Servidores participam de intercâmbio para aprender inglês e conhecer instituição parceira
24. fevereiro 2017 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus Florianópolis, Câmpus Joinville, Campus Xanxerê, Matérias, ReitoriaUm grupo de sete servidores do IFSC participou, entre os dias 23 de janeiro e 17 de fevereiro, de programa de intercâmbio no Alamo Colleges, na cidade de San Antonio, nos Estados Unidos, estado do Texas.
Participaram comigo, Carla Algeri, jornalista da Diretoria de Comunicação, os colegas Camila Gasparin, professora do Câmpus Xanxerê; Carolina Collischonn, professora do Câmpus Florianópolis; Girlane Almeida Bondan, diretora de Assuntos Estudantis; Jussiane Ribeiro da Luz, bibliotecária do Câmpus Joinville; Luiz Fernando de Souza, administrador do Câmpus Florianópolis, e Silvio Aparecido da Silva, estatístico da Pró-reitoria de Desenvolvimento Institucional. Também fizeram parte da turma servidores do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e da Universidad Autonoma Gabriel Rene Moreno, da Bolívia.
Além de participar de um curso de língua inglesa, também pudemos conhecer aspectos importantes da educação superior nos Estados Unidos e sobre o funcionamento dos colleges, instituições comunitárias que oferecem o ensino profissionalizante.
O Alamo College é uma instituição formada por cinco câmpus no condado de Bexar, Texas. Atende cerca de 63 mil alunos em cursos profissionalizantes. Após dois anos de curso, os alunos podem optar por ingressar em universidades da região e, em dois anos, completar o ensino superior. Também dispõem de diversos programas específicos de menor duração que vão desde manutenção de aeronaves a instalação de ar-condicionado.
Estudantes em primeiro lugar
Um dos aspectos que chamaram nossa atenção foram os programas de atendimento aos estudantes. “Students First”, ou “Estudantes em primeiro lugar”, é o lema da instituição. Todos os estudantes são acompanhados por conselheiros, responsáveis por auxiliar nas mais diferentes questões, como escolha das disciplinas para matrícula, problemas com pagamento de mensalidades, orientação profissional, entre outros. Atualmente, há um conselheiro para cada 350 alunos, mas há a intenção de diminuir esse número, com a contratação de mais conselheiros.
Segundo a responsável pelo setor de “Sucesso do Estudante”, Adelina Silva, “nós tentamos formar uma família”. Atenção especial é dada aos estudantes que são os primeiros da família a ingressar no ensino superior, pois têm mais possibilidades de abandonar os estudos para poder trabalhar.
Percebemos que o Alamo Colleges enfrenta alguns problemas semelhantes aos institutos federais, como a grande evasão, falta de assiduidade e de disciplina. Foram apresentados vários projetos no sentido de melhorar os indicativos e o desempenho estudantil.
A instituição desenvolve um programa especial que visa prevenir condutas inadequadas, que envolve, além de professores, servidores e policiamento do câmpus, um trabalho intensivo com os alunos em observar os colegas. Em várias partes do câmpus é possível ver a frase “se você viu alguma coisa suspeita, fale para alguém”. É uma preocupação com a segurança do câmpus e dos alunos.
Há também atenção especial aos novos alunos e os que são considerados alunos “não tradicionais”, como mulheres com filhos, militares da reserva ou portadores de necessidades especiais. A preocupação com o uso de novas tecnologias também existe. São oferecidos treinamentos, como por exemplo em programas básicos, como o Word, para alunos que só utilizam smartphones. Há diferentes usos da tecnologia de acordo com a necessidade dos alunos. Os laboratórios de informática foram reduzidos, pois a maioria dos estudantes já dispõe de computador. Não há cursos totalmente online, mas disciplinas e treinamentos no ambiente Canvas, semelhante ao Moodle utilizado pelo IFSC.
Segundo Girlane Bondan, “é uma oportunidade de conhecer uma instituição similar a nossa, em um país em que a educação profissional tem uma dimensão diferente. A gente pode observar e comparar algumas práticas do Instituto Federal com o Alamo Colleges. Percebemos que lá é muito forte o conceito de ‘aluno em primeiro lugar’, que está presente em todas as ações e planejamentos da universidade”, destaca.
Liderança
Durante toda a nossa estadia no Alamo Colleges, participamos de diversas palestras sobre como a instituição busca desenvolver o conceito de liderança, para que os jovens possam impactar suas comunidades e contribuir no seu desenvolvimento. Blanca Balle Muniz, diretora distrital, disse que o objetivo é “dar aos alunos a visão de que eles podem ir mais longe”. Para isso, os alunos desenvolvem, junto com seus conselheiros, um “plano individual de sucesso”, com orientações sobre a futura carreira. Eles também são orientados quanto à preparação para o mercado de trabalho – além do conhecimento técnico, para habilidades interpessoais. “No Brasil se trabalha com ênfase nessa área apenas no ensino superior, mas esse tipo de comportamento é necessário em qualquer área que demande profissionais qualificados, incluindo o ensino técnico”, destaca o administrado do Câmpus Florianópolis, Luiz Fernando.
Durante nossa visita, pudemos conhecer o “Honnor Students”, programa que atende a um grupo específico de estudantes com desempenho mediano, que são incentivados para que possam ter melhor desempenho acadêmico e prepararem-se para a liderança. Fomos bem recebidos e convidados a fazer uma apresentação especial sobre o Brasil. A professora de Física do Câmpus Xanxerê, Camila Gasparin, o professor Rafael Zortea, do IFSul, e a arquiteta Andrea Pandolfo fizeram uma apresentação sobre o Brasil e sobre o funcionamento dos institutos federais. Os alunos ficaram bastante interessados, especialmente sobre o chimarrão, pois estavam fazendo pesquisas sobre o café. Eles ficaram surpresos com o fato de no Brasil não haver empregos de meio período para os jovens que precisam estudar e trabalhar.
Conhecemos também o professor de origem sul-africana Bekinsizwe Ndimande, que desenvolve pesquisas em “Innovation and Critical Research and Pedagogy”, a partir das ideias do brasileiro Paulo Freire. Ele esteve no Brasil e fez um paralelo entre a educação brasileira, dos Estados Unidos e da África do Sul.
Parcerias com empresas
O Alamo Colleges desenvolve parcerias com diversas empresas e pudemos conhecer algumas delas, como a Toyota. “Um dos principais fatores que me chamaram a atenção, principalmente como administrador, foi a proximidade da instituição Alamo com as empresas locais, visando um trabalho conjunto e contínuo entre elas na formação e capacitação de profissionais, e por consequência a elevação da qualidade do ensino”, ressalta o administrador Luiz Fernando, do Câmpus Florianópolis.
O estado do Texas conta com o “Skills Development Fund”, um fundo governamental criado em 1995 para capacitar mão de obra, em parceria com empresas, e ao mesmo tempo aproveitar a capacidade dos colleges comunitários. São criados cursos especiais, voltados para as necessidades das empresas e sem custos para os trabalhadores. Parte do treinamento é realizado na instituição e outra parte na própria escola.
Ensino da Língua Inglesa
Um dos objetivos do programa foi aperfeiçoar o aprendizado em língua inglesa. Para isso, contamos com uma professora com mais de 30 anos de experiência na docência para estrangeiros. A metologia diferenciada encantou a todos os participantes, pois, mesmo se tratando de um curso intensivo, o aprendizado aconteceu de forma leve e lúdica.
Margarida McAuliffe também se preocupar em nos passar diversos pontos sobre a cultura do Texas. “Meu objetivo foi mostrar o que as pessoas têm interesse. Se o grupo tem interesse em cultura, eu estudo sobre cultura. Se o assunto for tecnologia, eu trago tópico sobre tecnologias”, afirma. Para ela, o mais desafiador para os alunos estrangeiros é manter conversações somente em língua inglesa na sala de aula e fora dela também.
Para a diretora do programa, Carol Fimmen, é importante oferecer o curso e manter contato com instituições como os institutos federais brasileiros. “É importante construir esse relacionamento, especialmente na educação superior, onde temos a responsabilidade de fazer com que os estudantes se desenvolvam como cidadãos globais. Além disso, desenvolver essa parceria que é muito importante para nós”.
Legendas:
Foto 1 – Servidores do IFSC e IFSul com a professora Margarida McAuliffe
Foto 2 – Alunos do curso, do Brasil e Bolívia, e equipe de apoio em visita à Nasa
Foto 3 – Professora Adelina Silva fala sobre programas de apoio aos estudantes
Foto 4 – Professora Camila Gasparin, do Câmpus Xanxerê, fala aos estudantes do programa Honors Students
Foto 5 – Encontro com professor Bekinsizwe Ndimande, estudioso de Paulo Freire
Foto 6 – Visita às instalações de curso de manutenção de aviões
Foto 7 – Atividade em sala de aula
Carla Algeri / Jornalista IFSC