O Câmpus Caçador do Instituto Federal de Santa Catarina realiza nos dias 29 e 30 de junho a Mostra de Cultura Haitiana. A programação do evento conta com a exposição Haiti-Bombagai, do fotógrafo Radilson Carlos Gomes, degustação de comida típica e um bate-papo com imigrantes.

Segundo a professora Luana de Gusmão Silveira, a ideia da mostra surgiu durante as aulas do curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Estrangeiros. Ela conta que o objetivo do evento é incluir o imigrante haitiano na comunidade local. “Infelizmente, muitos chegam carregados de sonhos, em busca de uma vida melhor, mas acabam se deparando com uma realidade muito dura”. O público da mostra vai poder conhecer um pouco mais sobre o Haiti e conversar com os alunos haitianos sobre sua cultura.

Durante os dois dias de programação, estará exposta a série fotográfica “Haiti-Bombagai” de Radilson Carlos Gomes, que fotografou o Haiti após o terremoto que atingiu o país em 2010. Além de expor seu trabalho, Radilson também ministrará uma palestra sobre a exposição e uma oficina de fotografia, com vagas para 60 participantes. Para participar da oficina, é necessário efetuar inscrição e ter no dia da atividade uma câmera fotográfica ou telefone celular com câmera. A oficina de fotografia vai trabalhar a prática do olhar fotográfico, não sendo necessário equipamento profissional. A taxa de inscrição é a doação de 1kg de alimento que será destinado aos imigrantes. Clique aqui e confira a programação completa.

Sobre o curso

No Câmpus Caçador, são 31 alunos no curso de qualificação, com idades entre 21 e 50 anos. Os horários das aulas foram adaptados à rotina de trabalho dos haitianos. A prática da Língua Portuguesa acontece a todo momento em sala de aula através de diálogos, músicas e histórias infantis contadas pela professora Luana. O idioma é o único usado durante as conversas em sala de aula para que todos se familiarizem com a língua e aprendam a ouvir e a falar o português.

Luana diz que um dos métodos que tem usado para que os alunos pratiquem a escrita do novo idioma é a confecção de diários. No início, os imigrantes tinham dificuldades de escrever suas histórias de vida. A professora percebeu que havia um bloqueio devido aos momentos difíceis que passaram até chegar ao Brasil e, com a ajuda da psicóloga Andressa Fontoura Maria, realizou atividades dinâmicas durante as aulas, que logo deram resultados e encorajaram os alunos haitianos a escreverem sobre suas vidas. Além dos diários, as turmas também tem um grupo no Facebook para conversar em português.

Outros câmpus

O Câmpus São Carlos também oferece o curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Estrangeiros. Duas turmas foram formadas, nos períodos matutino e vespertino, para facilitar a rotina dos imigrantes, já que muitos deles trabalham em frigoríficos de Chapecó. Para que os alunos não precisassem se deslocar até o Câmpus São Carlos, foi feita uma parceria com a Igreja Quadrangular de Águas de Chapecó, frequentada pela maioria dos imigrantes haitianos, onde são realizadas as aulas do curso, que atende 65 alunos regulares.

Pela impossibilidade de utilização de recursos multimídia durante as aulas, o professor Marcos de Oliveira Treptow coloca a Língua Portuguesa em prática com os alunos através de diálogos em sala de aula, folhetos publicitários, jornais, revistas, mapas e folders turísticos. Dessa forma, Marcos trabalha com os alunos a escrita, a leitura, a interpretação de textos, a oralidade e a cultura do Sul do Brasil. Também são feitas atividades lúdicas como a criação de diálogo entre personagens de histórias, simulando pequenas peças de teatro. As gírias e expressões locais, os hábitos e outros aspectos culturais também fazem parte do aprendizado.

O Câmpus Jaraguá do Sul encerrou no último domingo, dia 14, as inscrições para a primeira turma do curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Estrangeiros. Entre os 58 inscritos que concorrem as 40 vagas ofertadas pelo câmpus, 46 são haitianos. As aulas curso no Câmpus Jaraguá do Sul iniciam em julho.