Memorial do IFSC relembra enchente de 1995 em Florianópolis
22. dezembro 2015 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, MatériasNa véspera do Natal de 1995, a Grande Florianópolis recebeu um presente de Natal indesejado: uma forte chuva causou uma enchente em diversas áreas da cidade, com a morte de três pessoas (uma na Capital e duas em Palhoça – este último município ficou cerca de 60% debaixo d’água, segundo estimativas dos bombeiros).
Segundo a estagiária de Museologia do Memorial do IFSC – Câmpus Florianópolis, Elaine Bilck, a ideia de registrar os 20 anos da enchente na região veio do impacto que o fenômeno teve no Câmpus. “ Como o Memorial tem o intuito de preservar a memória da instituição, essa data não poderia passar em branco, porque o câmpus e o próprio acervo do memorial conta essa história, foi participante desse momento que envolveu toda a cidade”, afirma.
Para o IFSC, a perda foi significativa. Além da sujeira, danos a equipamentos, laboratórios e área de lazer, muitos documentos da história do câmpus foram completamente destruídos. Atualmente, no Memorial, parte do cavalete e das caixas de tipos que fazem parte da exposição temporária no local mostram vestígios de lama e marcas d’água. “Havia a possibilidade de recuperar e limpar totalmente esse material, mas achamos que preservar os vestígios de lama era preservar a memória desse capítulo triste da nossa história”, explica o vice-diretor Marcelo Martins, responsável pela coordenação do memorial.
“Uma outra coisa que poucas pessoas lembram é que, como o IFSC, então Escola Técnica, era muito querido pela comunidade, depois que as pessoas limparam as suas casas, moradores da região central vieram ajudar na limpeza do câmpus. Não havia distinção hierárquica, social, nem econômica. Estavam todos unidos por um objetivo em comum”, conta Elaine.
Sobre a enchente
Além da precipitação acumulada – das 9h do dia 24 até as 10h do dia 25 choveu cerca de 165 milímetros, acima da média mensal , que era de cerca de 140 milímetros –, outros fatores contribuíram para que o resultado fosse tão trágico. A chuva incessante coincidiu com a maré alta e a falta de manutenção de galerias pluviais e de limpeza de rios, tanto que lugares historicamente preservados de enchentes – como a cidade de Palhoça, acabaram submersos. Em Florianópolis, as regiões mais atingidas foram Trindade, Agronômica, Itacorubi, Saco dos Limões e Centro. Na madrugada do dia 25, as rodovias SC-401 (para o norte da Ilha) e SC-404 (para o sul), foram interditadas. Confira um trecho da reportagem do Jornal AN Capital de 2005, que relembrou os 10 anos da tragédia:
“(…) Mesmo quem não foi atingido diretamente pela água passou aperto. Até o dia 28 ainda não tinham sido recuperados por completo os serviços de telefonia, abastecimento de água e energia elétrica. A preocupação estava agora com a possibilidade de aparecimento de doenças como a leptospirose. No dia 29, segundo o AN Capital, havia 200 casas com risco de desmoronamento na cidade. Em Santo Amaro da Imperatriz foi registrada perda total da safra de hortaliças e verduras do município. Em 30 de dezembro o jornal publicou que metade da malha viária da Capital estava destruída e que três casos de leptospirose tinham surgido na cidade.”
Confira aqui um vídeo que mostra um pouco da chuvarada em 1995. Para ver mais fotos, clique aqui.