Outubro Rosa: pesquisa do Inca revela importância de a mulher conhecer as próprias mamas
21. outubro 2016 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: MatériasEsta semana, vamos divulgar uma importante pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sobre o câncer de mama, neste mês que é dedicado à prevenção e controle desta doença.
Levantamento inédito do Inca com pacientes do Instituto revelou que as próprias mulheres identificam, na maior parte dos casos, sinais e sintomas do câncer de mama, incluindo doença em estágio inicial e intermediário, quando as chances de sobrevida são maiores.
A doença foi percebida pela primeira vez em 66,2% dos casos, pelas próprias pacientes, ao notarem alguma alteração na mama. O percentual de mulheres que identificou a doença por meio da mamografia ou de outro exame de imagem foi de 30,1%, enquanto em apenas 3,7% dos casos a suspeita inicial foi de um profissional de saúde. Ou seja, em dois terços do total, a própria mulher percebeu alterações na mama como possível sinal de um câncer de mama.
O estudo foi conduzido pela equipe do Núcleo de Pesquisa Epidemiológica da Divisão de Pesquisa Populacional do Inca com mulheres que procuraram pela primeira vez atendimento devido a um câncer de mama, entre junho de 2013 e outubro de 2014. Foram ouvidas 405 moradoras do Rio de Janeiro. “É importante que as mulheres notem as mensagens enviadas pelo próprio corpo para que a doença seja descoberta no início”, disse a chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do Inca, a médica epidemiologista Liz Almeida.
Essa percepção é reforçada por outra pesquisa que investigou a sobrevida das pacientes de câncer de mama do Instituto, considerando o estádio (etapa de desenvolvimento) da doença no momento do diagnóstico. Foram considerados os casos de 12.847 pacientes matriculadas de 2000 a 2009 e residentes na cidade do Rio de Janeiro. Os pesquisadores mensuraram os percentuais de pacientes que permaneceram vivas (sobrevida) até cinco anos após o diagnóstico. A sobrevida em cinco anos, de acordo com o estádio da doença no início do tratamento foi de: 88,3% (estádio I), 78,5% (estádio II), 43% (estádio III) e 7,9% (estádio IV).
Liz Ameida acentuou a importância não apenas do diagnóstico, mas também da prevenção. “São cerca de 58 mil casos de câncer de mama por ano”, disse ela. “Apenas com a manutenção do peso corporal adequado seria possível reduzir esse número em 10%”.
A sanitarista da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Redes do Inca, Mônica de Assis, lembrou que as Diretrizes para a Detecção do Câncer de Mama no Brasil foram atualizadas em 2015 e que mulheres e profissionais de saúde precisam conhecê-las. O documento centra-se, fundamentalmente, no rastreamento e no diagnóstico precoce. Segundo as novas diretrizes, a recomendação para a mamografia de rastreamento (quando são examinadas mulheres sem sinais nem sintomas da doença e sem nenhum outro fator de risco, por exemplo, histórico familiar), como política pública de saúde, é na faixa etária dos 50 aos 69 anos, quando o exame é mais efetivo.
A presidente da Fundação Laço Rosa, Marcelle Medeiros, citou pesquisa do Datafolha dando conta que, no Rio de Janeiro, o tempo médio entre a suspeita e o fechamento de diagnóstico de câncer de mama leva nove meses. “O tempo é crucial para o tratamento. Falta política pública”, denunciou.
Para Graciela Pagliaro, médica da Atenção Básica e integrante da Rede de Educação Popular em Saúde, as dificuldades de acesso refletem as próprias desigualdades regionais e inter-regionais. Ela também concorda que há o risco de o excesso de informação sobre o câncer de mama mais confundir do que esclarecer: “Ainda há profissionais que recomendam o autoexame”.
Essa situação com o profissional preocupa a médica do Serviço de Mastologia do Hospital do Câncer III do Inca Elizete Martins. Ela chamou atenção para um dado da pesquisa sobre a primeira percepção do câncer de mama (o de que apenas 3,7% das mulheres entrevistadas tenham sido alertadas em um exame clínico na detecção de suspeitas). “Esse dado é impressionante”, disse, indicando que o profissional também precisa de capacitação. Mais do que isso: como a questão da informação, da escolaridade e do nível de renda são variáveis relevantes no acesso ao tratamento e no cuidado de si.
Com informações de www.inca.gov.br.