Evidências que o leite produzido no Brasil nem sempre apresenta a qualidade desejada têm gerado o desenvolvimento de novas políticas de incentivo à produção leiteira. No Câmpus Canoinhas do IFSC, o projeto “Caracterização das unidades produtoras de leite do Planalto Norte Catarinense e avaliação de indicadores de qualidade” está contribuindo para a qualificação dos produtores de leite da região.

Conforme a coordenadora do projeto e do curso superior de tecnologia em Alimentos do Câmpus Canoinhas, Cleoci Beninca, o estudo vai avaliar a qualidade do leite produzido na região. “São medidas para identificar os atuais padrões higiênico-sanitários das instalações, dos equipamentos, dos animais e também dos ordenhadores, com amostragem individual e exames laboratoriais, bem como o levantamento de informações acerca das famílias e propriedades envolvidas na atividade”, explica.

O projeto faz parte do Programa Planorte Leite, que tem como objetivo propiciar o desenvolvimento regional integrado e sustentável por meio do fomento da cadeia produtiva do leite. Além do IFSC, também participam deste programa regional a Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense (Amplanorte), a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) – Gerência Regional de Canoinhas, o Sistema de Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária do Planalto Norte Catarinense (Sisclaf-Plan) e a Universidade do Contestado (UnC) – Câmpus Canoinhas.

Primeira fase

O projeto-piloto do IFSC começou com um grupo de 12 famílias produtoras do município de Três Barras. Na primeira fase, entre novembro do ano passado e março de 2015, foram realizadas, em cada propriedade, uma coleta de leite cru e duas de água – uma utilizada no consumo dos animais e outra para higiene de equipamentos de ordenha.

As análises do leite estão sendo realizadas nos laboratórios do Câmpus Canoinhas, equipados com recursos aprovados para o projeto, e também no laboratório oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Concórdia, no Oeste do Estado. Já as análises físico-químicas da água são realizadas no IFSC e as microbiológicas no Câmpus Marcílio Dias da Universidade do Contestado (UnC).

De acordo com a professora Cleoci, com base nos resultados destas análises será possível avaliar os indicadores de qualidade e as condições higiênico-sanitárias da produção de leite. Posteriormente, os resultados serão entregues para cada produtor e os pontos mais críticos de manejo e estrutura serão abordados em reuniões individuais e capacitações coletivas.

“A qualidade do leite deve ser garantida desde o momento em que ele é ordenhado, porque não há como melhorar a qualidade do leite depois que ele sai da propriedade”, explica professora Cleoci, lembrando que a busca pela qualidade do leite se deve não somente pelos ganhos econômicos para produtores e indústria, mas principalmente pela garantia da qualidade e segurança dos alimentos. “Como o consumo de leite e derivados está ligado a princípios de nutrição e saúde, garantir a segurança e a qualidade da fabricação desses produtos é essencial para a indústria.”

A segunda fase do projeto prevê a ampliação da pesquisa, o georreferenciamento e a aplicação de questionário para caracterização de todas as unidades produtoras de leite do Planalto Norte Catarinense que se enquadram nos 33 grupos do Programa Planorte Leite.

A execução do projeto conta com a participação de quatro professores do IFSC da área de alimentos (Cleoci Beninca, Graciele Viccini Issaka, Ineuza Michels Marçal e Marcelo Henrique Peteres Padilha) e três técnicos em agroindústria formados pelo IFSC (Alexandre Ezequiel Tavares dos Reis, Aline de Lima e Josieli de Oliveira, que também é técnica em laboratório do Câmpus Canoinhas). O trabalho conta ainda com a parceria do médico veterinário Eder Otavio de Carvalho, da bióloga Daliana Bordin e do responsável pelo Grupo de Pecuária de Leite da Regional Canoinhas da Epagri, Waldemiro Sudoski.

O projeto foi aprovado na Chamada MEC/Setec/CNPq Nº 94/2013, de apoio a projetos cooperativos de pesquisa aplicada e de extensão tecnológica, e teve início em 2014 com prazo de conclusão em dezembro deste ano. “Ao final, queremos caracterizar as unidades produtoras de leite do Planalto Norte Catarinense e oferecer informações estratégicas para monitorar, assegurar e melhorar continuamente a qualidade do leite produzido”, afirma a coordenadora do projeto.

Foto: Epagri