Método de ensino de idiomas do Câmpus Florianópolis é considerado destaque no país
21. julho 2016 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, MatériasA professora de inglês Denize Nobre de Oliveira, do Câmpus Florianópolis do IFSC, saiu da capital catarinense no começo do ano para o Programa Setec-Capes/Nova de capacitação para professores da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica – uma capacitação de dois meses na Califórnia, nos Estados Unidos. Nas primeiras semanas, ela e a professora Lênia Gleize, da Assessoria de Português do câmpus, participaram das atividades para aprender o máximo possível. Mas foi só na última semana de participação, quando os grupos se reuniram para contar suas experiências no ensino de línguas estrangeiras na educação tecnológica, que Denize descobriu que tinha muito a ensinar.
“Na última semana da capacitação, os participantes apresentaram como funcionava o ensino de idioma em seus câmpus e, quando mostrei como era o do Câmpus Florianópolis, ficaram todos surpresos e interessados”, conta a professora. Desde então, professores de outros institutos federais têm vindo ao câmpus para conhecer e poder implementar esse modelo em suas instituições. Na terça, dia 19, estiveram no câmpus as professoras Elane Kreile Manhães e Cristiane de Paula Bouzada, do Instituto Federal Fluminense (foto acima, à direita). Em junho, Mauro Bittencourt dos Santos, do Câmpus São Francisco do Sul do Instituto Federal Catarinense, também veio conhecer o método de ensino (foto à esquerda).
Segundo ela, em quase todos os Institutos Federais do país e mesmo nos demais câmpus do IFSC, as aulas de idiomas funcionam exatamente como numa escola de Ensino Médio: as aulas são ministradas por turma do curso. “Em 2002 o Câmpus Florianópolis realizou um seminário sobre o ensino de línguas e surgiu uma demanda dos alunos, questionando esse modelo”, lembra Denize, que ainda não era professora do IFSC na época. A partir de 2003, então, os alunos passaram a fazer uma prova de proficiência no começo do terceiro trimestre do curso de técnico integrado e, a partir daí, separados em diferentes níveis – por isso, em uma mesma turma de inglês, é possível encontrar estudantes de diferentes fases e cursos.
“O que se percebe é que quando as aulas são com a mesma turma do curso, no modelo antigo, os alunos que sabem mais se entediam, e os que não sabem não participam porque ficam com vergonha. Então, o nível da aula acaba sendo baixo em termos de conteúdo e sem a participação dos alunos. Além disso, na Educação Profissional o ensino acaba sendo muito focado no inglês técnico e na leitura, e não é somente isso de que os nossos alunos precisam”, explica Denize, contando ainda que com o modelo por níveis, as aulas trabalham todos os aspectos (escrita, leitura, fala e escuta), além de preparar para os programas específicos de intercâmbio, como o Propicie. “Para o Propicie, é realizada uma entrevista. Se o aluno não tiver trabalhado a oralidade, não vai passar.”
Outra vantagem do modelo do Câmpus Florianópolis é que, apesar de se ter um plano de aula, o conteúdo pode ser adaptado de acordo com a necessidade da turma. Por exemplo, se os alunos notam que estão com dificuldades em escrever artigos acadêmicos, os professores podem focar nesse tipo de linguagem.
“Os professores também costumam ficar com a mesma turma todos os semestres, o que também é um diferencial”, afirma Denize. Além disso, com a logística das salas, que são lado a lado, também é possível fazer trabalho entre os níveis. “Um aluno do nível 3 pode ir fazer uma apresentação oral para os alunos do nível 1. Ou os professores podem trocar de turma por um dia para propor atividades diferenciadas.” Uma dessas atividades foi a palestra sobre os 400 anos de William Shakespeare, com a mestre Janaína Mírian Rosa, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizada na quarta, 20 de julho, totalmente em inglês.
Ao fim da capacitação, Denize precisou elaborar um plano de trabalho de no mínimo 12 meses de duração (veja lista abaixo). Um dos objetivos era a preparação e aplicação das provas do Test of English for International Communication (Toeic). O Toeic é um teste de proficiência em língua inglesa focado nos níveis básico e intermediário. O Toeic Bridge foi criado pelos fundadores do Test of English as a Foreign Language (Toefl) para avaliar os candidatos em níveis de transição, verificar seu progresso e estabelecer metas de estudo. O exame não aprova ou reprova. Já foram realizadas duas aplicações do Toeic no câmpus (foto).
Confira abaixo a lista de objetivos do plano de trabalho da professora Denize. Destes, apenas o último ainda não está em implantação (a previsão é começar no segundo semestre de 2016).
1. Elaborar e ofertar curso preparatório para testes de proficiência para alunos, servidores e membros da comunidade externa do IFSC;
2. Oferecer aulas de português como língua adicional para imigrantes ou alunos intercambistas do IFSC;
3. Preparar alunos dos cursos técnicos para realizarem provas de Toeic;
4. Propor disciplinas em inglês ministradas em parceria com professores de outras unidades curriculares;
5. Propor diretrizes para criação de Núcleo de Idiomas no Câmpus Florianópolis;
6. Coordenar projetos de extensão para proporcionar a prática da língua inglesa a membros da comunidade externa e interna do IFSC;
7. Ministrar cursos de curta duração de capacitação para professores de língua inglesa da rede pública.
Por Sabrina Brognoli D’Aquino | Jornalista IFSC