Projeto Crioulas é apresentado para alunos do Câmpus Lages
16. setembro 2015 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Lages, MatériasNo último dia 27, o Câmpus Lages recebeu a visita do Engenheiro Agrônomo João Zanatta, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Ele veio propor aos alunos do IFSC a continuação do “Projeto Crioulas”, que é desenvolvido na empresa.
O objetivo do “Crioulas” é o levantamento e coleta de propágulos (ramos para estaquia e enxertia) de espécies frutíferas naturalizadas e sementes nativas nas cidades de Lages, Pinheiro Preto, Tangará, São José do Cerrito, Painel, Urupema e São Joaquim. Zanatta explicou aos alunos do segundo e terceiro módulos do Técnico em Agroecologia um pouco do histórico do projeto e sua importância para a cultura e economia local.
“Um dos objetivos do projeto continuar divulgando as tradições campeiras”, diz. De acordo com o pesquisador, dentre as espécies frutíferas naturalizadas (trazidas da Europa) o marmelo era muito utilizado pelos serranos na fabricação de doces (marmelada). Já a maçã era aproveitada na forma conhecida como “carona”. “Os tropeiros secavam a maçã ao sol e usavam esse produto desidratado para fazer chá”, completa. Ainda eram cultivadas a pêra e a uva.
Na área das sementes, o projeto trabalha as formas crioulas – aquelas que não são desenvolvidas por empresas (em laboratório), mas mantidas de geração em geração pelo próprios agricultores – de milho e feijão. Além do levantamento das espécies, o projeto se destaca pela aproximação com os produtores da região. Por meio de visitas, onde eles respondiam a questionários, era possível identificar as formas de produção, armazenamento e aproveitamento dos produtos. “É preciso preservar o legado, não apenas do material genético dessas espécies, mas do conhecimento desses agricultores sobre elas”, explica Zanatta.
Continuidade
O pesquisador veio ao Câmpus convidado pelo professor Roberto Komatsu, com a finalidade de explicar o projeto e sugerir que o Câmpus Lages do IFSC desse continuidade a ele, já que a Epagri não o fará. As sementes crioulas se enquadram nos princípios da Agroecologia, ou seja, uma produção orgânica, sem uso de venenos e modificações genéticas (trangenia). Para o professor, o projeto interessa à instituição.
“Vamos discutir o assunto em reunião do departamento. Há grande chance, pois vários professores demonstraram interesse em dar continuidade ao projeto, que vem ao encontro das nossas diretrizes. Dele podem sair muitas pesquisas sobre as sementes crioulas, pois não conhecemos bem ainda as pragas e doenças, e as características funcionais dessas sementes. Isso pode gerar um ‘marketing’ sobre as espécies e transformar o câmpus em referência na região”, afirma.
Integração entre os cursos
Entre as sementes crioulas disponíveis, existe uma variedade do milho que apresenta uma coloração roxa. O professor explica que espécies que possuem essa coloração são ricas em uma substância chamada antocianina, que um antioxidante natural, atuando no combate aos radicais livres que causam o envelhecimento precoce das celulas.
“Isso nós sabemos por ser uma característica comum devido à coloração, mas estudos ainda não foram feitos. Aqui no câmpus esse projeto pode ser desenvolvido em parceria com os outros cursos da área de ambiente e saúde (Análises Químicas e Biotecnologia), realizando pesquisas com resultados a curto e médio prazo”, finaliza.