Bruna Marchesan Maran tem apenas 18 anos, mas já possui uma experiência que muitos estudantes mais velhos ainda não têm. Aluna do curso técnico integrado em Agroindústria do Câmpus São Miguel do Oeste do IFSC, a jovem foi contemplada com o 3º lugar na categoria Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O tema deste ano da premiação foi “Segurança Alimentar e Nutricional” e o anúncio dos ganhadores foi feito nesta quinta-feira (21) em Brasília.

O trabalho de Bruna, orientado pela professora Tahis Regina Bau, trata da avaliação das propriedades funcionais tecnológicas do okara desidratado e sua aplicação em biscoito tipo cookie. A ideia da pesquisa surgiu dos estudos da professora que, durante o mestrado e o doutorado, trabalhou com o extrato de soja (leite de soja) e verificou que, na obtenção desse produto, é gerado um resíduo altamente nutritivo, o okara, que é descartado. A indústria também aproveita muito pouco a potencialidade deste resíduo, uma vez que é destinado basicamente para a ração animal. “Percebemos que a indústria de alimentos tinha muitos resíduos que não são aproveitados e com alto valor nutricional, como o okara, e pensamos em utilizá-lo na produção de biscoito por ter uma boa aceitação entre as pessoas”, explica a aluna.

Em sua pesquisa, Bruna aponta caminhos para aumentar o tempo de conservação do resíduo após o descarte e propõe seu reaproveitamento na formulação de alimentos. “A população em geral e a indústria desprezam este resíduo por desconhecerem seus benefícios. O okara tem potencial para melhorar os aspectos funcionais de um produto quando acrescentado à sua fórmula”, explica Bruna.

A jovem pesquisadora começou a substituir a farinha de trigo da receita tradicional de cookies pelo okara e já conseguiu trocar em até 75% esse ingrediente pelo resíduo. “Dessa forma, temos uma biscoito mais nutritivo e uma produção mais barata”, destaca Bruna.

O trabalho contemplado no prêmio do CNP traz resultados parciais do projeto de pesquisa desenvolvido no Câmpus São Miguel do Oeste e apoiado pelo Edital 14/2014 da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação. Como premiação, Bruna receberá um Macbook Pro e uma bolsa de Iniciação Científica Júnior, com vigência de um ano. “Me sinto honrada em ter sido premiada, pois é um reconhecimento do trabalho desenvolvido e, dessa forma, sentimos que podemos contribuir para melhoria da segurança alimentar e nutricional, com adoção de medidas simples”, conta a jovem.

Quem reconhece o esforço e o potencial de Bruna é a sua orientadora. “Acredito que para ser um bom pesquisador é fundamental ser observador, empenhado, desenvolver as atividades com paciência e analisar os resultados com criticidade. A Bruna tem essas características que, aliadas ao seu esforço, levaram à obtenção deste importante prêmio”, ressalta a professora Tahis.

Atualmente, Bruna está no último ano do urso técnico integrado em Agroindústria. Moradora de Descanso, cidade próxima a São Miguel do Oeste, a estudante soube do IFSC por amigos que já estudavam na instituição. “Gosto bastante de estudar aqui, principalmente, pela qualidade do ensino”, destaca. Ao terminar o curso no IFSC, Bruna pretende fazer Engenharia de Alimentos e continuar trabalhando com pesquisa.