Professores do IFSC recebem Medalha Cruz e Sousa
10. maio 2016 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, Câmpus São José, Eventos, Gestão de Pessoas, MatériasOs professores Marcos Aurélio Neves, do Câmpus Florianópolis, e Marcelo Luiz Pereira, do Câmpus São José, foram homenageados na segunda (9) pela câmara de vereadores da Capital com a Medalha Cruz e Sousa, honraria concedida a pessoas negras ou defensores da raça negra, nas áreas cultural, desportiva, de desenvolvimento social e educacional. A homenagem sempre é realizada na semana alusiva ao Dia da Abolição da Escravatura, que é 13 de maio. A cerimônia de entrega da medalha ocorreu no plenário da câmara.
Marcos Aurélio Neves (à esquerda na foto), nascido em Maringá (PR), é graduado em Física e mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É servidor do IFSC há 28 anos, atuando como professor do atual Câmpus Florianópolis desde 1995 (antes, trabalhou como técnico de laboratório). Foi professor voluntário entre 1994 e 2006 no curso pré-vestibular comunitário coordenado pela Fundação Padre Vilson Groh. Foi presidente da Associação dos Servidores da Escola Técnica Federal (Asetefesc) e membro fundador da Seção Sindical que representa os servidores do IFSC em 1991.
Coordenou a seção duas gestões: 2001/2 e 2012/1. É coordenador desde 2009 do Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brazilício de Souza, do Campus Florianópolis, e atualmente é vice-diretor-geral do câmpus. “Essa homenagem não é tanto algo pessoal, mas uma vitória dos movimentos sociais e sindicais dos quais participei”, comenta Marcos.
Marcelo Luiz Pereira é natural de Florianópolis, nasceu no Morro da Caixa e a maior parte de sua juventude viveu no Morro do 25, sempre estudando em escola pública. Possui graduação em Engenharia Mecânica (1990) e mestrado em Engenharia pela UFSC (1995), doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade de Queensland, na Austrália (2008). Atualmente é professor da área de Refrigeração e Climatização, além de coordenador de Pesquisa do Câmpus São José. “Consegui chegar até aqui por ter uma base familiar forte. Sinto muito orgulho e, ao mesmo tempo, tristeza por saber que são poucas pessoas negras que atingem o que atingi”, diz Marcelo.
Trajetória acadêmica, participação em movimentos sociais e exemplo para outras pessoas negras foram alguns dos motivos que levaram os professores do IFSC a receber a homenagem.
“O Marcos é um militante de movimentos sociais que tem uma dedicação profunda na luta contra as desigualdades”, define o vereador Afrânio Boppré, responsável por indicar Marcos como agraciado com a medalha. “O Marcelo é um exemplo de superação. A homenagem é para mostrar a outras pessoas negras que é possível chegar aonde ele chegou”, destaca o vereador Felipe Teixeira, que indicou Marcelo Pereira.
A medalha leva o nome de um dos maiores poetas brasileiros, João da Cruz e Sousa, filho de escravos que revolucionou a poesia, foi o precursor do simbolismo no Brasil e se transformou em um dos símbolos da contribuição dos negros para o crescimento do país. Cruz e Sousa nasceu na então Desterro, hoje Florianópolis, em 24 de novembro de 1861, e apesar de conhecer várias línguas foi impedido de ter acesso a posições sociais e profissionais por causa da cor de sua pele.