Palestra sobre vinhos de altitude apresenta o setor aos alunos do curso de Agronegócio
18. abril 2016 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Lages, MatériasVinhos finos, vinhos de mesa, enoturismo. Esses foram alguns dos termos apresentados na palestra “Vitivinicultura em Regiões de Altitude de Santa Catarina: realidades e perspectivas”, ministrada pela Engenheira Agrônoma Betina de Bem aos alunos do I, III e IV módulos do curso técnico em Agronegócio do Câmpus Lages nesta quinta-feira (14).
A palestrante explicou as diferenças entre os termos utilizados no ramo de vinhos, como por exemplo vitivinicultura (quando é produzida a uva específica para a fabricação de vinhos) e vinicultura (quando é o cultivo da uva para consumo direto). Betina também também apresentou um histórico do ramo de vinhos de altitude – que são aqueles produzido acima de 900 metros do nível do mar – desde o estudo apresentado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) em 1999, que verificou o potencial da região da Serra e Meio Oeste Catarinense para o plantio de uvas finas.
“Foi verificado um ótimo terroir (terreno em francês). Na produção de vinhos, essa palavra significa mais do que isso, ela é o conjunto de características que definem um bom local para a produção vitivinícola, como solo, clima, força de trabalho e outras variáveis”, explica Betina. A Serra Catarinense apresenta, além da altitude, noites com baixas temperaturas, o que retarda o processo de colheita da uva. Com isso, a fruta fica “maturando” por mais tempo e acumula os compostos importantes para a fabricação de vinhos. “Em comparação com a Serra Gaúcha, colhemos a uva com até dois meses de diferença”, completa.
“Foi muito interessante. Ela (Betina) trouxe vários dados que não sabia e gostei de descobrir porque é uma atividade aqui da região. Confesso que não sabia que havia tantas vinícolas na Serra Catarinense”, comenta Vivian Neckel, aluna do III módulo do Curso Técnico em Agronegócio.
Atualmente são 35 vinícolas na região de altitude – que compreende Serra e Meio Oeste – cultivando mais de 600 hectares de uva e produzindo 200 rótulos diferentes. O mercado consumidor é basicamente nacional, com o estado de São Paulo absorvendo em torno de 50% das mais de 1,2 milhão de garrafas comercializadas. Segundo Betina, o sucesso do setor, mesmo com pouco tempo de atividade, em torno de 15 anos, é devido à primazia pela qualidade desde o início do processo, o que já rendeu prêmios em diversos eventos do setor pelo mundo.
Mas, nem tudo é harmonia na atividade. A palestrante alerta para os riscos da produção, como a sensibilidade da uva a geadas, principalmente tardias, e seu longo tempo de recuperação do investimento. “Leva de sete a oito anos entre o plantio e a comercialização do vinho. Isso porque, além da colheita e produção, há o tempo de guarda da bebida nos barris”, alerta.
Enoturismo
Outro ponto positivo da atividade vitivinícola são os serviços ligados ao vinho. Boa parte das vinícolas da região (73%) investiu no enoturismo, deixando sua estrutura pronta para receber visitas guiadas às parreiras, hospedagem, degustação da bebida e gastronomia e locação do espaço para eventos. De maio a agosto são os meses de maior movimento do enoturismo. Mesmo em atividade, o setor tem um grande potencial de crescimento, principalmente se comparado a outras regiões. Para garantir esse crescimento, segundo a palestrante, é preciso contar com o apoio do poder público em parceria com a iniciativa privada, para garantir as condições de acesso e infraestrutura para atrair o turista.
“Este tipo de momento é de suma importância aos alunos, pois os conhecimentos passados agregam cada vez mais na formação profissional, o que garante a eles novas oportunidades de trabalho, pois, como foi dito na palestra, ainda existe um deficit de mão de obra nos seguimentos relacionados a produção da uva e o enoturismo”, comenta o coordenador dos cursos de Agroecologia e Agronegócio, Fernando Zinger.