Primeiro espectrômetro do IFSC permite análise precisa de metais e semimetais

18. abril 2018 | Escrito por | Categoria: Câmpus Jaraguá do Sul-Centro, Câmpus Jaraguá do Sul-Rau, Matérias

jar_espectrometro_1Como determinar a presença de metais nocivos na água? Qual a necessidade de complementos agrícolas que o solo de uma determinada região mais precisa? E será que existe mesmo prata ou ouro em cosméticos assim como afirmam algumas propagandas? Agora é possível que pesquisadores e estudantes do IFSC achem as respostas para perguntas como essas graças ao recém-adquirido Espectrômetro de Absorção Atômica. O equipamento já está instalado e permite a determinação e a quantificação da presença de 35 metais e semimetais em diversas amostras.

Segundo um dos professores responsáveis pelo manuseio e pela instalação do espectrômetro, Juliano Ramos, o novo equipamento representa um ganho significativo para os estudos desenvolvidos no câmpus. “Antes nós dependíamos de técnicas clássicas como as volumétricas ou gravimétricas para saber, por exemplo, se existia cálcio ou cádmio numa amostra. Mas o grande problema é que essas técnicas estavam muito sujeitas a interferências e poderiam gerar resultados questionáveis”, conta.

O novo equipamento permite, de acordo com o professor, melhoria na sensibilidade e na seletividade da análise. “Mais sensibilidade significa que eu posso, agora, detectar elementos que estão em pequena quantidade na amostra, enquanto a maior seletividade permite que eu não confunda a presença de elementos que são semelhantes ou possuem características parecidas”, explica.

O aumento na sensibilidade e na seletividade são importantes principalmente na investigação de amostras chamadas “reais”,ou seja, aquelas de que não se sabe a composição total. “Numa amostra produzida em laboratório eu tenho uma ideia mais precisa do que eu estou analisando. Mas no mundo real, num copo d’água, num punhado de terra, eu vou encontrar de tudo. Por isso é importante que o equipamento consiga fazer a determinação sem confundir um elemento químico com outro e também conseguindo detectar aquilo que está presente em baixa quantidade”, destaca.

Aplicações práticas

jar_espectrometro_3A análise da presença de metais e semimetais faz parte da determinação de diversas legislações, como por exemplo a de parâmetros ambientais. “Anteriormente, no nosso laboratório, a gente poderia se propor a investigar se existe um elemento numa amostra de água coletada num rio. Segundo as técnicas clássicas, poderíamos chegar à conclusão de que não havia um determinado metal na água, mas na verdade havia sim, só que numa quantidade tão pequena que não conseguimos identificar ou quantificar. Agora esse problema está resolvido ou melhor esclarecido, pois melhoramos nossa capacidade de identificação e quantificação”, afirma Juliano.

Na área da saúde, por exemplo, é possível analisar os componentes do sangue e da urina, para detectar casos de anemia ou se o organismo está absorvendo o cálcio ingerido dos alimentos. Também é possível analisar contaminação por mercúrio nas águas, que é um dos metais mais nocivos ao ser humano.

 

A análise das amostras no espectrômetro precisa, obrigatoriamente, ocorrer a partir de amostras que estejam no estado líquido. Porém é possível analisar quase qualquer material no equipamento, desde que ocorra um processo de preparação anterior. “Se eu quiser analisar uma chave, eu consigo. Posso colocar a minha chave num ataque ácido, então os metais presentes vão ser extraídos para o meio aquoso e eu poderei verificar do que é composta a minha chave. Ou seja, tem que ter um trabalho antes”, diz o professor.

Depois, o equipamento gera um vapor da amostra e esse vapor é aquecido a mais de dois mil graus Celsius, graças à queima de gases como óxido nitroso ou acetileno. É nesse momento, com uma alta temperatura, que a substância anlisada é quebrada e transformada em átomos, que então são analisados por meio do sistema presente no equipamento.

Atualmente o Espectrômetro de Absorção Atômica está restrito ao uso dos professores que utilizam os laboratórios de Química, pois a sala em que o equipamento está instalado ainda não está finalizada. Porém, no segundo semestre, grupos de estudantes e também instituições parceiras do IFSC poderão ter acesso ao equipamento, sempre com a supervisão e o acompanhamento de um professor da área.

Por Daniel Augustin Pereira/Jornalismo IFSC Jaraguá do Sul

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