A erva-mate sempre foi uma cultura de grande importância econômica e cultural para a região Sul do Brasil. Entretanto, a produtividade da erva-mate caiu muito nos últimos anos, ao mesmo tempo em que o mercado exige o aumento da produção, com a ampliação do seu uso em novos produtos alimentícios, cosméticos e fármacos. A fim de divulgar novas pesquisas sobre a melhoria da produção, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acaba de publicar o livro “Propagação e nutrição de erva-mate”, que conta com pesquisas da professora do curso de Agroecologia do Câmpus Canoinhas do IFSC, Eliziane Luiza Benedetti, co-autora do segundo capítulo, que trata da nutrição.

O objetivo geral do livro é levar informações para produtores, extensionistas e pesquisadores sobre aspectos relacionados à propagação da erva-mate, suas vantagens e desvantagens, assim como a descrição de cada método de propagação (capítulo 1 – Produção de mudas de erva-mate), além de informar sobre a questão nutricional, com destaque para a nova recomendação de adubação e calagem para a cultura da erva-mate, que pode contribuir para o aumento da produtividade (capítulo 2 – Nutrição e recomendação de adubação para a cultura da erva-mate).

A preocupação com a queda acentuada na produção leva em conta dados do IBGE, que mostram que a produtividade em Santa Catarina, em 2013, foi de 5,4 toneladas por hectare, o que é muito abaixo do potencial produtivo da espécie, que pode chegar a 30 toneladas por hectare quando aplicadas técnicas de produção adequadas. De acordo com professora Eliziane, que é engenheira agrônoma e doutora em Solos e Nutrição de Plantas, um dos fatores que leva à diminuição da produtividade é a falta de reposição dos nutrientes exportados pela colheita, os quais devem ser fornecidos de forma adequada para não provocar desequilíbrios.

A nova recomendação de adubação e calagem foi obtida por meio de pesquisas realizadas pela professora do Câmpus Canoinhas e pelos pesquisadores Carlos Bruno Reissmann e Delmar Santin, co-autores do capítulo 2. “Se essa ferramenta for utilizada de forma adequada, poderá alavancar a produção de erva-mate na região, haja vista que a maioria dos solos dos ervais estão em exaustão nutricional, consequência da exploração predominantemente extrativista”, explica.

A professora ressalta que os autores estão desenvolvendo novas pesquisas para aprimorar as informações existentes e que, atualmente, o Câmpus Canoinhas do IFSC participa, junto com outras instituições, de experimentos conduzidos em campo, com projeção de duração para vinte anos. “A ciência relacionada à nutrição da erva-mate é recente e necessita avançar”, conclui.