Astrônomos compartilham novidades da Astronomia e trocam experiências didáticas

24. julho 2015 | Escrito por | Categoria: Câmpus Araranguá, Matérias
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Participantes do 4º SCA

O Câmpus Araranguá do IFSC foi sede do 4º Simpósio Catarinense de Astronomia, realizado nos dias 23 e 24 de julho. Astrônomos profissionais e amadores, professores e estudantes de licenciatura compartilharam novidades em pesquisas na área e trocaram experiências sobre formas mais criativas do ensino da Astronomia nas escolas.

O 4º Simpósio foi organizado pelo Clube de Astronomia de Araranguá, grupo que reúne alunos, ex-alunos e professores do curso de Licenciatura em Física do Câmpus Araranguá. Participaram 120 inscritos de várias regiões do Estado, além de representantes do Laboratório Itinerante de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS.

Sobre o ensino da Astronomia, foram apresentados vários projetos destinados a estudantes do Ensino Fundamental e do Médio. Os intercambistas Ricardo Gutierrez Garces e Cindy Estrada Jiménez desenvolvem o projeto “Astronomia e Física vão à escola e à comunidade”. Realizado inicialmente em Medelín, Colômbia, o projeto utiliza textos antigos sobre observações astronômicas para ensinar a ciência, aliada a conhecimentos históricos. Também foram construídos diversos instrumentos antigos, como a bússola, o astrolábio e o globo anilar, para demonstrar como os antigos navegadores se orientavam a partir do sol e das estrelas. “O objetivo é despertar a curiosidade científica das crianças”, afirma Ricardo. Atualmente, o projeto é desenvolvido em Florianópolis, a partir da UFSC.

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Apresentação do globo anilar

Outro exemplo de ensino de Astronomia nas escolas foi a oficina de observação de manchas solares, apresentada pelos estudantes Thayse Adineia Pacheco e Emanuel Fortes Teixeira. Eles destacaram a influência das atividades solares na vida na terra, como as interferências nas telecomunicações.

Também foram abordadas diversas pesquisas científicas e temas atuais da Astronomia. O pesquisador do Instituto de Física da UFRGS, Gustavo Salerno, apresentou as descobertas da sonda New Horizon, enviada pela Nasa, e que recentemente passou por Plutão. A sonda, com tamanho aproximado de um carro, custou US$ 700 milhões e levou 10 anos para chegar ao último planeta do Sistema Solar e sua lua, Caronte, e agora é a primeira sonda a ultrapassar as fronteiras do Sistema Solar. Gustavo destacou que algumas tecnologias da sonda foram criadas por grupos de estudantes. “É cada vez mais fácil projetar satélites e sondas. Há até sondas feitas com telefones celulares. O difícil ainda é lançar esses foguetes e mantê-los”, afirma.

A observação amadora e profissional também foi tema do Simpósio. O coordenador do Observatório Astronômico de Brusque, Silvino de Souza, apresentou as aventuras de observação de eclipses solares e lunares em várias partes do mundo e deu dicas de como utilizar a câmera fotográfica nessas situações. O professor Alexandre Amorim, coordenador de observações do Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brasilício de Souza (Neoa – JBS) do Câmpus Florianópolis do IFSC, apresentou várias dicas de observação de eclipses, a olho nu, com binóculos, telescópios e fotografias.

Prêmio José Brasilício de Sousa

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Rodolfo Stotz Neto (segundo à esquerda) recebeu o prêmio Brasilício de Souza

Durante o 4º Simpósio foi entregue o Prêmio José Brasilício de Sousa, promovido pelo Neoa e destinado a astrônomos que contribuíram para o avanço da ciência em Santa Catarina. Este ano o homenageado foi o presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da UFSC, professor Adolfo Stotz Neto. “Este prêmio é um incentivo para que eu continue esse trabalho que venho fazendo há 30 anos. Divido esse prêmio com todos do GEA, pois ninguém faz nada sozinho”.

Na presidência do GEA desde 1987, Adolfo destaca que não é preciso vultosos investimentos para o estudo da Astronomia em Santa Catarina. Pelo seu clima, o Estado não é propício à instalação de telescópios de grande porte. Porém, poderia haver mais incentivo de parcerias com grandes observatórios, como o instalado no deserto do Atacama, no Chile, ou no Havaí, nos Estados Unidos. “Temos que participar desses projetos internacionais com a nossa grande capacidade. Nós temos por exemplo o Mário Novelo, um brasileiro que trabalha como Stephen Hawking, mas que poucas pessoas conhecem”, afirma.

Para Adolfo, o fundamental é “incentivar pessoas”, muito mais que construir grandes obras. No Ensino Médio, por exemplo, o ensino de Astronomia ainda é muito deficiente, resumindo-se a poucos conteúdos nas aulas de Geografia ou Física, com conteúdos desatualizados ou muitas vezes errados. “Os assuntos da Astronomia são extasiantes, as crianças têm verdadeira adoração para isso. Então, temos que preparar bem nossos professores”.

Em 30 anos de existência, o GEA já realizou mais de 60 cursos, realiza palestras semanais a professores do Ensino Fundamental, além de diversas atividades de incentivo à ciência. Além disso,

Santa Catarina tem núcleos de estudo de Astronomia em várias regiões, no Oeste, Sul, Norte, Vale do Itajaí e na Capital. Além do estudo científico, esses núcleos trabalham na divulgação e no incentivo à ciência.

Clube de Astronomia

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Participantes do Clube de Astronomia de Araranguá

O Clube de Astronomia de Araranguá foi criado em 2011 para que os alunos do curso de Licenciatura em Física tivessem mais subsídios para aprender e ensinar a disciplina. O professor Rafael Ramos Maciel é ex-aluno do IFSC, mas continua participando do clube. “O clube foi criado para que os estudantes aprendam Astronomia, mas também aprendam a divulgar a ciência, esse é o principal objetivo”, destaca.

A aluna da 6ª fase do curso de Licenciatura em Física, Keterllin Farias, é bolsista do Pibid no Clube de Astronomia. Ela explica que o Clube tem sede no IFSC, porém, é aberto a todos os interessados. “Todas as palestras têm grande importância, pois falam de uma diversidade de assuntos. Para mim, o mais importante é reunir esses astrônomos amadores e profissionais e divulgar o que está sendo feito aqui na região”.

O professor Israel Müller dos Santos, coordeandor do Clube, destaca que em Araranguá é possível fazer uma observação bastante clara do céu. Os dois telescópios do Clube auxiliam a realizar práticas de observação. O objetivo do Clube é ainda promover mais oficinas e expandir a prática para outros câmpus. Israel destaca que eventos como o 4º Simpósio proporcionam uma troca importante de informações para os alunos.

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