Função humanizadora da escola norteia discussões em seminário no Câmpus Gaspar

18. maio 2015 | Escrito por | Categoria: Câmpus Gaspar, Matérias

palestra_marineide_gasparA função da escola de promover a humanização dos indivíduos, preconizada pelo educador Paulo Freire, foi enfatizada pelos dois palestrantes que estiveram no 2° Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica na última sexta-feira (15), no Câmpus Gaspar. “É preciso que nos perguntemos sempre qual é a função da escola, em todos os seus níveis e modalidades. A escola precisa humanizar. O ser humano é um ser inacabado e nós, como educadores, precisamos ter isso sempre em mente”, disse a pedagoga Marineide de Oliveira Gomes, professora da Universidade Federal Paulista (Unifesp). “A educação é responsável por humanizar o ser predominantemente biológico que somos ao nascer”, corroborou o pedagogo Umberto de Andrade Pinto, também professor da Unifesp.

Para Marineide, embora a democratização das oportunidades educacionais em todos os níveis e modalidades esteja de fato ocorrendo e seja da maior importância, a escola ainda precisa dar respostas a questões que a sociedade não tem conseguido responder. “Nós ainda não conseguimos concretizar os ideais de pioneiros como Anísio Teixeira”, salienta.

Entre os desafios a superar na educação pública, Marineide destaca a necessidade de uma revisão epistemológica e conceitual sobre a formação de professores, superando a noção do acúmulo de saberes em prol de um trabalho de reflexividade crítica acerca das práticas de reconstrução permanente das identidades profissionais. Para ela, a pouca atratividade da profissão e a grande evasão são indícios da necessidade de se consolidar a identidade docente. Ela citou um estudo da Unesco que mostrou que a maioria dos professores não tiveram essa como sua primeira escolha profissional. “Os países que conseguiram dar uma guinada na educação deram estímulos para que se escolhesse a docência como carreira”, afirmou.

A reflexão sobre o que é ensinar e aprender também deve ser constante na formação de professores, na avaliação de Marineide. “É preciso pensar mais profundamente sobre o que é formar. Eu posso preparar a melhor aula, mas se o estudante não quiser aprender o processo não ocorre. O processo de ensinar está imbricado com o de aprender, e hoje inclusive já se fala em ‘ensinagem’”, refletiu. “Esse tipo de reflexão precisa ser feito nas nossas licenciaturas e também nas escolas”, acrescentou.

palestra_umberto_gasparPara Umberto de Andrade Pinto, a escola tem um papel central no desenvolvimento do pensamento reflexivo no processo de assimilação crítica do conhecimento produzido historicamente pela humanidade, em especial do conhecimento científico. É um espaço privilegiado para transformar em conhecimento as informações fragmentadas e desarticuladas que circulam socialmente, como, por exemplo, nos meios de comunicação.

O palestrante salientou que a Pedagogia é um campo de conhecimento que envolve outros tipos e formas de conhecimento, além do conhecimento científico. Nessa “abordagem pluricognoscente do real”, expressa conhecimento científico, conhecimento do senso comum, conhecimento religioso e outros tipos de conhecimento.

Intervenção

peca_gasparNa abertura do segundo dia de atividades do 2° Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica, o grupo Educarte apresentou a esquete “Como era verde o meu vale”, concebida a partir do texto de Caio Fernando Abreu (1948-1996). Na peça, um ancião – representado por dois atores em cena – lembra o passado rural e lamenta os efeitos da urbanização, refletindo também sobre a segregação familiar sofrida no processo de envelhecimento.

Evento

O 2° Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica do Câmpus Gaspar foi realizado nos dias 14 e 15 de maio, no próprio câmpus. Participaram do evento 260 inscritos, entre professores da instituição e docentes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Regional de Blumenau (Furb) e das redes municipal, estadual e particular de ensino.

Os comenários não estão permitidos.