Seminário no Câmpus Gaspar discute relação entre pesquisa e prática pedagógica
14. maio 2015 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Gaspar, MatériasPensar a pesquisa como princípio educativo é a tônica do 2º Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica, evento que teve início nesta quinta-feira (14) e segue até sexta (15) no Câmpus Gaspar do IFSC. Com cerca de 260 inscritos, o evento reúne, além de professores de vários câmpus da instituição, docentes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e das redes municipal e estadual de ensino.
“Este evento favorece o encontro com diferentes instituições da região para que juntos possamos pensar a pesquisa como importante agente transformador”, disse a chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão do câmpus e coordenadora do evento, Ana Paula Kuczmynda da Silveira, ao dar as boas vindas aos participantes na abertura do evento. “Estamos vivendo aqui hoje um momento fundamental não só de reflexão, mas também para fazer um movimento de mudança na educação. Tenho certeza de que aqui teremos grandes resultados nas reflexões e no fortalecimento da articulação entre nós”, afirmou a reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider.
Educação básica
A pedagoga Regiane Müller Freiberger, professora da Universidade de Rio Verde (Goiás), apresentou algumas das principais conclusões de sua investigação sobre a presença da pesquisa acadêmica na formação e atuação do professor da educação básica. “Há uma contradição entre as políticas públicas da área da educação, que incentivam com a legislação a prática da pesquisa nos cursos de licenciatura, mas não garantem uma formação profissional fundamentada na investigação”, constata. Além disso, o “aligeiramento” dos cursos de licenciatura, com ofertas que duram dois ou três anos, também desfavorecem a pesquisa.
Para Regiane, não é mais possível que a formação de professores se restrinja a uma educação conservadora e conteudista. “É preciso ir além disso, ligar a teoria e a prática com a construção e apropriação dos conhecimentos”, diz. “Na pesquisa as pessoas se unem em torno de problemas, situações reais, pensam, teorizam e voltam para a realidade transformadas”, considera a pedagoga. Com a prática da pesquisa, o aluno de licenciatura desenvolve não só o aprendizado de conteúdos e conceitos, mas também habilidades intelectuais e atitudes que favorecem a prática docente.
Inclusão
Repensar os conceitos de inclusão e diferença que predominam na sociedade e na escola foi a discussão central da mesa-redonda “Educação, singularidades e pluralidades”, que reuniu o professor da Udesc Paulino de Jesus Cardoso, a psicóloga Zilma Saibro Silva e a professora do IFSC Patrícia Rosa. Ao apresentar em uma linha do tempo as legislações relativas à educação de crianças com deficiências no Brasil, Zilma afirmou que todas as designações para alunos que apresentam algum tipo de diferença são necessariamente vagas e discriminatórias. Mesmo com a obrigatoriedade de que esse público frequente escolas regulares, a discriminação persiste, de acordo com a pesquisadora. “Não há país que não tenha legislação garantindo o acesso de todos os cidadãos à educação básica, mas muitos ainda dizem ter incapacidade para isso”, disse.
No Brasil, os alunos com algum tipo de deficiência matriculados em escolas regulares representam 1,4% do total de estudantes. Ainda há, segundo Zilma, 140 mil deles fora da escola, seja especial ou regular. Em pesquisa que acompanhou o percurso escolar de alunos com paralisia cerebral em uma rede municipal do estado de São Paulo, Zilma concluiu que, apesar de haver estrutura nas escolas para esse atendimento, há um descompasso entre o que está politicamente colocado e a prática.
Mudar a escola de uma estrutura colonial para algo “melhor para todo mundo” é o desafio apontado pelo professor Paulino de Jesus Cardoso. Para ele, os professores são cúmplices de uma escola silenciadora em relação à discriminação. Em um viés mais filosófico, a professora Patrícia Rosa propôs uma reflexão acerca dos paradigmas elaborados pela teoria clássica dos conceitos, para a qual a humanidade “perfeita” consiste em homens bancos, heterossexuais e plenamente hábeis física e mentalmente. “É preciso pensar as pessoas como seres singulares, e não enquadrados em caixinhas prontas”, defendeu.
Arte
Entre uma e outra atividade oficial da programação do 2º Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica, apresentações culturais do projeto Nós da Arte, que envolve atividades de teatro, música e dança, quebram um pouco a seriedade das discussões. No período da manhã, o grupo de teatro Educarte apresentou a esquete “Ensaios sobre a loucura e a lucidez”, com fragmentos de textos da obra “De pernas para o ar: a escola do mundo do avesso”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015). À tarde, os alunos encerraram a mesa-redonda com uma apresentação musical, na qual cantaram, dançaram e tocaram instrumentos no meio da plateia. Nesta sexta-feira haverá mais intervenções artísticas, como a apresentação do monólogo “Como era verde o meu vale”, adaptado do texto de Caio Fernando Abreu (1948-1996).
Confira a programação desta sexta-feira:
8h – 10h: Palestra “Formação de professores: desafios da articulação entre teoria e prática” (Marineide de Oliveira Gomes – Unifesp)
10h: Café
10h30 – 12h: Comunicações orais e relatos de experiências
12h – 13h30: Almoço
13h30 – 15h30: Palestra “A prática pedagógica em contexto e a interação entre as instituições de ensino superior e as escolas de educação básica” (Umberto de Andrade Pinto – Unifesp)
15h30 – 16h15: Comunicações orais e relatos de experiências
16h15 – 17h15: Sessão de pôsteres e café da tarde
18h: Encerramento