“Para aprender, basta estar vivo”. É com esta frase que Vilce Battisti, 77 anos, consegue explicar o que se pode considerar uma descoberta recente para ela: aprender a mexer no computador e conseguir realizar o sonho de escrever um livro.

A vontade de contar histórias sempre esteve presente, mas a habilidade para abrir um programa simples de edição de texto, usar o teclado para digitar, e salvar, eram novidades para dona Vilce até 2014.

Foi neste ano que ela decidiu se matricular em um curso de Operador de Computador no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Xanxerê, cidade onde ela e a família moram há 50 anos. “Fui junto com uma das minhas irmãs até o IFSC, ela foi se matricular em um curso de costura. E eu vi um cartaz com a propaganda desse curso de informática. Me matriculei e aprendi com o professor Luiz Lemos que o computador servia para muitas outras coisas, além de jogar paciência”, brinca.

Dona Vilce não parou por aí. Logo em seguida se matriculou em outro curso gratuito: de produção de texto dissertativo e teve a ajuda da professora Eliane Camillo. “Eu já havia escrito algumas ideias do livro a mão, mas precisava digitar e precisava de alguém que corrigisse para mim. E os professores do IFSC me ajudaram em tudo isso”, conta a agora escritora.

Os professores deram tanto valor para o momento da aluna que a encontravam inclusive fora da sala de aula. “Ela sempre foi muito dedicada e para mim é uma honra participar de um momento como este. Lembro que fui na casa dela inclusive em um domingo, li todo o livro ainda escrito a mão e ajudei a organizar”, lembra o professor de Informática, Luiz Lemos, durante o lançamento do livro no IFSC Xanxerê.

A professora Eliane também lembra do processo até a publicação do livro: “acompanhei e orientei a escrita, ajudei a corrigir e depois partimos para a publicação pela editora de Xanxerê “Pedro Y João de São Paulo”. Fiz isso porque a Vilce é um exemplo a ser admirado por todos nós, pela sua vivacidade, sua simplicidade, sua superação.”

Mas, afinal, o que Dona Vilce conta no livro? Ela se transportou para a década de 1940, se transformou em uma criança novamente para contar a travessia de 28 dias que a família fez em uma carroça, quando se mudou do Rio Grande do Sul para Santa Catarina.

As histórias ainda continuam com a fundação do bairro Veneza, em Xanxerê, e das brincadeiras e descobertas da infância. Acompanhe um trecho:

“Um dia meu padrinho estava lá em casa conversando com meu pai. Dei-me conta que ele chamava meu pai de Avelino. _Mas o que é isso? Fiquei indignada e fui reclamar com minha mãe. Ela me explicou que aquele era o nome do meu pai, e que todos tinham um nome. Mas para mim, ele era o meu PAI e PAI bastava. Descobri que minha mãe também tinha outro nome, que era Linda. Eu custei para me conformar, mas fazer o quê, se os adultos são tão complicados!”

 
Como adquirir o livro
Obra: Meu pequeno mundo
Valor: R$ 25
Local: IFSC Xanxerê – (49) 3441-7900