A ditadura foi boa para quem? Essa foi uma das principais questões abordadas na última quarta-feira (26) durante o evento “Filme e Conversa: Ditadura Militar no Brasil”, promovido pelos professores Kênia Gaedtke e Selomar Borges no auditório do Câmpus Jaraguá do Sul. A atividade foi organizada para lembrar os 50 anos do Golpe Militar ocorrido em 1964 e contou com a exibição do documentário “Batismo de Sangue” (2007), a divulgação da reedição da obra “Livro Negro da Ditadura Militar” e um debate com o professor e sociólogo Jeison Giovani Heiler, de Jaraguá do Sul. A atividade foi gratuita e aberta ao público.

Segundo Kênia, as atividades desta quarta-feira foram importantes também devido ao momento histórico do País. “Vimos, após as eleições presidenciais deste ano, que muitos grupos retomaram a ideia de uma intervenção militar no Brasil. Alguns grupos foram inclusive às ruas manifestar esse desejo. Por isso é preciso conversar a respeito e saber mais sobre um passado recente que não pode ser esquecido”, explica.

Para o professor convidado, a falta de uma memória histórica é um dos fatores que possibilitou a manifestação em prol do retorno da ditadura militar. “O fim da ditadura ocorreu por decisão dos próprios militares, não em função de uma grande mobilização. A Lei da Anistia proporcionou a abertura do processo democrático, mas prejudicou o entendimento do que foi a ditadura no Brasil. Para muita gente foi como se não tivesse acontecido”, destaca Heiler.

O documentário “Batismo de Sangue”, exibido no início do evento, às 18h, foi dirigido por Helvécio Ratton e contou a história de um grupo de frades dominicanos que, no final dos anos 60, passou a apoiar um grupo de resistência à ditadura. Após o vídeo foi divulgada a obra “Livro Negro da Ditadura Militar” (1972), que foi escrita, impressa e distribuída clandestinamente durante o período militar e causou grande impacto no Brasil e no exterior.