Contribuição das bibliotecas na qualidade dos cursos é tema de Fórum
13. abril 2018 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Câmpus São José, MatériasA contribuição das bibliotecas do IFSC na qualidade dos cursos e ações para tornar esses espaços mais frequentados pelos alunos fizeram parte das discussões do 5º Fórum de Bibliotecas do IFSC, realizado dias 11 e 12 de abril no Câmpus São José.
No primeiro dia, participaram os bibliotecários do IFSC, onde foram tratados temas mais específicos sobre a atuação desse profissional e atualização de procedimentos técnicos. No segundo dia, juntaram-se ao grupo os auxiliares de biblioteca e os técnicos-administrativos lotados nas bibliotecas para debater temas mais gerais e relatos de experiências. Ao todo, cerca de 60 profissionais participaram do evento.
A abertura do 5º Fórum de Bibliotecas do IFSC foi com o procurador educacional do IFSC, Miguel Correia de Moraes, que falou sobre “O Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e a distância: Reconhecimento e Renovação do Reconhecimento 2017”, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que entrou em vigor em dezembro de 2017.
O Instrumento de Avaliação faz parte do sistema de avaliação do Inep que compreende o Enade (avaliação do aluno), a avaliação do curso e a avaliação da instituição. Em sua palestra, Miguel falou sobre a avaliação dos cursos, mais especificamente no que diz respeito à bibliografia, e como a biblioteca pode ajudar o curso a ter um conceito melhor.
“Essa nova forma de olhar está mais qualitativa e menos quantitativa. Ela observa mais os atributos e afere qualidade a um determinado curso. Aí vem a dificuldade sobre como avaliar esses atributos”, explica o procurador. Por isso, a preocupação em esclarecer quais as evidências serão levadas em conta nessa nova avaliação, como o acervo virtual. O seu uso não é obrigatório, mas as instituições e/ou cursos que o implementarem terão melhor nota na avaliação.
Outra forma de os bibliotecários colaborarem com a qualidade dos cursos é informando os coordenadores e o Núcleo Docente Estruturante sobre como a bibliografia recomendada está sendo utilizada, para que sejam tomadas providências. “Por exemplo, se uma bibliografia está sendo muito utilizada, isso pode indicar a necessidade de compra de mais volumes, ou ainda a disponibilidade de um acervo virtual. Se não estiver sendo utilizada, também pode indicar que o material não está atualizado, o assunto não é pertinente ou mesmo o grau de complexidade do conteúdo não é condizente com aquele nível de ensino”.
Segundo a coordenadora de Bibliotecas do IFSC, Camila Koerich Burin, o novo instrumento de avaliação representa um desafio para os bibliotecários, que precisam trabalhar de forma integrada com os NDEs na criação de cursos e alterações de Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs), auxiliando na definição da bibliografia dos cursos.
Além disso, Coordenação de Bibliotecas está trabalhando na criação de um repositório institucional, com o intuito de dar mais visibilidade à produção acadêmica dos cursos. Um projeto piloto foi desenvolvido para o Cerfead, em parceria com a Diretoria de Tecnologia de Informação e Comunicação (DTIC). “Vimos as fragilidades do projeto e vamos aperfeiçoá-lo para ser implementado nos câmpus”, explica Camila.
Resolução regulamenta sistema de bibliotecas e fórum
Na abertura do segundo dia do evento, o pró-reitor de Ensino, Luiz Otávio Cabral, destacou o projeto de regulamentação do sistema de bibliotecas e do Fórum de Bibliotecas, recentemente aprovado pelo Colegiado de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), e que agora segue para apreciação do Conselho Superior (Consup). Segundo o pró-reitor, o regulamento é uma forma de institucionalizar o Fórum e demais ações das bibliotecas.
A coordenadora de bibliotecas, Camila Koerich Burin, explica que o projeto de regulamentação surgiu em 2014, assim como a realização do Fórum. O documento reúne práticas já institucionalizadas nas bibliotecas. Segundo Camila, a construção do documento representa “um amadurecimento e uma consolidação dos processos das bibliotecas, que já acontecem na prática”.
Encaminhamento pede manutenção de cargo de auxiliar de biblioteca
Durante o encontro foi defendido um encaminhamento à Setec solicitando que seja mantido o cargo de auxiliar de biblioteca nos institutos federais, bem como a contratação de novos profissionais, que foi suspensa pelo Decreto 9262/2018 da Setec.
Segundo Camila, o entendimento é de que o atendimento aos usuários nas bibliotecas será prejudicado caso o cargo seja extinto, pois os bibliotecários têm outras funções inerentes ao cargo e que vão além do atendimento ao público, como gestão de bibliotecas, entre outros. Atualmente, há 42 servidores concursados nessa função.
“Ler não dá sono. Dá sonhos”
Como despertar o interesse pela leitura, literatura e escrita? Que ações as equipes de biblioteca podem desenvolver nesse sentido? Para responder a estas perguntas, o 5º Fórum de Bibliotecas do IFSC trouxe, na manhã do segundo dia do evento, o bibliotecário Evandro Duarte, que falou sobre os projetos desenvolvidos por ele na Biblioteca Pública do Estado. “Leitura Dirigida na Mediação da Literatura” foi o tema da palestra.
Evandro fez várias indagações aos participantes, como quais os sentimentos e motivações positivas (prazer, descoberta, diversão, companhia na solidão, curiosidade) e negativas (angústia, preguiça, indiferença, aflição, raiva) despertados pelo ato de ler. Também falou sobre a dificuldade de ler em público e fez os participantes refletirem sobre seu primeiro contato com a leitura, na alfabetização.
“Ler não da sono, dá sonhos”, lembrou, ao contar sua trajetória como leitor e que o fez escolher a profissão de biblioteconomista. Também apresentou várias dicas, como utilizar o livro infantil não somente para crianças, mas também para adolescentes e adultos; não ter preconceito com os diversos tipos de obras; não obrigar a ler; criar atividades lúdicas e promover o diálogo sobre o texto.
Segundo Evandro, ideias simples podem trazer bons resultados, como criar uma mesa ou estante com livros temáticos, como mês da mulher, meio ambiente, consciência negra, entre outros, além de criar oficinas e realizar um atendimento diferenciado, onde o profissional possa entender as necessidades do usuário da biblioteca. “O desafio é cativar os alunos, e inclusive o professor, além da leitura técnica”, completa.
Câmpus São José colabora na construção do Fórum
A cada ano, o Fórum de Bibliotecas é realizado em um câmpus diferente. Em 2018, ele aconteceu no Câmpus São José. As bibliotecárias Khrisna Silva e Lígia Hesseln destacaram que foi muito enriquecedor para a equipe de três bibliotecários e quatro técnicos-administrativos participar da organização do evento. “Foi um desafio. Tivemos a preocupação com a qualidade da programação, de atender as demandas dos participantes”, destaca Khrisna. Segundo Lígia, a avaliação do evento no ano anterior serviu de base para a programação apresentada. As bibliotecárias destacaram, ainda, o apoio da gestão do Câmpus São José para a realização do Fórum.
Por Carla Algeri | Jornalista IFSC