Servidoras da Reitoria fazem reflexão sobre a saúde da trabalhadora em atividade promovida pela CISSP
8. março 2019 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Eventos, Gestão de Pessoas, Matérias, ReitoriaDados do Ministério da Saúde dão conta de que 60% das notificações de transtornos mentais relacionados ao trabalho no Brasil, entre 2007 e 2017, atingem as mulheres. Entre esses transtornos, destacam-se aqueles identificados como stress grave e transtornos de adaptação relacionados ao trabalho; episódios de depressão; transtorno de ansiedade; transtornos depressivos recorrentes; transtornos mentais; e problemas relacionados com a organização de seu modo de vida. As causas desse tipo de adoecimento e formas como as mulheres trabalhadoras e as próprias organizações podem atuar preventivamente foram discutidas na tarde de sexta-feira, Dia Internacional da Mulher, por servidoras da Reitoria na palestra ministrada pela psicóloga clínica Elisa Ferreira. A atividade foi promovida pela Comissão Interna de Saúde do Servidor Público (CISSP) da Reitoria para marcar a data.
Abordando de forma mais ampla o tema da violência no trabalho – que tanto pode se manifestar de formas mais explícitas, como é o caso do assédio moral ou sexual, quanto de formas sutis -, Elisa provocou a reflexão sobre a necessidade de um olhar sobre a dimensão subjetiva no trabalho. Em sua análise, a condição a que a mulher está submetida nesse ambiente em geral é invisibilizada e há, ainda, poucos estudos específicos a respeito desenvolvidos no Brasil. Sabe-se, contudo, que a relação profissional x familiar é fonte de tensão cotidiana que pode levar a quadros de doenças. “A maior parte dos casos de esgotamento e adoecimento tem a ver com a sobrecarga de trabalho das mulheres, em função das várias exigências que elas sofrem. Você tem que ser uma excelente profissional, uma ótima mãe, ótima esposa, estar sempre bonita e bem”, exemplifica.
Na análise da psicóloga, o trabalho é um ambiente onde as mulheres estão bastante suscetíveis a ataques subjetivos – como ter a fala desautorizada, sofrer assédio ou qualquer atitude que denote preconceito de gênero, por exemplo – pelo fato de que ali existem relações de poder estabelecidas. A maneira como o trabalho é organizado inclui, com raras exceções, estilos de gestão hierárquicos e os ambientes corporativos ainda são majoritariamente liderados por homens. “A vulnerabilidade está na confluência com o meio, quando não conseguimos nos diferenciar”, observa. Entre as alternativas para melhorar o ambiente organizacional, Elisa sugere que haja envolvimento das trabalhadoras no processo de organização do trabalho, com foco no bem-estar de todas e todos. Mas, pondera, essa estratégia deve ser construída de forma coletiva e interinstitucional.
Filme
Também para marcar o Dia Internacional da Mulher, a CISSP promoveu a projeção do filme “Malala”, ao meio-dia, no Auditório da Reitoria. O documentário conta a história da ativista paquistanesa Malala Yousafzai, hoje com 21 anos, que foi a pessoa mais jovem laureada com um Prêmio Nobel da Paz, em 2014, em função de sua atuação em prol do direito de todos à educação.
Por Ana Paula Lückman | Jornalista do IFSC