Uma das muitas atividades do 14º Didascálico foi a troca de experiências entre o Cineclube Ó, Olhó, Olhó, do Câmpus Florianópolis, e o Cineclube Armação. Na tarde de sexta-feira (11), os coordenadores do Cineclube Armação, Vicente Pozzobon e Maria Rocha, contaram um pouco sobre a experiência de cineclubismo na comunidade.

Vicente Pozzobon, que também integra a diretoria da Federação Catarinense de Cineclubes e o Conselho Nacional de Cineclubes, explica que a comunidade acabou se unindo em torno do cineclube. “Surgiram muitos cinéfilos. Exibimos muitos filmes de artes, difíceis de encontrar. Também temos muitas produções nacionais. A produção brasileira ainda é desconhecida do grande público”. Ele explica que, atualmente, 80% da produção cinematográfica exibida no Brasil é norteamericana, 14% nacional e 6% são de produções europeias e de outros países com menor expressão, com Japão, África, Ásia, entre outros.

Durante o debate, Vicente apresentou a forma de trabalho do Cine Armação e respondeu a perguntas dos alunos sobre como desenvolver o Ó, Lhó, Lhó, criado há um ano. Para o estudante Victor Caetano, “o cineclube agrega a diversão de ver um filme com aumentar nosso conhecimento, debater sobre os filmes. Acho que isso é a essência”. Laura Emerim afirma que o cineclube é uma troca de experiências entre o grupo.

A coordenadora do Cineclube, professora Gizely Cesconetto de Campos, ressaltou a formação política e cultural dos alunos participantes. Também destacou projetos que o Ó, Lhó, Lhó pode desenvolver, como intercâmbio com outros cineclubes e a retomada da Fecacine, federação que reúne cineclubes em Santa Catarina.

Vicente e alunos do IFSC, integrantes do Cineclube, pintaram uma tela branca em padrão adequado para a exibição de filmes no câmpus. O próximo desafio é melhorar a acústica da sala. O Cine Armação fez várias sessões de cinema durante o Didascálico, todos tendo como temática a migração. Na sexta-feira, encerrando a programação, exibiram a produção francesa “Entre Vizinhos”.

O Cine Armação

O Cine Armação foi criado em 2004, quando a Central Única dos Trabalhadores (CUT) levou para a comunidade da Armação alguns projetos sociais, entre eles uma oficina de cinema. Desde então, são realizadas sessões de cinema todo o sábado, seguidas de conversa sobre o filme, no Auditório da Escola Municipal Dilma Lúcia dos Santos.

A princípio, o Cineclube funcionava com equipamento emprestado. Em 2010, participou do edital Cine + Cultura, do Governo Federal, e recebeu um equipamento próprio. Em 2014, o Cineclube participou de novo edital para realização do projeto “Terra à Vista”, que consistiu na exibição de filmes para comunidades tradicionais da Bahia. Como resultado, foi realizado o documentário “Deixe-me viver”, com depoimentos de moradores dos locais visitados. Além disso, já realizou diversos projetos em escolas e cineclubes catarinenses, incentivando o amor por esta arte.