga potencializar ainda mais as nossas performances”, afirma Júlio Padilha, aluno do curso técnico integrado em Mecatrônica.